quinta-feira, 18 de julho de 2013

SOL À NOITE

Tomo sol no Jardin du Luxembourg às oito horas da noite. Do alto de seus pedestais, os personagens dessa história nos observam através dos séculos. A lua crescente espia entre as alamedas simetricamente podadas e dispostas. Sempre que estou em Paris tenho uma outra percepção da permanência dos seres e das coisas. De onde eu venho tudo muda constantemente e cada vez mais depressa. Aqui tudo é perene. Há poucos minutos eu observava esse jardim do alto da Tour Montparnasse. Nunca havia subido antes e confesso que fiquei um pouco decepcionado. Talvez pela hora do dia que escolhi, pelo excesso de turistas, pelo calor ou, sei lá, pelos vidros que cercam toda a vista do terraço panorâmico. Gostei muito mais quando subi no Arco do Triunfo, em 2010. Valeu pela vontade que me despertou de vir ao Luxembourg. Os jardins estão multicoloridos. Há flores por todos os lados, como cantaram os Titãs. Sento na grama e começo a escrever. Há muitos bancos e cadeiras no jardim. As pessoas sentam e ficam em silêncio, consigo mesmas, apreciando a beleza do lugar. Esse estado contemplativo certamente estimula a reflexão e o auto-conhecimento. Coisas que que raramente nos permitimos fazer, ocupados que estamos em trabalhar e pagar contas. Observo que as pessoas leem muito. Não apenas nos parques e jardins, mas também no ônibus e no metro. E o melhor: Os jovens leem. Sim, os jovens, esses seres inconstantes que vivem presos a iPhones e computadores. Nas fotos, um deles lê observado pela regente Marie de Medicis, que mandou fazer o jardim no ano de 1612. E, claro, as flores.

Um comentário:

  1. Encantador esse momento, tenho saudade desse jovem que existia em mim, não que eu tenha parado de ler, isso nunca, mas numa praça pública com tamanho despojamento já não consigo mais. Tenho receio de ser assaltado.

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