segunda-feira, 29 de julho de 2013

GIVERNY

Um dos lugares mais lindos que jamais visitei foi a casa de Claude Monet e seu jardim, em Giverny, nos arredores da pequena cidade de Vernon, que fica a uns setenta quilômetros de Paris. É um programa óbvio, batido, que todo mundo faz, hiper-turístico mas, mesmo assim, vale a pena. Sobretudo quando se entra na casa, repleta de gravuras japonesas que Monet colecionava, e das janelas do andar superior se observa o jardim. Senti uma vontade incontrolável de fechar a visitação pública e passar uma temporada de pelo menos dez dias em total silêncio contemplativo. De quebra ainda visitei o Museu dos Impressionismos e pude ver a exposição do artista japonês Hiramatsu Reiji, Le Bassin aux Nymphéas, uma homenagem a Claude Monet. Encantador, para dizer o mínimo. Se você estiver em Paris nessa época do ano, por favor, não vá. A quantidade de turistas é tal, que mal dá para fotografar o jardim. Deixe para ir no outono ou na primavera. Senão, suas lembranças vão ficar cheias de figurantes desconhecidos... Nas fotos, a casa e o jardim de Claude Monet.

BUTTES CHAUMONT

Os dias se fazem quentes e ensolarados em Paris. O que mais sinto vontade de fazer é passear pelos parques e jardins, que abundam na capital francesa. Decidi visitar o Buttes Chaumont, um dos meus preferidos de Paris. Quando morava aqui eu costumava ir a esse parque para correr. Atualmente ele reune milhares de jovens que ficam comendo e bebendo ao redor do Rosa Bonheur, um simpatico bar que aos domingos se transforma em animada pista de dança. Faz-se tambem muitos pic-nics nos seus gramados. Como estava perto, resolvi andar até o numero 231 da rue des Pyrénées, onde morei uns tempos logo que cheguei em Paris antes de mudar para o Marais. Como estava ao lado, resolvi entrar no Cimetière du Père Lachaise. Como estava dentro, resolvi escolher uma tumba para visitar: a de Edith Piaf. Fiquei emocionado ao constatar que seu ultimo grande amor, Theo Sarapo, repousa a seu lado pela eternidade... Peço desculpas pelos acentos faltando em algumas palavras. Estou teclando em um mac e ainda tenho dificuldades com ele. Nas fotos, vista do Buttes Chaumont e a tumba de Piaf e Theo.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

ILUMINADA

Alheio à multidão de turistas que cercam os monumentos nessa época do ano, fui até a Torre Eiffel para ver o momento em que ela se acende ao entardecer. O que atualmente está acontecendo às dez horas da noite. Fiquei sentado em um café ao pé da torre bebendo um vinho branco e esperando que a iluminação se desse. Da torre, bien sur, não minha. É muito lindo. Primeiro só acendem as luzes normais, amareladas. Segundos depois começam a piscar milhares de pequenas lâmpadas que transformam a torre em uma joia cravejada de diamentes. Do meu café à beira do Sena pude escutar um sonoro OHHH!! pronunciado pela multidão. Não resisti e fiz um brinde à beleza do momento. E do monumento em si. Santé! Ao invés de foto, um vídeo da star de Paris iluminada.

LES DEUX MAGOTS

Dia desses resolvi ir ao Les Deux Magots. Mais para conhecer mesmo, pois não resisto a um cartão postal de Paris ou mesmo aos seus clichês, e nunca havia estado nesse lugar histórico. Dizer que um lugar é histórico aqui em Paris é quase uma redundância, uma vez que praticamente todos os lugares da cidade o são. Pedi um vinho branco e algo para comer e fiquei me sentindo como se fizesse parte das turmas bacanas de surrealistas e existencialistas que o frequentavam no passado. Quem já teria se sentado à mesa que eu ocupava agora? Sartre? Gide? Rimbaud? Mallarmé? E nesse exercício de imaginação me deixei levar por algumas horas estimulado, evidentemente, pelo vinho. Aliás, pelo vinho, pelo lugar e por Paris em si. Que sempre me estimula... Nas fotos, detalhes do salão interno do Deux Magots.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A CANTORA CARECA

Voltei ao Théâtre de la Huchette, dessa vez para assistir ao espetáculo La Cantatrice Chauve, de Ionesco. Eu já havia estado lá três anos atrás para assistir a um outro espetáculo desse autor que admiro muito: La Leçon. Depois da apresentação, fiquei na frente do teatro esperando os atores saírem para observá-los. Como esses seres são (somos) estranhos. E que capacidade de se transformar em outras pessoas! As que vi saindo, com seus trajes contemporâneos de verão, em nada lembravam os ingleses que representaram... O teatro é muito pequeno, tem apenas cem lugares, e esses dois espetáculos, A Lição e A Cantora Careca, são apresentados ininterruptamente desde a sua estreia no ano de 1957. E, como afirmou o próprio Eugène Ionesco, "Um grande sucesso num teatro pequeno é melhor do que um pequeno sucesso num teatro grande e muito melhor do que um pequeno sucesso num teatro pequeno". Um sábio, além de tudo...

PARIS EM PÍLULAS

Sem muito tempo para parar e elaborar tudo o que quero escrever, passo a postar pequenas doses de Paris, que resolvi chamar de pílulas. Na segunda-feira fomos, João e eu, conhecer o Chateau de Vincennes e passear pelo Parc Floral. O Chateau é uma fortaleza, uma vila medieval cercada por um fosso, com direito a ponte elevadiça e tudo o mais. Só não tem os crocodilos, pois o fosso é seco. No parque floral pudemos ver uma incrível exposição de bonsais e depois de comermos algo nos perdemos nas alamedas do bosque, uma verdadeira floresta a poucos minutos de Paris. Nas fotos, o Chateau em si, os bonsais e a alameda do Rei.

domingo, 21 de julho de 2013

DIAS DE SOL & CALOR

De volta ao blog depois de rápido afastamento devido a um problema técnico: Com o calor excessivo, o aquário vazou água e molhou o equipamento da internet chez-João... Redescobri o Petit Fer à Cheval como um oásis de frescor em meio ao calor insuportável do verão de Paris, cidade que tem pouquíssimos lugares com ar refrigerado. Depois de muito caminhar pela cidade me sento para tomar um drink nesse pequeno bar que costumava frequentar com minha amiga Pati quando morávamos aqui nos anos noventa. Me dou conta de que já são dez horas da noite e só agora começa a escurecer. Pensava que fossem oito e meia no máximo. O garçon me reconhece do dia anterior e pergunta se quero champanhe. Merci, Monsieur, hoje prefiro cerveja. Paris está em ritmo de festa e de férias. O festival Fnac Live reúne milhares de jovens em frente ao Hôtel de Ville para concertos de rock. pela programação, vi que hoje terá apresentação de Alex Beaupain, autor da trilha sonora do filme Les Chansons d'Amour, um dos meus filmes e CDs cult. Mas, evidentemente, não irei por dois motivos: Muita gente e muito calor. As margens do Sena foram transformadas em praia, com areia, guarda-sóis e cadeiras, também com uma intensa programação de shows, esportes, dança e atividades para as crianças. C'est le Paris Plage. Mas, na minha singela opinião, a cidade não combina com altas temperaturas. Nada como Paris na primavera... Nas fotos, jovem realiza manobra de skate no Museu de Arte Moderna, a praia fake e o festival no Hôtel de Ville.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

SOL À NOITE

Tomo sol no Jardin du Luxembourg às oito horas da noite. Do alto de seus pedestais, os personagens dessa história nos observam através dos séculos. A lua crescente espia entre as alamedas simetricamente podadas e dispostas. Sempre que estou em Paris tenho uma outra percepção da permanência dos seres e das coisas. De onde eu venho tudo muda constantemente e cada vez mais depressa. Aqui tudo é perene. Há poucos minutos eu observava esse jardim do alto da Tour Montparnasse. Nunca havia subido antes e confesso que fiquei um pouco decepcionado. Talvez pela hora do dia que escolhi, pelo excesso de turistas, pelo calor ou, sei lá, pelos vidros que cercam toda a vista do terraço panorâmico. Gostei muito mais quando subi no Arco do Triunfo, em 2010. Valeu pela vontade que me despertou de vir ao Luxembourg. Os jardins estão multicoloridos. Há flores por todos os lados, como cantaram os Titãs. Sento na grama e começo a escrever. Há muitos bancos e cadeiras no jardim. As pessoas sentam e ficam em silêncio, consigo mesmas, apreciando a beleza do lugar. Esse estado contemplativo certamente estimula a reflexão e o auto-conhecimento. Coisas que que raramente nos permitimos fazer, ocupados que estamos em trabalhar e pagar contas. Observo que as pessoas leem muito. Não apenas nos parques e jardins, mas também no ônibus e no metro. E o melhor: Os jovens leem. Sim, os jovens, esses seres inconstantes que vivem presos a iPhones e computadores. Nas fotos, um deles lê observado pela regente Marie de Medicis, que mandou fazer o jardim no ano de 1612. E, claro, as flores.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

14 JUILLET

Eu, que não vou sequer a shows em ginásios, estádios ou praças públicas, tal o pânico de grandes agrupamentos humanos que desenvolvi com o passar dos anos, evidentemente não fui até a Champs-Élysées para ver a parada militar nem tampouco até a Tour Eiffel para apreciar a queima de fogos de artifício. Mas, para não dizer que passamos o catorze de julho em brancas nuvens, fizemos um delicioso e encantador pic nic à margem do Canal Saint-Martin e brindamos à igualdade, à fraternidade e à liberdade com vinho rosé e, claro, com Deutz, mon champagne préféré. O calor voltou com tudo e trouxe com ele uma sede que não tem fim. Ou, para citar Chico Buarque, uma sede de anteontem. Muitas obras em Paris, apoveitando que seus habitantes estão todos em férias. Em certos momentos ela até que lembra a Paris surreal do filme A Espuma dos Dias... Além da sede sem fim, o calor trouxe consigo a preguiça de escrever. Té mais! Nas fotos, flashs do convescote no canal.

sábado, 13 de julho de 2013

PARIS WHEN IT SIZZLES

É a primeira vez que venho a Paris no mês de julho, in the summer when it sizzles, como cantou Cole Porter. O ruim é que nessa época do ano tem pouquíssima coisa em cartaz para se assistir, são as férias de verão, os principais teatros estão fechados e a cidade é invadida por ordas de turistas. Em compensação, as flores estão por toda a parte e as frutas estão no auge do seu frescor e sabor. Ontem, na happy-hour do Le Fumoir, tomei um Bellini de Venise, que só é servido nas poucas semanas do ano em que os pêssegos estão no ponto certo para se fazer o creme que vai na receita. Quase uma sobremesa! Outra coisa maravilhosa desta estação é que os dias duram muito mais tempo. Só anoitece de verdade lá pelas dez horas da noite. E haja caminhadas e drinks para preencher tanto tempo... Hoje pela manhã fui à Fundação Cartier para visitar a exposição do artista australiano Ron Mueck, com suas incríveis esculturas hiper-realistas de tirar o fôlego. Logo na entrada, em uma grande sala de vidro, está a mais inacreditável das obras que compõem a mostra: Cuple Under an Umbrella. Um gigantesco casal de idosos que repousa sob um guarda-sol, como se estivessem na praia, expostos na sua mais despida realidade. Fiquei um bom tempo dando voltas em torno da obra, todo arrepiado e com lágrimas nos olhos. Não tenho muito mais o que dizer: Só vendo de perto. Ron mexe com a nossa noção de proporção, como se nos transportasse para um universo paralelo no qual existem seres de uma outra escala. Maiores ou menores do que nós. Verdadeiros. Quase vivos. Só não se movem, porque até olhar eles olham. E transmitem muitas coisas... Depois, encontrei meu amigo Sergio Lulkin, que não via há muito tempo e estou tendo o prazer de reencontrar justo em Paris. Almoçamos na rue Mouffetard, nos despedimos e segui batendo pernas até chegar em casa, onde estou agora, escrevendo este post. Mas, quando se trata de Paris, nada é assim tão simples nem tão rápido. Sempre acontecem muitas coisas pelo caminho. Só que não caberia tudo aqui. Com dá para perceber, há bem mais coisas boas do que ruins nessa época do ano, quando Paris alucina... Na foto, o casal sob o guarda-sol visto de fora, pois dentro é proibido fotografar.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

PARIS DE MANSINHO

Dormi quase nada no vôo e cheguei em Paris bastante sonado, pois a diferença de fuso horário nessa época do ano é de cinco horas a mais aqui. Passei os dois primeiros dias meio tonto, como se estivesse chapado. Pouco a pouco, de mansinho, fui retomando o contato com a cidade, redescobrindo-a como pela primeira vez. Ontem à tarde fui passear na Promenade Plantée, um belíssimo jardim suspenso construído sobre uma antiga estrada de ferro que corta o deuxième arrondissement começando logo atrás da Opéra Bastille. Mais ou menos como se em São Paulo o Minhocão fosse desativado e virasse um enorme jardim elevado. Passei, como sempre, por todo o Marais, a Place des Vosges e, claro, a rue des Écouffes, onde morei no número dezoito nos anos noventa. Hoje, meu terceiro dia na cidade, acordei cedo e fui visitar a exposição de Roy Lichtenstein no Beaubourg, outro destino obrigatório e bem frequente nas minhas andanças por Paris. Uma vez lá, aproveitei para rever o acervo do Museu de Arte Moderna e Contemporânea e matar a saudade das Ten Lizes, de Andy Warhol, que não via desde os anos noventa, pois da última vez que estive no museu a obra não estava exposta. Passei um bom par de horas na companhia de artistas como Matisse, Kandinski, De Chirico e Picasso. Nunca fui muito tocado por Picasso, mas é sempre emocionante contemplar de perto suas nervosas pinceladas que deixam relevos de tinta. Fiquei bastante interessado por meu chará Robert Delaunay, principalmente por seus auto-retratos e pelas obras La Tour Eiffel e Le Poète Philippe Soupault, de 1922, ano da nossa então Semana de Arte Moderna. Saindo do Beaubourg peguei uma bicicleta - Sim! Eu ando de bicicleta em Paris! - e fui até a Rive Gauche, logo eu que sempre me mantenho à margem direita do Sena. Pois percorri o Boulevard Saint-Germain todo a procura da casa onde viveu um dos meus ídolos, Serge Gainbourg. Chegando lá, dommage! Sua fachada, que era toda grafitada, estava coberta por um tapume para ser reformada. Já sedento, faminto e com a bicicleta devidadmente devolvida, me sentei em um café no próprio Boulevard Saint-Germain para um pequeno lanche acompanhado de vinho branco. Um lugar tipicamente francês. E a vida seguiu bela e perfumada. O calor de dias atrás arrefeceu e temos um verão très agréable... Na foto, Ten Lizes, de Warhol e detalhe da Place des Vosges.