domingo, 26 de abril de 2020

57 ENTRE 4 PAREDES

Ontem foi o dia do meu aniversário. Um aniversário diferente, confinado durante uma pandemia. Como disseram vários amigos ao me cumprimentar, inesquecível. E será mesmo. Mas de uma maneira positiva. Eu, que adoro comemorar o dia dos meus anos, de preferência viajando ou recebendo os amigos em casa, o fiz de maneira especial. Só com Weidy e Lina, nossa nova gatinha de estimação. Passei o dia inteiro comemorando. Fiz comidinhas especiais, Weidy fez um bolo lindo para mim, tomei champanhe, tomei banho de sol na sacada, falei com minhas irmãs por vídeo conferência, com direito a parabéns a você, velas e tudo o mais. Muitos amigos e admiradores me desejaram os melhores votos, me senti querido e importante para várias passoas. Gostei especialmente de uma coisa que me desejou a amiga Agnes Zuliani: Noites arrebatadoras. Ah! Que maravilha. Que privilégio já tão distante, ainda mais agora, em tempos de pandemia... Me dei conta de que a comemoração do aniversário é um estado de espírito. Não importa o local, a quantidade de pessoas, poder ou não sair para a rua. É uma conexão que faço comigo mesmo, revendo minha trajetória, agradecendo por estar vivo, festejando todos os benefícios de que desfruto nessa minha estada aqui na Terra. Ouvi muita música, escutei meus antigos ídolos com novos ouvidos, fiz dublagens e postei nos stories do meu Instagram, enfim, comemorei à altura. Brinquei muito com a Lina, quem tem animaizinhos de estimação sabe que quando são filhotes fervem como crianças, até cansar e cair no sono. A coisa mais linda do mundo... Lembro agora do meu aniversário de cinquenta anos, que passei sozinho em Florianópolis. Weidy estava em Brasília, trabalhando na Copa das Confederações, e fiz questão de ter a experiência de estar só em um lugar que amo durante a entrada em tão significativa idade. Foi maravilhoso. Algumas pessoas disseram “puxa, que triste estar só numa data tão especial”. E respondia a todas elas: Foi uma opção minha. E estou adorando. Aquele também foi um aniversário inesquecível... Como quase todos os meus são. Exatamente porque faço com que o sejam. E assim será, até quando Deus, o Universo, o Bem, a Energia Suprema me permitam. Sou extremamente grato por esta experiência que tenho o prazer de vivenciar: A minha vida. E vou confessar, sem nenhum vestígio de culpa ou soberba: Meu mundinho brut rosé é sensacional...
Nas fotos, eu em dois aniversários especiais: O primeiro e o atual.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

BONS DRINKS EM PARIS

Sou apaixonado pelo livro Les Cocktails du Ritz Paris, que ganhei de presente do meu amigo João Faria. Costumo dizer que ele é um pequeno tesouro, pois além de ser esteticamente lindo, traz revelações, histórias e receitas que são verdadeiras preciosidades para quem, como eu, se interessa pelo fascinante mundo da coquetelaria. Meu amigo João mora há muitos anos em Paris, onde foi barman de estabelecimentos notáveis como o China Club e o Le Fumoir, um dos meus bares preferidos da Cidade Luz. Voltando ao livro, ele me apaixona por diversos motivos. Primeiro porque a cada vez que o manuseio, leio ou releio, sempre acabo aprendendo alguma coisa nova de francês. Agora, com esse isolamento social que nos obriga a ficar em casa, a retomada da leitura me revelou o verbo concocter, que não conhecia, e que significa inventar, elaborar cuidadosamente. Outro elemento motivador da minha paixão pela obra são as belíssimas e divertidas ilustrações da artista Yoko Ueta. Logo no prefácio o autor revela possuir uma vasta coleção de publicações sobre o assunto, cuja leitura o fez tomar a decisão de escrever sua própria versão dos fatos e curiosidades que envolvem a criação de coquetéis clássicos e contemporâneos. Ah, já quase me esquecia de referir, o autor do livro, Colin Peter Field, vem a ser o barman do Bar Hemingway, do icônico Hotel Ritz de Paris. Já nas primeiras páginas ele presenteia os leitores com a planta baixa do bar com o número de cada mesa. Quem, como eu, gosta de bares, sabe que este é um segredo revelado a poucos habitués, para que possam comentar uns sobre os outros discretamente, referindo-se apenas aos números das mesas... Outro presente que o livro dá aos leitores é o trecho de uma carta do escritor Ernest Hemingway para o barman do Ritz da época, na qual ele revela ter experimentado um Bloody Mary – com detalhes da receita – na China, em 1947. Bem antes da data que o dito barman revela ter inventado o drink para o próprio Hemingway, nos anos cinquenta... Eu não sabia – e adorei saber – que a criação de um dos meus coquetéis preferidos, o Manhattan, é atribuída a Jenny Churchill, mãe do primeiro-ministro inglês Winston Churchill. Que as inglesas mandam ver nos drinks, isso eu já sabia... Ainda não tive o prazer de conhecer o bar do Ritz. O hotel esteve fechado para reformas de 2012 a 2016, época em que frequentei Paris com certa regularidade. Mas é sem dúvida uma das primeiras coisas que quero fazer quando voltar à Capital Francesa. Enfim, há muito o que dizer sobre este pequeno tesouro que guardo com muito carinho entre os meus objetos de charme preferidos. Uma brochura impecável, coberta de um tecido que parece ser um linho dourado, e fartamente ilustrada. Um verdadeiro coffee table book! Merci beaucoup, João, pelo adorável cadeau.
Nas fotos, a capa do livro e uma petite dégustation das ilustrações de Yoko Ueta.

terça-feira, 14 de abril de 2020

ACABOU CHORARE

Eu, que adentrei os dias de isolamento social cheio de ânimo e lives e posts e clics e talz, aos poucos fui me recolhendo ainda mais do que simplesmente em casa: Fui me recolhendo em mim. Cada vez menos sextous e sabadous, um ou outro storie, até daqui do blog me afastei. Acho válido. Não tinha como ser diferente: A vida virtual, on-line, é um reflexo da vida real, off-line. Pelo menos deveria ser. Permanecem as leituras e escritos, um ou outro filme ou série, nada de maratonas... Tudo seguia tranquilo, abre a porta e a janela e vem ver o sol nascer. Até que: Ai ai saudade não venha me matar. Moraes Moreira partiu. Pombo correio voa depressa e essa carta leva para o meu amor. Carta de amor também é o tema da canção Revolta, de Moraes e Fausto Nilo, gravada por Marina em seu primeiro álbum Simples Como Fogo. "Já li, reli e ali na tua assinatura eu aprendi: O amor acaba neste quarto desatento". O que seria de mim sem a canção popular... Vale ressaltar que a música, já tão presente e importante na minha vida antes disso tudo, agora passou a ocupar ainda mais espaço dentro dos meus dias. E no movimento contínuo, ininterrupto do tempo, chegou Lina, nossa nova gatinha, uma pequena explosão de amor e alegria, a preencher todos os cantos da casa com seu carisma e beleza, toda rajada como uma oncinha do mato. Talvez pelo buraquinho invadiu-me a casa, tomou meu coração e sentou na minha mão. Acabou chorare: Ficou tudo lindo de manhã cedinho...
Nas fotos, Moraes Moreira na capa do álbum de 1981 e a pequena Lina a repousar sobre o leito.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

ABRIU O MÊS DE ABRIL

Está finalmente aberta a temporada 2020 do mês de abril, mês do meu nascimento. Confesso que não dou muita bola para esse papo de inferno astral. Gosto tanto de fazer aniversário, que normalmente começo a comemorar com um mês de antecedência, ao invés de me preocupar com infernos. Mas devo admitir que esse ano estou vivendo um período de inferno astral no mínimo sui generis: Quarentena. Haja criatividade para não se deixar abalar... Várias coisas me salvam nesses dias de confinamento. Não sou dado a muito tédio, sempre me ocupo de maneira positiva & satisfatória dentro de casa. Gosto de um certo confinamento, desde que não seja involuntário, como agora está sendo o caso... Minha amiga Rachel Louise Eckert é bartender no Ritz, lugar que frequento desde que me entendo por gente. (Aloka). Enfim, a Rachel tem um podcast chamado Bons Drinks que adoro seguir. Lá ela fala um pouco da história de cada coquetel, com citações de filmes e literatura relacionados e dá dicas de como preparar os drinks, inclusive em casa, agora que estamos de quarentena. O que quero dizer é que uma das coisas que me salvam nos dias de confinamento – além de leituras, escritos e dos óbvios filmes, séries, banhos de sol, exercícios, etc – é justamente a coquetelaria. Não me estranhem ou me julguem esnobe, ó pobres mortais que não fizeram, como eu fiz, o curso básico de coquetelaria do Senac. Rsrsrs. (Isso é assunto para outro post, que dedicarei à minha amiga Flávia Aguiar, colega naquela empreitada). Mas a confecção de coquetéis é um dos prazeres que mais me conforta, não apenas nesses dias sombrios como em todos os outros, desde que exercida com a devida moderação. Para tanto, você não precisa nem ao menos ter uma coqueteleira, como ensina Rachel no seu podcast. Basta colocar os líquidos e o gelo em um recipiente cilíndrico, fechá-lo e shake, shake, shake... Nas praias do litoral norte de SP, por exemplo, os vendedores das barracas batem a caipirinha em vidros com tampas de plástico... E assim vou vivendo, esperando o meu aniversário chegar e a pandemia passar. Com ou sem coqueteleira – e coquetéis – o importante é não sair para a rua. E não deixar a peteca cair, mesmo que dentro de casa. Bons drinks e boa quarentena a todos!
Na foto, Rachel em seu habitat natural, direto dos stories do meu Instagram.