domingo, 24 de abril de 2016

DOMINGO

Hoje é domingo e eu estou de coração partido. Amanhã é meu aniversário. Domingo passado meu gatinho Elvis nos deixou. Partiu para o céu dos felinos. Foi ser o anjo que era aqui em outras paragens. Fazer cinquenta e três anos assim, com o coração despedaçado, não está sendo fácil. Queria que ele estivesse comigo. Seria o meu melhor presente de aniversário. O único que sei que não terei. A pior coisa de envelhecer é que a gente começa a perder muitos entes queridos. Elvis era o meu único filho. Não tive filhos humanos. E o único filho que tive não viveu nem dez anos. Sei que com o tempo (sempre ele, o inexorável tempo) esse sentimento irá se transformar em uma saudade gostosa e sem fim. Por enquanto é uma dor que me espeta a alma. Me faz sangrar por dentro. Todos os cantos dessa casa aqui do Rio me fazem lembrar dele. E, quando chegar em São Paulo, todos os cantos das minhas duas casas me farão lembrar dele. Mas a vida segue e justamente amanhã, uma semana após a sua partida, será o dia dos meus anos. Um dia que amo e que sempre faço questão de comemorar desde a véspera. Então dedico ao Elvis, no céu com diamantes, esse dia especial. Te amo, meu bebê. E vou te amar para sempre, enquanto viver e puder comemorar o meu aniversário. Para compensar sua ausência, este ano terei lua cheia. E, pela primeira vez em cinquenta e três anos, passarei meu aniversário no Rio de Janeiro. Mas trocaria isso e muito mais pela sua presença...

quinta-feira, 21 de abril de 2016

VIÚVA, PORÉM HONESTA

Ontem à noite fui assistir a uma leitura dramática da peça Viúva, Porém Honesta, do genial Nelson Rodrigues. Com direção e coordenação de Rose Abdallah, a leitura faz parte de um ciclo que está sendo apresentado no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo. Guilherme foi um importante produtor musical, diretor artístico e empresário que doou sua casa em Ipanema para que fosse transformada em um centro cultural. Acho chique. Acho digno. A casa é encantadora, cheia de fotografias de Guilherme ao lado de importantes figuras do meio artístico como Caetano Veloso e Gal Costa, entre outros. Conheci Rose Abdallah na leitura de A Caravana da Ilusão, que foi dirigida por mim na Casa da Gávea, em março desse ano. Rose leu esse Nelson com o Coletivo Alma Não Tem Cor e as participações especialíssimas de Rogéria e Thiago Lacerda. Thiago está em um ótimo momento de sua carreira, cresceu muito como ator. Acabei de vê-lo em Macbeth e fiquei bastante impressionado. Além do talento, tem porte, voz, carisma e beleza inquestionáveis. E Rogéria é Rogéria. Ma-ra-vi-lho-sa. Sua leitura de Madame Cri Cri foi um deleite. Ela parecia já conhecer de cor e salteado todas as nuances da personagem. Nelson Rodrigues segue sendo o nosso grande dramaturgo. Visionário e atualíssimo. A peça, apesar de já ter mais de cinquenta anos, parece ter sido escrita no presente. Saí emocionado. Do lado de fora, a lua clareava as ruas de Ipanema.
Nas fotos, Guilherme Araújo em frente à casa de Ipanema, a leitura em si e selinho em Rogéria após a apresentação.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

JANELA

Da janela do apartamento da Glória, que dá de frente pro aeroporto Santos Dumont, vejo aviões decolando e pousando um após o outro sobre a Baía da Guanabara. Vejo a Rio Boat, uma profusão de luzes a iluminar a Marina. Muitos barcos ancorados, iluminados também. Vejo a lua crescendo sobre o Outeiro. Vejo uma flora exuberante na Praça Luís de Camões, cujo subsolo abriga o Memorial Getulio Vargas. Ao fundo e ao longe, o skyline do centro da cidade se recorta iluminado pelas milhares de janelas dos arranha-céus. No ipad, Billie. No copo, uísque. Não posso mais escrever, tenho muito a contemplar. Cheers!
A foto foi feita antes da reinauguração da Marina e da Rio Boat, por isso não faz jus à profusão de luzes a que me refiro. Mas, em compensação, tem lua cheia...