sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

FIM

Que deleite passar dias à beira mar saboreando o livro Fim, de Fernanda Torres. Que menina danada. Como ela consegue ser tão boa em tudo o que se propõe a fazer? Genética privilegiada, dirão uns. Talento natural, dirão outros. Eu diria que as duas alternativas estão corretas e acompanhadas de uma inteligência muito acima da média. A primeira vez que a vi em cena foi no Rei Lear de Sergio Britto, quando ela quase menina vivia Cordélia, ao lado de Yara Amaral e Ariclê Perez. Depois ela encantou a todos com sua atuação em Eu Sei que Vou te Amar, de Jabor, levando o premio de melhor atriz em Cannes. E nunca mais parou de atuar no cinema, no teatro e na televisão. Mas como ela arranjou tempo para escrever tão bem um livro tão bom de se ler? Fim é puro deleite. Pulsa do início ao fim. Fernanda é culta sem ser pretensiosa, pornográfica sem ser vulgar, dramática sem ser piegas, divertida e bem humorada sem ser apelativa. Ufa! Difícil ser tudo isso numa primeira obra, não? Pois Fernandinha cumpre com louvor o seu intento. E brinda o leitor com histórias que dão o que pensar. Ou lembrar. Ou desejar. O que mais se pode esperar de um romance quando se está lendo nas férias de verão à beira mar? Que ele demore para acabar, só isso. O que não acontece, pois ele tem só duzentas páginas e a vontade que se tem é de não parar de ler. Desejo sinceramente que Fim seja apenas um começo. No caso de Fernanda, mais um começo. Na foto, Nanda nas filmagens de A Casa de Areia, em uma paisagem que lembra muito a que me encontro lendo seu livro.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

LOUNGE

Nem tudo é deserto e praias intermináveis em Ilha Comprida. Há bares também. De longe em longe. Ou de lounge em lounge, para usar um termo bem em voga na ilha. Uns bem simpáticos e peculiares. Como o Pontinho Lounge, espécie de comunidade hippie que mistura grafitti, slackeline e música eletrônica. Com direito a DJ e uma cozinheira tansex. Para o meu gosto, a música eletrônica não combina muito com o ambiente marítmo mas, quem me conhece sabe, sou difícil de agradar. No bar ao lado, por exemplo, que é bem mais hippie e bem mais simples, estava tocando Novos Baianos que, para mim, é a glória em se tratando de música que combina com praia. Mas o mais incrível de tudo é que no Pontinho Lounge tem o quê? Tem wi-fi! Isso mesmo. Uma conexão com a rede no meio do nada. O dono me disse que à noite ele fica aberto até o último cliente, pois "moro aqui mesmo", ipsis litteris. Não é o máximo? Eu adoraria morar junto ao mar, numa praia quase deserta e com wi-fi. O que mais eu poderia querer? Gelo para os drinks, amor e mais nada. Na foto, os fundos grafitados do Pontinho Lounge que só me fazem crer, cada vez mais, que lounge é um lugar que não existe...

ILHA COMPRIDA

Se existe um lugar no planeta que faz juz ao nome que tem, esse lugar é Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo. Trata-se de uma extensa faixa de praia de mar aberto. De um lado, montanhas. Do outro, mar, areia e céu a perder de vista. Em frente, o infinito. Meu lado português - e eu certamente tenho um, já que sou um Albuquerque de Camargo - meu lado português tem ímpetos de singrar os mares em busca do desconhecido. Obviamente eu não faria isso e, se o fizesse, morreria de medo. Mas acho bonito dizer que tenho ímpetos de singrar os mares e etc. De longe em longe um carro estacionado, algumas cadeiras, um guarda-sol. Nada de som ligado em alto volume. Nada de crianças gritando. O vizinho mais próximo fica a pelo menos mil metros de distância. Adoro. Então trata-se do seguinte: Vir para a ilha munido de caixa térmica com muito gelo. Comidinhas beliscáveis, comíveis com a mão. Frutas idem. E força nos drinks. Pode parecer exagero, mentira ou delírio, mas é a mais pura verdade: À beira mar os drinks tem o melhor efeito que se possa imaginar. De preferência vinhos brancos, rosés ou espumantes. Sakê com frutas também recomendo. É o mais próximo que consigo chegar de uma praia deserta, o que atualmente é um dos meus maiores sonhos de consumo. De-ser-ta. Só para mim. E para quem eu quiser, evidentemente. Na foto, Weidy salta entre mar, céu, dunas & ondas.

sábado, 21 de dezembro de 2013

ZAZ

Parece uma sigla. Mas não é. Zaz é o nome artístico da cantora francesa que mais tenho ouvido nos últimos meses: Isabelle Geffroy. Quem me conhece ou segue o blog sabe que de tempos em tempos me apaixono perdidamente por um cantor ou cantora. Pois a minha mais recente descoberta é essa garota. Sim, ela é apenas uma garota de trinta e três anos e já canta muito. Como Amy Winehouse. Como Elis quando começou a cantar. Como Cassia Eller. Enfim, como muitas outras pelas quais já me apaixonei. O que mais me encanta em Zaz é o seu timbre, que lembra muito o de outra grande cantora francesa que admiro: Édith Piaf. E, assim como fez Piaf no começo da carreira, ela também canta nas ruas de Paris. Assim que vi postado no Facebook um video dela cantando em Montmartre, no qual fui marcado por minha amiga Lucia Nascimento, fui correndo atrás de seus álbuns e foi amor à primeira audição. Un coup de foudre, como se diz na língua dela. E desde então Zaz nunca mais parou de cantar aqui em casa, na estrada, na praia, em quartos de hotéis, onde quer que eu vá. Ela é daqueles fenômenos artísticos raros, que surgem de tempos em tempos e que, quando aparecem, parece que já conhecemos, que já cantava há muito tempo. Algo que, creio, tenha a ver com vidas passadas. Ou talvez seja justamente o contrário: Algo que vem trazendo o futuro. Não sei. Só sei que: Re-co-men-do! No post seguinte, assista ao video de Zaz nas ruas de Paris.

O VIDEO QUE ME ENCANTOU

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

I LOVE GRAFITTI

Já faz tempo publiquei aqui no blog um post chamado Grafittis, no qual eu contava da minha admiração por essa forma de arte. E não é de hoje. Pra começo de conversa, na foto de abertura do blog estou sentado sobre um trabalho do artista Nunca, no bairro da Liberdade. Eu já tinha álbum de grafittis no Orkut! E mesmo antes do surgimento dessas tais redes sociais, me lembro de ter comprado uma máquina fotográfica melhor do que a que eu tinha só para fotografar grafittis pelas ruas de São Paulo. Aliás, uma das coisas que sempre me fez amar essa cidade é a profusão de grafittis que a adornam. Ainda que ultimamente, mesmo com a crescente valorização do grafitti como arte nas ruas, galerias e museus do mundo inteiro, a prefeitura de São Paulo insista em apagá-los pintando as paredes onde foram feitos de cinza. Nada mais triste. Como na canção de Marisa Monte: Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza. Só ficou no muro tristeza e tinta fresca... Bom, para aqueles que ainda não se ligaram indico o filé mignon do grafitti de São Paulo: Osgêmeos, Nunca, Nina Pandolfo, Speto, Zezão, Binho Ribeiro, Titi Freak, Onesto, Minhau, Chivitz e Cranio. Pra começar. Quem sabe você não se encanta e descobre muitos outros? É só abrir os olhos e a cabeça e prestar bastante atenção. Agora, quanto à grafia da palavra, há dúvidas e controvérsias. Há quem prefira "graffiti", do original italiano, grafite, aportuguesado, ou ainda grafito. Eu optei por grafitti, com dois T, como foi usado por Caetano Veloso na canção homônima do álbum Velô, de 1984, que adoro. De toute façon, recomendo a apreciação dessas obras, se por mais não for, para aliviar o stress do dia a dia atribulado da grande metrópole. Profitez-en! Na foto, só para me exibir, grafitti que cliquei na Rue Mouffetard, em Paris, em julho deste ano.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

BODAS DE FLORES

Hoje meu blog está completando quatro anos de existência. São as nossas Bodas de Flores! Não é lindo? Na verdade, quatro anos de casamento podem ser chamados Bodas de Flores, Frutas ou Cera. Ãh? Cera? De jeito nenhum. Frutas eu até gosto e acho bonitas, mas prefiro tomá-las em drinks a comê-las. A menos que venham descascadas e picadinhas para que eu só tenha o trabalho de espetá-las com um palito para comer. Logo, escolhi Bodas De Flores, que amo. Desde sempre. Flores por todos os lados, como dizem os Titãs. As únicas que não suporto são as artificiais. Mesmo que os mesmos Titãs digam que as flores de plástico não morrem jamais. Nada como as flores do jardim da nossa casa, do Rei... Adoro ganhar flores, dar flores ou simplesmente comprar belas flores para colocar no vaso e alegrar a casa. Que bom que já se passaram quatro anos e continuamos aqui firmes, meu Blog e Eu. Que bom que nossas bodas sejam de flores, porque, como sabemos, nem tudo são flores... E que bom que Flor do Lacio seja ela, a nossa língua portuguesa inculta e ainda assim bela, que tanto prezo e procuro humildemente honrar aqui nas minhas mal traçadas linhas. O dia do nascimento do blog é hoje mas, na verdade, os festejos comemorativos já começaram no início do mês, junto ao mar de Camburi, uma das minhas praias preferidas. Lá passei agradáveis dias cercado de muita natureza e, consequentemente, flores. As mais belas flores selvagens... Tão intensamente coloridas que me encheram os olhos e o coração de alegria. Muitas flores para quem estiver lendo é o meu desejo. E obrigado a cada uma das cento e oitenta e duas flores que aqui me seguem...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

DERNIER JOUR

Minha despedida de Camburi acontece em altíssimo estilo, com um deslumbrante dia de sol e céu muito azul, sem uma nuvem sequer. Fiquei sentado à sombra de um pequena árvore, com uma trilha sonora especialmente escolhida para a ocasião. Songs from the Last Century, de George Michael, que adoro, Ella Fitzgerald ever, mais Corine Bailey Rae e Jimmy Scott. E a minha nova Amy, a petite fille française Zaz. Tudo isso acompanhado do drink no qual me viciei verões passados aqui em Camburi: Caipirinha de saquê com lima da pérsia. Ah! Curiosamente hoje, início de semana, esse drink voltou a custar os antigos catorze reais que comentei aqui no blog, no post Reflexões à Beira Mar. Houve uma deflação! Adorei... A praia está tranquila e até o mar, que andou revolto no fim de semana, acalmou. A galera que foi entrando sem óleo nem creme no sábado e no domingo já subiu a serra. Ficaram poucos e bons... E assim vou encerrando minha petite saison sur la plage. Esperando poder voltar o mais breve possível! Na foto, meu Mágico de Oz dando uma de salva-vidas.

PATIO CAMBURI

Esse é o nome do lugar onde estou hospedado aqui em Camburi. Fica atrás do shoping do centrinho da cidade. Uma escada dá acesso aos pequenos flats, com dois quartos, uma sala/cozinha e banheiro. Bem simples e despojado, mas muito bacana. Há uma área coletiva com piscina, sauna e sala de jogos. A piscina tem um tamanho bom, pude dar minhas braçadas. O responsável pelo aluguel dos flats é o Pedro, que conheci quando minha amiga Katia Paes morava aqui e eles eram namorados. Assim, tive o privilégio de pagar um preço especial bem em conta. Reencontrei o Galedj, um franco-marroquino que havia conhecido da última vez que estive aqui. De modo que pude aproveitar minha estada para praticar la langue française, o que é bem raro de me acontecer em terras brasileiras. Galedj está indo morar no Rio de Janeiro, numa cobertura de frente para o mar de Ipanema. Isso sim é para quem pode... Meu vizinho de porta no flat é o ator Paulo Castelli. Me contou que já não trabalha mais como ator há anos e que agora atua como psicólogo. Certo ele. Quem me dera ter assim, uma carreira B na manga... Hoje o Pedro me levou na sua motocicleta até Boiçucanga, cidade vizinha, pois eu precisava ir ao banco e, pasmem, aqui no Camburizinho não há um só caixa eletrônico! Nem banco vinte e quatro horas. Aproveitei para comprar a passagem de volta para São Paulo. Mas nem quero falar nisso agora. Meu desejo é ficar, ficar, ficar... Ir ficando até enjoar. O que acho que demoraria bastante para acontecer. Hoje está fazendo o dia mais lindamente ensolarado desde que cheguei. Parece que Camburi faz isso de propósito, como a me dizer: Fique! Ne me quittes pas... Na foto, a incrível combinação de azul e verde.

domingo, 8 de dezembro de 2013

REFLEXÕES À BEIRA MAR

Me pergunto muitas coisas nesses que já começam a ser meus últimos momentos à beira mar. Amanhã devo voltar para São Paulo e isso faz de mim um questionador das minhas próprias escolhas e atitudes. Porque São Paulo? Porque a grande cidade e não o sossego de uma pequena praia? Porque concreto, trânsito, poluição, filas, barulho ao invés de silêncio, ar puro e o infinito ao meu redor? Preciso dizer que são acompanhadas de música essas minhas reflexões à beira mar. No fone de ouvidos, bien sur. Que não sou de ficar invadindo o espaço sonoro alheio. E música boa. No momento, Corine Bailey Rae. Eu sou uma pessoa que procura estar sempre atualizada em relação aos avanços da tecnologia. Mas, cá entre nós, digitar textos em um teclado virtual é um saco. Principalmente para quem costumava datilografar rápido, como era o meu caso. Abafa. O caso, no caso. Já provei vários sabores do picolé Rochinha e o de milho verde continua sendo o meu favorito. Cada vez que peço um diferente para experimentar acabo me arrependendo e pensando: Deveria ter pedido o de milho... Lembro de outros tempos, não muito distantes, em que a caipirinha de saquê custava catorze reais e você acabava ganhando duas, pois eles davam um segundo copo quase cheio, que era o chorinho. Agora custa dezoito reais sem choro nem vela... Gosto de praia fora de temporada e de preferência em dias de semana. O que agora não é absolutamente o caso, pois trata-se de um fim de semana do mês de dezembro. Nem preciso dizer que no sábado e no domingo a praia foi invadida. Pior pra mim. Ou, como dizem os franceses, tant pis pour moi... E chega de tanta reflexão. Melhor, agora, fazer umas flexões. Para baixar a pança...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

BARLAVENTO

Um dos lugares onde mais gosto de estar no mundo é o Pura Bar na praia do Camburizinho. Minha paixão é tamanha que ele já mereceu post especial aqui. É só digitar Pura Bar na pesquisa do blog que ele aparece. Agora ele trocou de nome e está funcionando sob nova direção. Chama-se Barlavento. A música continua de boa qualidade, desde que cheguei estão tocando antigos sambas de Cartola e de Noel na voz dos próprios mais Araci de Almeida. Suponho. Ontem houve uma grande tempestade de vento que levou embora os cardápios e o famoso guarda-sol que indicava ao público que o bar estava aberto. Portanto só eu desfruto hoje dessa beleza. Os novos proprietários são jovens e simpáticos. Encontrei-os lá embaixo na praia à procura do guarda-sol e me disseram que estava aberto. Me contaram também que faz mais ou menos um mês que teve início a sua gestão. Fiquei me perguntando o porquê da finitude das coisas. Da sua transitoriedade. Adoraria que tudo estivesse como era antes, o antigo proprietário, Marcelo, tocando seus discos de vinil, jazz, bossa, MPB. Como quando vou a Paris, mesmo ficando mais de dez anos sem ir, e encontro meus velhos bares todos lá, recebendo boêmios e flaneurs em busca de sabe lá que tipo de lenitivo para suas dores ou de que prazeres para suas alegrias. Imediatamente após esse lampejo de apego ao que já se foi me dou conta de que a fila anda e o importante nessa vida é a gente treinar o desapego em todas as áreas. Até mesmo nos lugares que nos recebem para beber. Os antigos sambas de Cartola e de Noel daram lugar a Daftpunk. E quer saber? Achei bem bão. Faço então um brinde ao novo estabelecimento: Longa vida ao Barlavento!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

SAUDADE DE MIM

Eu andava sentindo saudades. Saudades de mim. Da minha companhia. De estar a sós comigo. De prestar atenção em mim. De saber como estou me sentindo de fato. Como estou por dentro. Sem as constantes influências e estímulos exteriores. Quando é mesmo que a gente consegue fazer isso? Quase nunca, atribulados que estamos pelo dia a dia que nos impomos. E que nos absorve. Alguns talvez jamais o tenham feito. E portanto nem saibam do que estou tentando falar. Tenho pena de quem se isola de si. Dos que não privam da própria companhia. É uma das melhores coisas da vida. Em alguns momentos chega mesmo a ser a melhor. Não sei por onde eu andava que há tanto tempo não me via. Não me encontrava. De repente me vi sozinho. Sem ninguém. Sem nada. Mas ainda assim insistia em permanecer acompanhado. De coisas e pessoas que sequer estavam comigo. Parei. Respirei. Me dei conta de que não precisava pensar em mais nada. Em ninguém. Coisa alguma. A moça que ficou refém dos assaltantes. O corpo do homem que foi encontrado nos escombros do prédio que desabou. Os pedófilos que foram presos. Na-da. O dia era meu. A noite que viria mais tarde também seria só minha. E os próximos dias também. Uau. Que sensação. Demora, a gente se apega às pessoas e aos fatos. Mas quem falou que a gente é obrigado? Me vi completamente sozinho e de frente pro mar. Sempre ele, o mar. A me confrontar. Me jogar na cara o que sou. Quem eu sou. E a me fazer querer sempre mudar. Viu? É por isso que ele sempre acaba me chamando pra si. Aqui estou. De frente para o mar de Camburi. Agora me resta lidar com isto! Ainda bem que na cabeceira tenho Clarice Lispector...

sábado, 30 de novembro de 2013

NOVEMBRO EXPRESS

Chuva fina sobre a cidade de São Paulo na manhã do último sábado de novembro. Do último dia de novembro que por acaso é sábado. Costumava ser my favorite day. No bairro da Liberdade, calçadas repletas de guarda-chuvas que se entrelaçam. Enroscam uns nos outros. Cada dia maiores, os guarda-chuvas. Calçadas cada dia menores. Porcelanas japonesas e chinesas. Louças de todas as cores e formatos. Lanternas. Massagens. Bom para dor de cabeça, coluna, stress. Insônia. O ovo Fabergé que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era louco e se internou. Só atravesso no verde. Metro lotado. Como assim, no sábado? Cortes de cabelo, tinturas. Penteados. Corta para a Rua Augusta. Restaurante a quilo: Senhores clientes, estamos abrindo aos sábados, das 12 às 15h. Minha esperança de encontrar sapato masculino número trinta e sete é a Casa Toddy. Nem lá. Copenhagen: Panettone de Língua de Gato só tem no tamanho grande, de 1kg. Como assim, dia 30? Não tem 31? O mês de novembro passou depressa demais. Fiz coisas demais, vi coisas demais. Viagens pelo interior com Brecht & Weill. Em Lorena eu surpreendi! Filmes e peças na capital. Brindes e comemorações. Como assim? Já passou? E nada fica, nada ficará? I am Divine. São Paulo em Hi-Fi. Tatuagem. Blue Jasmine. Os Belos Dias. Storynhas da Rita Lee. Canções Fatais. Cida Moreira e João Leopoldo. Trair & Coçar é Só Começar! Passe, passe, passera. La dernière restera. Assim: Num Zaz! Corta para Alameda Franca. Página em branco do blog em frente à janela que dá para a Haddock Lobo. Não vão lançar mais nada do Caio Fernando Abreu? Saudade daquela melancolia. Bienvenue dans ma réalité...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

UM BONDE CHAMADO BLUE JASMINE

Blanche du Bois à beira de um ataque de nervos. Assim é a Jasmine de Cate Blanchett no novo filme de Woody Allen. Em algum universo possível entre Elia Kazan e Pedro Almodovar. Cuja base, évidemment, é Tennessee Williams, dramaturgo americano premiado com o Pulitzer por Um Bonde Chamado Desejo e Gata em Teto de Zinco Quente. (Os que tem menos de trinta anos, vale dar um Google). This is Jasmine: Dependendo da bondade de estranhos em pit stop na casa da irmã com direito a namorado grosseirão à la Stanley Kowalski. Em pleno colapso nervoso regado a vodka e barbitúricos. Prato cheio para uma grande atriz e armadilha fácil para jogar qualquer outra, nem tão grande, no universo dos clichês. Cate tira de letra. Arrasa. Dá show. É assim que se faz. E não me venham mais falar do Félix de Mateus Solano, ok? A dica desse fim de primavera quase verão é mergulhar no escuro do cinema e se deixar levar pelo drama de Jeanette. Digo, Jasmine. Porque as primeiras classes de hoje não são mais como as de antigamente. Porque ao som de Louis Armstrong é melhor. Porque tomando um martíni é mais fácil. Porque silêncio é fundamental. Enfim, porque ninguém é obrigado... Na foto, Cate Blanchett mergulhada no drama de Jasmine

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

LITA REE

Minha paixão per ela é antiga. Vem desde os meus doze anos de idade, quando enlouqueci com o LP Fruto Proibido, que trazia entre suas faixas aquele que seria o hino de todos os desajustados: Ovelha Negra. Desde então sou louco por Rita Lee. Na década de oitenta, por exemplo, não havia nada melhor do que não fazer nada só pra deitar e rolar ouvindo suas canções. Eu sou daqueles que morreram de ciúmes quando ela casou com Roberto de Carvalho. E agora, quase quarenta anos depois, ela reacende a chama dessa paixão com suas Storynhas ilustradas por Laerte. Uma maneira divertida e inteligente de entrar um pouco que seja em contato com o universo fascinante que é a cabeça de Rita Lee. Ou Lita Ree, como ela se refere a si própria nas storynhas. Rita é um liquidificador de tendências, um mixer de referências, um processador de idéias, imagens e estilos. Nada mais original e autêntico, filha que é da Pauliceia Tropicalista. O livro é curto, as storynhas idem. Estou lendo petit à petit, economizando, prolongando ao máximo o prazer dessa aventura. Preciso dizer que esse pequeno tesouro me foi presenteado por minha amiga Agnes Zuliani, a quem serei eternamente grato. Quem por ventura me ler, por favor, não deixe de ler a Lita. Digo, Rita. Encerro citando a própria, que já no prefácio encanta deveras o leitor ao avisar: "Meu estilo é mongo-ginasiano. Sou mediante, adepta de acêntos, hí-fens e trëmas. A nova ortografia ñ me representa. Qdo a ditadura é um fato, a resistência é um dever". E por aí vai... Na foto, Rita e Laerte embalam e babam, digo, embabam o baby book.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CORRUPÇÃO

Com os últimos acontecimentos que tem aquecido as discussões no nosso país, desde a ida dos jovens às ruas para protestar até as mais recentes prisões dos réus do mensalão, a palavra corrupção voltou à voga. Acho que não era tão pronunciada assim desde o impeachment do Collor e seu envolvimento com PC Farias. É tanto, que ela se desgastou. Virou uma espécie de abstração contra a qual todos bradam e por cujo fim todos clamam. Acho válido. E antes que me enquadrem nesse ou naquele lado, deixo claro que meu post não é político. É, antes, meramente filosófico. Uma tentativa de reflexão sobre um conceito. Todas as manifestações contra a corrupção e a favor da sua punição são válidas. A gente só não pode esquecer que a corrupção não tem partido político: É comum a todos eles. Não é nem ao menos privilégio da direita ou da esquerda. Aliás, esses também são dois conceitos que precisam de reflexão. A corrupção não é exclusividade das elites, tampouco. Ela está presente em todos os segmentos da sociedade. Dos altos escalões da indústria e do comércio até o armazém da esquina. Dos grandes especuladores ao flanelinha que estorque dinheiro de quem só quer deixar o carro estacionado na rua. Que, por sinal, é de todos. No próprio meio artístico, ao qual pertenço, não se enganem, ela também se faz presente. Em lugares onde muitos acreditam estar a salvação, como a igreja, lá também ela está. Muitas vezes ela está dentro da nossa casa, bem na frente do nosso nariz. Os tempos estão bicudos, eu sei. E o desejo do olho por olho, da justiça com as próprias mãos ou até o simples jogar pedras, aflora com maior facilidade, antes mesmo que a gente consiga parar para refletir. Não podemos esquecer que a corrupção também aquece o mercado, vende revistas e periódicos, faz índices de audiência dispararem. Mas é sempre bom rever posturas antes de fazer alarde. De nada adianta gritar fora corruptos e sonegar impostos. Falar mal de políticos e ser inadimplente com o condomínio. Pintar a cara e sair para protestar sem cumprimentar o porteiro. Criticar a má distribuição de renda do país e pagar mal os empregados. Vamos sim acabar com a corrupção e punir todos os corruptos. Começando por nós mesmos, nossa família, nossa casa, nossos amigos, nosso trabalho, até que alcancemos nossa cidade, estado, país, continente, planeta, universo... Na foto, Chico Anysio encarna Justo Veríssimo no traço de Aroeira.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

IMBECIS QUE LEEM

Dia desses, insone em um quarto de hotel após uma apresentação do Cabarecht, fiquei procurando o que assistir na TV quando tombei sobre o documentário O Filho do Holocausto, sobre o já mitológico Jorge Mautner. Em uma das cenas, sua filha Amora conta que seu pai teria dito a ela quando era pequena: "Os homens se dividem basicamente em dois tipos: Os imbecis que leem e os imbecis que não leem. Eu espero que você seja uma imbecil que leia". E estabeleceu preços para vários clássicos da literatura que sua filha viesse a ler. Assim, Amora ganhou muito dinheiro e leu muitos livros na sua adolescência. E hoje é grata ao pai pela experiência. Eu sou um imbecil que lê. E quer saber? Para o meu gosto, acho que leio pouquíssimo. Gostaria de ler pelo menos o dobro do que leio para me considerar um imbecil digno de nota. E isso que o pouco que leio já é muito comparado ao que lê grande parte dos brasileiros. A julgar pela maneira grosseira com que agridem nossos ouvidos quando falam e o modo constrangedor com que se expressam por escrito na internet. Nem todo mundo tem um pai como Jorge Mautner, eu sei. Eu também não tive. Mas os livros estão aí, ao alcance de todos. Bem mais acessíveis do que carro importado, roupa de grife, tablets, iphones e toda essa tralha considerada indispensável por todos nós, os imbecis que leem e os que não leem também. Fica a dica. Na foto, o incrível Mautner ainda jovem e belo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

DESBRAVANDO O INTERIOR

Estou de volta à estrada com o espetáculo Cabarecht, na agradável companhia de Cida Moreira, Humberto Vieira e Antonio Carlos Brunet. Junto conosco viajam também nosso produtor Geondes Antonio, o técnico de som João Blumenschein e o motorista, seu Irineu. Nosso espetáculo está integrando a programação do Circuito Cultural Paulista, da Secretaria Estadual de Cultura, cuja circulação começou no mês passado pela cidade de São João da Boa Vista, como contei aqui no blog, em post que leva o nome da cidade no título. Saímos de São Paulo na sexta-feira pela manhã para nos apresentarmos à noite na cidade de Valparaíso. Fomos muito bem recebidos por todos, equipe do teatro, da secretaria de cultura e pelo público que lotou o Espaço Cultural Maria Dirce de Carvalho D'Ávila e vibrou com o melhor de Brecht e Weill. No sábado seguimos para Andradina, cujo Centro Cultural Pioneiros de Andradina fica em uma antiga estação de trem desativada. Apesar do lamentável estado de abandono em que se encontra, fizemos um espetáculo maravilhosamente adequado à decadência do lugar. Tudo foi incorporado ao nosso cabaret, inclusive o calor insupotável que nos obrigou a deixar as portas abertas. Nosso diretor e iluminador Humberto fez milagres na mesa de luz que, de tão ínfima, parecia um tablet... No domingo a "Caravana Holiday" seguiu animada para Presidente Epitácio, cidade que fica na fronteira do estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul. O Anfiteatro Municipal João Brilhante fica no Parque da Orla. Do outro lado da rua fica o Rio Paraná. Do outro lado do rio, o Mato Grosso do Sul. Mais uma vez fomos agraciados com uma plateia calorosamente receptiva, teatro lotado e a sensação do dever cumprido com o máximo de satisfação. Eu, que já andava sedento de estrada, de rodar com um espetáculo, me senti plenamente satisfeito nesse fim de semana que já entrou para a história da minha carreira... Isso tudo sem falar nas pessoas: Verdadeiros personagens que vamos encontrando pelo caminho e que passam a fazer parte da nossa história com suas lembranças... Semana que vem tem mais: vamos levar nosso Cabarecht até as cidades de Lorena e Limeira. E, na metade de novembro, encerraremos a turnê com apresentações em Lins e Santa Cruz do Rio Pardo. Como dá para perceber, ainda temos muita estrada pela frente. O que me faz imensamente feliz. Na foto, minha sombra nos bastidores do teatro de Andradina.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

UTE LEMPER

Fiquei muitos anos esperando a oportunidade de ver Ute Lemper cantar. Tudo começou nos anos oitenta, quando meu amigo Eduardo Serrano meu deu de presente uma fita k7 gravada com canções dela. Fiquei fã dessa cantora alemã e, durante anos, tudo o que conhecia dela era o que estava registrado nesse k7. Nos noventa, quando já morava em São Paulo, tentei assistir a uma apresentação dela no Teatro Cultura Artística mas, como os ingressos de preços mais acessíveis já estavam esgotados, e eu na época bastante duro, não consegui. Anos depois, quase pude assisti-la na Sala São Paulo, mas também não deu. Há poucos anos, ela viria se apresentar no Via Funchal. Eu, que já estava com o ingresso adquirido, vi meu sonho ser mais uma vez adiado quando, no dia da apresentação, o show foi cancelado. Ontem, finalmente, tive meu sonho realizado. Aqui mesmo, na Sala São Paulo. Ute Lemper se apresentou na série TUCCA de concertos, uma iniciativa da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer. Depois de um primeiro ato com poemas de Pablo Neruda musicados pela própria Ute e um rápido intervalo, veio a melhor parte: Um segundo ato no melhor estilo cabaret, com direito a Lili Marlene, Kurt Weill e Jacques Brel. Vestida de preto, com chapéu coco e boá vermelho, Ute nos brindou com o seu melhor: Da música tema do musical Cabaret ao Moritat de Mackie Messer. E, para encerrar com chave de ouro, o infalível bis: Ne Me Quittes Pas, acompanhada de piano e bandoneon. A Sala São Paulo veio abaixo. E eu fui embora finalmente realizado. Na foto, a diva e seus músicos agradecem.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

LA FIGUEIRA

Fui passar o fim de semana em Piracaia, um paraíso de silêncio e ar puro a pouco mais de uma hora de São Paulo. Weidy e eu fomos visitar nossos amigos Rodrigo e Thomas, que construíram uma espécie de retiro/spa de purificação da alma no alto das montanhas, de frente para uma gigantesca figueira que dá nome à propriedade. Essa foi a minha segunda vez nesse lugar de sonho, onde abunda um dos meus maiores tesouros: Silêncio. Essa raridade nos dias de hoje, esse artigo de luxo tão difícil de se encontrar, principalmente em cidades como São Paulo. Quando digo, ninguém acredita: Em Piracaia a gente consegue ouvir o silêncio. E creiam, essa é uma das melhores coisas que se pode escutar. Rimos muito, conversamos, cozinhamos, bebemos, nos divertimos e, para encerrar com chave de ouro o fim de semana, Rodrigo nos brindou com sua performance Ma Ma Ma, uma coreografia que fez em cima da música Ma Baker, do grupo Boney M. Alguém se lembra? Inesquecível. Quem quiser saber mais sobre La Figueira, é só acessar a página no Facebook. Você pode fazer retiros para dinâmicas de grupo, contemplação da natureza, ou mesmo ir sozinho para meditar, se purificar, se isolar para criar. Tudo isso na companhia de macacos, tucanos, andorinhas e silenciosas araucárias... Na foto, Rodrigo apresenta seu Ma Ma Ma à beira da piscina.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PROTESTO!

Todo mundo está protestando por tudo. Quase todos os dias, em quase todo o Brasil. Pois bem, eu também vou fazer o meu protesto. Não nas ruas, arriscando levar um tiro de bala de borracha ou spray de pimenta na cara. Também não quero correr o risco de ter baderneiros infiltrados no meu protesto aproveitando para depredar e saquear o patrimônio público e privado. Meu protesto é silencioso e por escrito. Aqui mesmo, via blog. Meu protesto é contra o mau uso da Língua Portuguesa. Mau mesmo, com u. Não mal uso, como andam escrevendo. E não apenas no mundo virtual, onde ela é diária e ininterruptamente massacrada. Mas também no mundo real, onde essa prática infeliz fere diariamente os nossos ouvidos. Meu protesto é contra o abandono dos acentos. É contra a mutilação do infinitivo dos verbos. Casar, por exemplo, virou casa. Comprar, virou compra. Até mesmo foder, que era tão bom, virou fude. Outro dia li, pixado em um muro: Fora Geraldo, vai se fude! Ora, ele não vai mesmo. Nem ao menos se foder ele vai. Tsc, tsc... Meu protesto é pelo uso correto da crase e da vírgula. Pelo resgate dos plurais perdidos. É contra a troca do U pelo L. Acreditam que dia desses li no Facebook (sempre ele) Avenida Rebolsas??? Não dá mais. Meus olhos doem. Até "ual" no lugar de uau eu já li. Já fui convocado para um "beijasso", ó dor! Isso sem falar na Betty Faria, que todas a noites na reprise de Água Viva transforma colégio em "culéjo" e comércio em "cumércio". E os apresentadores do Video Show, que transformaram os custos em "cuixtosh" e mostram os baixtidoresh da TV... Mas isso é questão de sotaque e eu não seria assim tão intransigente... Não estão dizendo que o gigante acordou? Pois bem, o baixinho aqui também acordou. E está praticamente impossível voltar a dormir com tamanhas afrontas. Sem mais para o momento, cordialmente me despeço. E tenho dito! Na foto, meus patinhos se manifestam.

sábado, 5 de outubro de 2013

TRINTA ANOS AMANHÃ

Minha primeira sobrinha, Viviane, completa trinta anos amanhã. O que faz de mim um senil senhor tiozinho de cinquenta anos de idade. Um cinquentão, como se dizia antigamente. Quase não acredito quando paro para pensar que trinta anos já se passaram desde que ela nasceu. Graças à Vivi eu tive a oportunidade de assistir a filmes e a espetáculos infantis que sem ela talvez não tivesse assistido. Como por exemplo, Super Xuxa contra o Baixo Astral, de Tizuka Yamasaki, que tinha no elenco a saudosa Henriqueta Brieba no papel de uma tartaruga. Inesquecível, também, o vilão Baixo Astral, vivido por Guilherme Karan. Eu tinha uma vespa e ela ia em pé na minha frente. Coisa mais bonitinha. E sem noção! Imagine uma criança em pé numa vespa sem capacete... Mas antigamente era assim mesmo. Não tinha essas frescuras de capacete, cinto de segurança, protetor solar e etc. Estou em Porto Alegre para uma bateria de dentistas, médicos, exames e raios X. A mesma Porto Alegre que então era o cenário das nossas aventuras de vespa. E eu, um jovem tio de vinte anos que quase nunca consultava médicos nem tampouco fazia exames... É emocionante constatar a passagem do tempo transformando as crianças em adultos e nós, adultos, em jovens senhores cheios de charme. E modéstia. Na boa... Lembro bem do meu aniversário de trinta anos. Fiz uma festa na creperia de uns amigos, que fecharam a casa para mim. Muitos dos que estavam presentes naquela festa já se foram. Inclusive meus pais. E as crianças da época agora começam a chegar aos trinta. Bem vindos aos trinta e a todas as idades que vem depois! Que, apesar de não serem as melhores, como agora insistem em chamar, tem lá os seus encantos... Ah! E Feliz Aniversário, Vivi! Na foto, a Vivi pequeninha me visitando em São paulo, na rua Rego Freitas, quando eu fazia temporada do espetáculo Império da Cobiça no Sesc Anchieta. Ao fundo, a Igreja da Consolação.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ESTELLA SIMPSON

Como não amar Estella Simpson? Melhor, como ir para a cama sem ela? Desde que começou a reprise de Água Viva, de Gilberto Braga, no Canal Viva, que minhas noites não terminam sem o glamour dessa novela. E, claro, da inesquecível personagem de Tonia Carrero que dá título ao post. Tonia estava no auge da beleza. Bela e cômica. Puro carisma. Inimitável. E o que dizer do apartamento de Estella Simpson? Eu lembrava de cada detalhe da decoração, a começar pelas incríveis portas redondas contornadas de dourado. Só o salão de beleza de Kiki Blanch, em Locomotivas, me causou tamanho impacto... Gilberto Braga também estava fazendo falta. Adoro suas novelas. Seus personagens cheios de dubiedades, idiossincrasias, nunca maniqueístas como comumente se vê em teledramaturgia. E as trilhas sonoras que marcavam época. Que, de tão sofisticadas, parecem ser feitas pelo próprio dramaturgo. Um verdadeiro artigo de luxo em tempos de piri-pi-piri-piradinha... Betty Faria, uma deusa. Fabio Júnior, um Fiuk. Tetê Medina, a personificação da elegância. E os longos takes em close de Ângela Leal chorando? Ah, outros tempos. Tempo mesmo, de duração das cenas. Hoje é tudo tão rápido e fragmentado. Isso tudo sem falar na abertura, com Baby ainda Consuelo, entoando os versos de Caetano Veloso para Menino do Rio. Luxo só. Deus conserve Tonia Carrero e imortalize sua beleza e talento.

sábado, 28 de setembro de 2013

ENQUANTO O FEIJÃO COZINHA

Hoje resolvi fazer feijão para o almoço. Deixei-o de molho desde ontem à noite. Enquanto o feijão cozinha, me sento para ler e acabo por escrever. Estou devorando a biografia de Alexandre Frota, Identidade Frota - A Estrela e a Escuridão. Frota sempre foi um ícone pop para mim. Acompanhei sua carreira desde o início. Ele, que nasceu no mesmo ano que eu, estava fazendo aos vinte anos o que eu queria fazer e ainda não tinha coragem: Teatro, cinema, televisão, sucesso. Isso tudo sendo uma referência de masculinidade e vigor físico. O que eu queria ser e não era... O tempo passou, eu criei coragem e fiz minha carreira à minha maneira. Ele, à maneira dele. Até que um dia viemos a contracenar no palco da Terça Insana. Eu adorei conhecer pessoalmente essa figura tão controversa. E quer saber? De perto ele é um amor... Generoso e sem nenhum pudor de se autodepreciar em cena. Um verdadeiro comediante. A leitura do livro está me fazendo ver que nem sempre as coisas aconteceram da maneira que ele esperava que acontecessem. O que é muito difícil para quem, como ele, alcança o sucesso em tão tenra idade e, como ele próprio afirma, completamente despreparado e sem ninguém que o pudesse orientar. Essas trajetórias de pessoas que se fazem sozinhas, movidas por uma determinação inabalável, sempre me encantaram. E, enquanto o feijão cozinha, me dou conta de que essa determinação inabalável foi o que sempre me faltou. Eu até que tenho determinação. Mas ela é completamente abalável... Preciso abrir a panela de pressão que borbulha na minha cabeça. No sentido literal, evidentemente. E temperar o feijão. No sentido figurado... Nas fotos, três momentos do Bad Boy: No auge da juventude e beleza, dividindo a cena comigo e autografando Identidade Frota.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

SÃO JOÃO DA BOA VISTA

Nessa última sexta-feira, dia 20 de setembro, tive a honra de participar da trigésima sétima edição da Semana Guiomar Novaes, no belíssimo e incrivelmente bem conservado Teatro Municipal de São João da Boa Vista, uma encantadora cidade do interior de São Paulo, que até então não havia tido o prazer de conhecer. Seu teatro foi inaugurado no ano de 1914! Foi uma emocionante apresentação do espetáculo Cabarecht, que venho tendo o prazer de fazer ao lado dos queridos e talentosíssimos Cida Moreira, Humberto Vieira e Antonio Carlos Brunet. Há muito tempo não me emocionava tanto em cena como nessa apresentação. A ponto de chorar na hora do agradecimento. Sou muito grato a esses colegas e aos deuses do teatro por poder fazer parte desse belo e requintado espetáculo. São João da Boa Vista foi a primeira de uma série de nove cidades que iremos percorrer no interior do estado. Darei notícias aqui... No sábado, já de volta à capital, fui conferir o espetáculo da minha amiga Agnes Zuliani, Funny, um interessante cabaré/documentário sobre três representantes do humor feminino judaico: Fanny Brice, Gilda Radner e Fran Lebowitz. Como bem definiu Agnes, o espetáculo é um cabarário, um novo formato muito bem implantado por ela. Deliciosamente bem humorado, corrosivo e muitíssimo bem executado por todos os intérpretes, com destaque para a própria Agnes em si, que está cantando muito bem, além de arrasar como a excelente atriz que é. No domingo foi a vez de conferir o Covil da Beleza, peça de autoria de Eduardo Ruiz, de quem tenho o orgulho de ser amigo. Edu escreve cada vez melhor. Uma espécie de Oscar Wilde da Pauliceia. Vale a pena prestigiar esse promissor dramaturgo contemporãneo. Uma pena que seu texto é, na maior parte do tempo, desperdiçado na boca de atores que parecem não saber o que estão dizendo... O que fazer, nada é perfeito! E boa semana para todos... Na foto, o Teatro Municipal ao fundo, visto da Praça da Igreja.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A MORTE, ESSA VILÃ

Passei os últimos dias na companhia de adolescentes terminais, cujas vidas estavam condenadas pelo câncer. Felizmente, na ficção. É que acabo de terminar a leitura de A Culpa é das Estrelas, de John Green, livro que me foi dado de presente por meu amigo Odilon Henriques. Após um curto período de resistência à leitura, entreguei-me a essa belíssima história de amor e morte dos jovens Hazel Grace e Augustus Waters. Eu tenho verdadeiro pavor de lidar com esse tabu. Sim, a morte, para mim, é um tabu. Não tenho a sabedoria nem a fé necessárias para encará-la como uma coisa normal, malgrado a sua iminência. Eu sei que, um dia, ela virá. Então deixa ela lá, no dia dela, e espero que falte muito tempo ainda. Não me conformo quando ela leva prematuramente pessoas incríveis, que ainda estavam no auge, como minha querida Sandra Güez e meu inesquecível amigo Marcelo Pezzi. Isso sem falar nos nossos ídolos, como Elis Regina, Cássia Eller e Amy Winehouse. Mesmo quando nos tira os mais velhos, como nossos pais e avós, a dor da perda é algo que marca profundamente a nova vida que seguimos sem nossos entes queridos. Eu não quero viver muito, tipo ficar velhinho, tendo dificuldades para fazer as coisas sozinho e dependendo dos outros. E também não tenho a menor vontade de viver muitos anos me privando das coisas que me dão prazer. Prefiro viver menos tempo tendo prazeres diários do que ter uma longa vida de privações. Como Hazel e Gus tomando champanhe no restaurante em Amsterdã. Aquele poderia ser o seu último momento juntos. Mas era, sem dúvida, o melhor. Citando a própria Hazel Grace: "Alguns infinitos são maiores do que outros"... E quer saber do que mais? É por isso que eu bebo! E recomendo a leitura dessa obra. Na foto, A Deposição de Cristo, de Caravaggio.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

OUBLIÉ

Não conseguia lembrar onde foi. Se numa ruazinha estreita de Paris ou em um beco do centro de uma outra cidade qualquer. Talvez tivesse sido em uma praia deserta de algum litoral. No quarto de um antigo hotel. Num boteco com mesas de plástico na calçada. No subsolo de uma loja de departamentos. Ou mesmo nos recônditos labirintos da memória. Talvez em algum sonho daqueles que, de tão detalhados, parecem reais. Fazia os mais incríveis esforços para lembrar. Cheirava roupas, perfumes. Remexia antigos guardados. Quem sabe dentro de um livro. No interior de uma das milhares de latas e caixas que colecionava. No bolso de um casaco de figurino. Num canto da sala, do quarto, da alma. Tentava de tudo: Colocava antigos LPs para tocar na vitrola. No iPad, uma nova cantora francesa cujo timbre lembra Piaf. As mais diversas versões da obra de Kurt Weill. E nada. Nada de lembrar. Mas do que era mesmo que estava querendo lembrar? Já foi. Passou. Melhor esquecer...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

AZUMI

Aqui estou, mais uma vez no Rio de Janeiro, depois de quase dois anos sem vir. Dessa vez para as apresentações do espetáculo Cabarecht, que faço com Cida Moreira, Sandra Dani e Antonio Carlos Brunet, o Dunga. O inverno do Rio é bem curioso, faz quase trinta graus, tem sol o dia todo e as pessoas estão todas na praia. Eu, recém chegado do inverno paulista, me preservo com medo de pegar um resfriado e ficar sem voz para cantar... Hoje descobri algo que me fez muito feliz: O restaurante japonês Azumi, há vinte e cinco anos funcionando em Copacabana, mas que poderia estar tranquilamente instalado no bairro da Liberdade, em São Paulo. Com cabines reservadas, nas quais você pode se reunir com os amigos ou a familia, o Amuzi tem também um simpático balcão, no qual a gente pode ficar de frente para o sushiman Eric que, além de preparar as mais incríveis delícias diante dos nossos olhos, ainda nos dá dicas de como realizá-las. Inesquecíveis o vinagrete de polvo que comi como entrada, o salmão skin grelhado que Erik me ofereceu e o uramaki de salmão que comi na sequência. Voltarei sempre. Com muita certeza... Na foto, Erik em ação.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

FLORES DE RARA BELEZA

Não sou crítico de cinema. Nunca fiz cinema, nem como ator, nem como diretor. Nem cinéfilo posso mais dizer que sou, pois atualmente vou muito pouco ao cinema. Mas quando um filme é bom, ah, isso eu sei. Melhor, sinto. Foi o que aconteceu com Flores Raras, de Bruno Barreto: Senti o filme, do início ao fim. Sempre gostei de filme brasileiro, mas confesso que não sou muito fã dessa "retomada" do cinema nacional que, na maioria das vezes, me faz ter a impressão de estar assistindo a uma novela da Globo. Não apenas pelos atores, mas também pelos diretores. Isso definitivamente não acontece com as raríssimas flores de Bruno Barreto. Elas soam originais como as Flores Horizontais de Osvald de Andrade cantadas do cócix até o pescoço por Elza Soares. Eu já gostava do cinema de Bruno Barreto desde Tati, a Garota. Dona Flor, A Estrela Sobe. Nem vou chover no molhado falando das excelentes interpretações de Gloria Pires e Miranda Otto. É fato. Assim como a belíssima trilha sonora, com direito à Ella Fitzgerald e Tom Jobim... Prefiro falar da rara experiência que é assistir a uma verdadeira obra de arte. Algo que toca, emociona, transforma. Algo que tem tempo limitado, mas que não queremos que acabe, não queremos perder. Como o amor de Lota por Elizabeth. Capaz de construir e de destruir. Explodir morros e implodir corações. Aliás, como ensina a própria Elizabeth Bishop: "A arte de perder não é nenhum mistério; tantas coisas tem em si o acidente de perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouco a cada dia"... Só não perca, por favor, esse filme maravilhoso! Na foto, Gloria Pires recebe de frente Lota Macedo de Soares.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

HIRAMATSU

Recentemente comentei aqui no blog que, ao visitar a casa e o jardim de Monet em Giverny, descobri o artista japonês Hiramatsu Reiji no Musée des Impressionismes. Pois é dele que se trata o presente post. Mais especificamente, de sua exposição Le Bassin Aux Nymphéas - Hommage à Monet. Profundo admirador da obra do pintor francês Claude Monet, Hiramatsu fica particularmente tocado por suas famosas ninféas, e, ao visitar o jardim do artista em Giverny, decide se debruçar sobre o tema realizando essa exposição em homenagem ao mestre do impressionismo. Monet era aficcionado pela arte das gravuras japonesas e um pouco dessa paixão pode ser admirado na grande quantidade de obras da coleção do artista que decoram sua casa em Giverny. Pois é justamente a influência da pintura japonesa tradicional sobre a pintura de Monet, particularmente sua maneira de retratar a água, que irá influenciar a pintura do artista japonês, num interessante intercâmbio oriente/ocidente que acaba se transformando em ocidente/oriente. A pintura oriental influencia a pintura ocidental que influencia novamente a pintura oriental. Parece que bebi, não? Mas o efeito da arte de Hiramatsu é no mínimo embriagante mesmo. Suas telas, desenhos e biombos conseguem unir leveza e força. Delicadeza, poesia e diversão. O próprio Hiramatsu destaca o caráter amusant de sua obra. E é dessa forma que ela toca quem a contempla: Com o sentido mais amplo de diversão, a da alma, que sai leve e saciada da sala de exposição. Tomara que um dia venha para o Brasil. É dessas belezas que encontramos pelo caminho e que tornam a vida ainda mais rica... Nas fotos, respectivamente, criador e criação.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

THE ESSENTIAL COLE PORTER

Há muitos anos sou louco pela música de Cole Porter. Assisti diversas vezes ao filme De-Lovely, com Kevin Kline vivendo o próprio e tenho vários CDs com coletâneas de seus sucessos. Um dos meus CDs preferidos é, e já mereceu post aqui no blog, The Cole Porter Song Book, na voz de Ella Fitzgerald. Mas o próprio Cole Porter cantando eu tinha pouquíssima coisa, acho que só a canção Yor're the Top. Nessa minha última temporada em Paris encontrei, assim bem por acaso, na Fnac do Les Halles, a caixa com três CDs The Essential Cole Porter, que estou adorando. Inclusive porque nela, além de incontáveis Billies, Ellas, Freds e Franks, tem o próprio Cole cantando nove canções: Além da já citada Your're the Top, tem também When Love Comes Your Way, I'm A Gigolo, Two Little Babes In The Wood, Anything Goes, Be Like The Bluebird, Thank You So Much Mrs. Lowsborough-Goodby, The Cocotte e The Physician. Isso sem falar em Anita O'Day cantando What Is This Thing Called Love e Marlene Dietrich interpretando You Do Something To Me. Isso realmente faz algo comigo... Já estou furando os CDs de tanto escutar. Só para confirmar, mais uma vez e sempre: I love Porter every moment of the year. Na foto, Cole sorri ao piano.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MUDANÇAS

Já contei aqui no blog da dificuldade que tenho em deixar Paris e voltar à minha realidade a cada vez que passo uma temporada por lá. Dessa vez, então, com a diferença de fuso horário de cinco horas a mais, foi ainda mais difícil. Fiquei uns quatro ou cinco dias caindo de sono às seis da tarde e acordando super disposto às cinco da manhã. Mas nada que a passagem do tempo não resolva. Aliás, não há nada que a passagem do tempo não resolva. Mesmo os maiores traumas ou dores. Minha ligação com a Cidade Luz vem do início dos anos noventa. Para ser mais preciso, 1990 e 1991, anos que vivi estudando e curtindo Paris como um jovem brasileiro deslumbrado e cheio de sonhos. Uma grande desilusão amorosa me fez abandonar a cidade antes que o meu, digamos, ciclo francês tivesse se concluído. Depois disso fiquei dezesseis anos sem ir a Paris para finalmente em 2007 voltar a encontrá-la. De lá para cá tenho ido em média uma vez por ano. E sempre volto com a impressão de que deveria ficar um pouco mais. Muita coisa mudou em Paris e em mim. Ninguém mais usa dinheiro para pagar, só cartão. Eu continuo usando. Ninguém mais compra o Pariscop para saber das artes e espetáculos. Eu ainda compro. Ninguém mais vai à bilheteria dos teatros para comprar ingresso. Eu ainda vou. Tanto lá quanto aqui. Agora tem carros elétricos que você pode usar colocando créditos em uma conta com seu cartão de crédito. Quando não quer usar mais, você o devolve a uma base que o recarrega automaticamente. É o mesmo esquema das bicicletas públicas. Mas, como já disse, eu mudei também em vários pontos. Agora escrevo no iPad. Tenho um blog. Frequento redes sociais. Leio jornal no iPad. Revistas eu continuo preferindo ler com as mãos, manuseando o produto em si. Falando em revista, li na Joyce de julho uma matéria muito relevante sobre os hábitos musculares de Marcos Mion, na qual o jornalista afirma que ele é um dos precursores do gênero stand up comedy no Brasil. Ãh? Quando Mionzinho ainda nem sonhava emitir o primeiro gugu-dadá, precursores como Chico Anysio, Miele, Agildo Ribeiro e Jo Soares já mandavam ver no gênero por aqui. E mesmo que o autor da matéria estivesse se referindo a essa nova onda do gênero, Grace Gianoukas e Marcelo Mansfield já arrancavam gargalhadas do público quando ele ainda engatinhava... Isso também parece ter mudado: O perfil das pessoas que escrevem nas revistas e jornais. Voltando a Paris, algumas coisas mudaram para pior: Os carros não param mais para a gente atravessar as ruas. Os táxis, mesmo no sinal verde para pedestres, não param. Parece que estou no Brasil. Como já disse em outro post, há muitos pobres nas ruas, pedindo, mendigando e mesmo dormindo nelas. Eu mudei meus hábitos e meu paladar. Estou cada vez mais exigente. E chato. Se você ainda não me conhece, nem queira... Brincadeira, eu sou um amor! E espero que essa minha história de amor mal resolvida com Paris tenha um final feliz. Ou melhor, que continue passando por mudanças sem nunca chegar a um fim. Na foto, eu com colegas de copo e de cruz no Petit Fer à Cheval nos verdes anos noventa.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

DESPEDIDA

No meu último dia em Paris acordei às cinco horas da manhã com o barulho da chuva. Uma chuva grossa, caudalosa que lavou a cidade e durou quase até o final da manhã. Comi algo e saí para caminhar, meio sem rumo, e me despedir de Paris. Fui até o Marais, sempre o Marais me puxando para si. Revi o prédio onde morei, a casa de chá Le Loir dans la Théière, na Rue des Rosiers, onde trabalhei. A Rue Charlemagne, onde fiz um ensaio fotográfico nos anos noventa. Andei pela beira do Sena, passando por suas pontes, ouvindo de quando em quando um acordeon tocar ao longe Sous Le Ciel de Paris, de Piaf. Passei pela Pont Neuf, pela Conciergerie, pela Pont des Arts. Quase em frente ao Musée d'Orsay subi de volta à calçada vendo passar o último bateau mouche, com as crianças acenando para nós, os passantes. A chuva deixou o clima bem mais ameno, quase frio em determinados momentos. Fui atrás de uma confeitaria que Cida Moreira me indicou, na qual se come o melhor mil folhas da cidade. Comi e adorei... À noite vou reencontrar meu amigo Rolando Faria para o jantar de despedida e amanhã bem cedo, antes do sol nascer, já estarei rumando ao aeroporto para, mais uma vez, deixar Paris. Com a certeza de que sempre voltarei para revê-la. Nas fotos, a Rue Charlemagne, a Conciergerie vista da beira do Sena e o gigantesco rinoceronte que recebe os turistas na entrada do Musée d'Orsay.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

ÚLTIMOS DIAS

A cada dia que passa a hora de partir se aproxima e eu me encanto mais com Paris. O bom é que ela nunca se repete, é como um espetáculo de teatro, varia com os dias e com a platéia. Muita coisa mudou, claro, muita coisa muda sempre em todos os lugares e até mesmo em nós, as pessoas. Nunca vi antes tantos pobres nas ruas, gente pedindo dinheiro, pedindo cigarro, pedindo comida, dormindo nas ruas, às vezes parece que estou em Salvador ou no Rio de Janeiro. Mas os encantos se mantém e se multiplicam... Fui assistir ao Cirque Zoe, companhia ítalo-francesa bastante interessante, com números tão interligados que nem parece um show de habilidades. Reencontrei meu querido amigo Rolando Faria, ex-integrante da famosa dupla Les Étoiles, que abalou Paris em chamas nos setenta, oitenta e noventa. Almoçamos em um simpático restaurante na Bastilha, o l'Industrie, e esticamos vários verres por toda a tarde. Para fechar o dia, fui jantar no Dalva, restaurante do qual já falei aqui no blog e que sempre indico para quem vem a Paris. O dono, Serge, é uma simpatia, sentou comigo à mesa e conversamos animadamente. Me contou que um amigo dele acaba de abrir em São Paulo uma franquia da Repetto, griffe de sapatos de dança que fabrica as famosas sapatilhas que Serge Gainsbourg usava e que estou louco para possuir. Se em Paris elas custam caro, imagine em Sampa... Voilà, c'est tout. Nas fotos, Serge em frente ao Dalva e Rolando & Roberto, les étoiles du Brésil.

domingo, 4 de agosto de 2013

LE FUMOIR

Um dos meu programas preferidos em Paris é o happy hour no Le Fumoir. Me sento a uma mesa no terraço e enquanto bebo contemplo o Louvre e suas arcadas. Fica bem em frente à estação Louvre-Rivoli do Metro e pode-se observar as pessoas que entram e saem, apressadas ou não, dessa estação. Meu amigo João já foi barman do Le Fumoir e no subsolo, numa espécie de ante-sala dos toilettes, pode-se ver exposto um retrato do meu amigo ainda nos seus verdes anos... Gosto de levar todas as pessoas que encontro em Paris para conhecer o Fumoir e sempre o recomendo quando me pedem dicas da cidade. Ver o sol se por atrás do Museu do Louvre tomando coups de Deutz, meu champanhe preferido, é um prazer que não tem preço. Ou melhor, tem. Mas pra que falar disso? Nas fotos, parte da vista do terraço, retrato de João e reflexo das Arcades na vidraça do bar.

sábado, 3 de agosto de 2013

PARIS SÓ PARA MIM

A maioria dos franceses viaja de férias no mês de agosto. Grande parte dos restaurantes fecha e mesmo os turistas parecem apontar seus roteiros de viagem em direção a outros lugares. Provavelmente em direção ao litoral. Até meu amigo João, que me recebe em sua casa, partiu de férias e fiquei sozinho, com Paris todinha praticamente só para mim. E, quer saber? Adoro. Chego facilmente aos lugares. E, quando chego, sento. Não há mais filas de espera. Mesmo na Uniqlo não há filas nos caixas. Eu, que sempre adorei São Paulo nos feriados prolongados e no verão, agora desfruto da minha Paris. Só minha... O calor deu uma trégua, já é possível sair de calça comprida e de camisa. Antes, só de bermuda e camiseta, parecia que a gente estava em Ipanema... Agradáveis dezenove graus ao sol me levaram mais uma vez até a casa de Serge Gainsbourg, cuja fachada já foi liberada dos tapumes e começa a ser recoberta por novos grafittis. Fui, também, assistir ao documentário Bambi, emocionante depoimento de vida da transexual Marie-Pierre Pruvot, que fez muito sucesso nos anos cinquenta e sessenta no Carroussel de Paris. Fui amigo íntimo de Claudia Wonder e, por incrível que pareça, ainda não assisti a Meu Amigo Claudia, falta que pretendo corrigir assim que voltar ao Brasil. No mais, caminho muito como sempre faço quando estou aqui... Nas fotos, la maison de Gainsbourg e o cartaz de Bambi.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

AGOSTO EM PARIS

O mês de agosto chegou trazendo de volta o calor, que na última semana de julho havia dado uma trégua. No entando, a cidade já parece bem mais tranquila do que no mês anterior, com menos turistas nas ruas e nos lugares. Caminho muito por Paris, dia e noite, visito parques, igrejas e jardins, vou a soirrées, descubro e redescubro pequenos bistrôs e restaurantes. E, claro, bebo muito vinho. Os rosés são os preferidos da estação. Hoje fui com o João rever a Cité des Ciences et de l'Industrie, andamos muito pelo Parc de La Villette, pegamos o Canal de l'Ourq e fomos até Pantin, onde descansamos à sombra com os pés na água. Os prédios, pontes e muros da região são todos decorados com imensos retratos de pessoas comuns, como eu ou você, que são impressos em papel e depois colados, dando um interessante efeito de integração do visitante ao local. Testamos e aprovamos o bistrô Le Pré Verre, indicação de minha amiga Lilian Rocha. E vamos vivendo la vie en rose. Ou melhor, em rosé! Nas fotos, a imensa esfera da La Géode e as margens decoradas do Canal de l'Ourq.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

GIVERNY

Um dos lugares mais lindos que jamais visitei foi a casa de Claude Monet e seu jardim, em Giverny, nos arredores da pequena cidade de Vernon, que fica a uns setenta quilômetros de Paris. É um programa óbvio, batido, que todo mundo faz, hiper-turístico mas, mesmo assim, vale a pena. Sobretudo quando se entra na casa, repleta de gravuras japonesas que Monet colecionava, e das janelas do andar superior se observa o jardim. Senti uma vontade incontrolável de fechar a visitação pública e passar uma temporada de pelo menos dez dias em total silêncio contemplativo. De quebra ainda visitei o Museu dos Impressionismos e pude ver a exposição do artista japonês Hiramatsu Reiji, Le Bassin aux Nymphéas, uma homenagem a Claude Monet. Encantador, para dizer o mínimo. Se você estiver em Paris nessa época do ano, por favor, não vá. A quantidade de turistas é tal, que mal dá para fotografar o jardim. Deixe para ir no outono ou na primavera. Senão, suas lembranças vão ficar cheias de figurantes desconhecidos... Nas fotos, a casa e o jardim de Claude Monet.

BUTTES CHAUMONT

Os dias se fazem quentes e ensolarados em Paris. O que mais sinto vontade de fazer é passear pelos parques e jardins, que abundam na capital francesa. Decidi visitar o Buttes Chaumont, um dos meus preferidos de Paris. Quando morava aqui eu costumava ir a esse parque para correr. Atualmente ele reune milhares de jovens que ficam comendo e bebendo ao redor do Rosa Bonheur, um simpatico bar que aos domingos se transforma em animada pista de dança. Faz-se tambem muitos pic-nics nos seus gramados. Como estava perto, resolvi andar até o numero 231 da rue des Pyrénées, onde morei uns tempos logo que cheguei em Paris antes de mudar para o Marais. Como estava ao lado, resolvi entrar no Cimetière du Père Lachaise. Como estava dentro, resolvi escolher uma tumba para visitar: a de Edith Piaf. Fiquei emocionado ao constatar que seu ultimo grande amor, Theo Sarapo, repousa a seu lado pela eternidade... Peço desculpas pelos acentos faltando em algumas palavras. Estou teclando em um mac e ainda tenho dificuldades com ele. Nas fotos, vista do Buttes Chaumont e a tumba de Piaf e Theo.