quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

MODA PRAIA

Todo verão traz suas modas. Desde Leila Diniz posando grávida de biquíni até as latas cheias de maconha espalhadas pela costa brasileira. Passando pelas dunas do barato e a rentrée de Gabeira com a tanga de croché pós-ditadura militar (bem adequada ao saudosismo atual). Dentre esses modismos, tem aqueles que a gente não vê a hora que passem. Como, por exemplo, o famigerado pau de selfie. A meu ver, a própria objetificação do mau gosto. Da forma ao nome... Bueno, como au bord de la mer não tenho muito o que fazer, me dedico a observar o entorno. E, como os deuses me deram olhos críticos, quase nada me escapa. Nessa temporada tem me chamado bastante a atenção as saídas de praia. Não me refiro ao ato das pessoas deixarem a praia em si e sim às roupas que vestem para fazê-lo. Os modelos estão cada vez mais ousados e sem noção. Percebo um abuso de rendas e transparências inacreditáveis para o horário e o local. Agora mesmo passou uma cuja parte de trás era longa, quase uma cauda a varrer as areias. Um figurino de show burlesco que não deixaria nada a desejar a Claudia Raia... Às vezes fico achando que bebi demais e estou tendo visões: Mas sou capaz de jurar ter visto uma toda em renda preta com debrum de plumas... Isso sem falar nas caixinhas de som bluetooth, verdadeira praga dos últimos verões. Como se não bastasse as pessoas ouvirem música ruim, elas insistem em impor o seu mau gosto musical a todos os que estão à sua volta. Tem uns que até as instalam nas bicicletas. E passam distribuindo música de péssima qualidade para quem puder escutar... Como podem ver, trato de me ocupar. Como moda também é cultura - lembram da declaração da Marta Suplicy? - praia para mim também passou a ser. E, como sou generoso, cuido de dividir tudo aqui com vocês... À tout a l'heure!
P. S. Assim que terminei de escrever esse post, lembrei da moda dos shortinhos em camadas de babados de renda que pareciam capas de botijão de gás. Esses, felizmente, já foram enterrados...
Na foto, vende-se de um tudo à beira mar. Saudades da Baby (então Consuelo) cantando Menino do Rio na abertura da novela Água Viva.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

JANEIRO AL MARE II

Tive de repetir o título do primeiro post do ano: Foi inevitável. É que já estou de volta ao mar, desta vez em Camburi, outro dos meus destinos preferidos no litoral norte de São Paulo. Sigo na vibe levantar cedo, pegar o melhor sol do dia até umas onze horas - que pelo horário normal são dez - e depois ir para casa preparar o almoço e dar início aos drinks... Como tive uma semana agitada em São Paulo, recebendo minha irmã Raquél e, inevitavelmente, bebendo muito, ainda estou sem beber desde domingo. Mas hoje essa lacuna já será devidamente preenchida... Das incríveis coincidências da vida: Já contei aqui no blog que tive como vizinho de porta no condomínio onde me hospedo em Camburi o ator Paulo Castelli, que é filho da também atriz e também gaúcha Maria Luiza Castelli, de quem eu era muito fã nos anos setenta. Pois agora estou hospedado justamente no chalé dele. Nem desconfiei que o Paulo, que me mandou mensagem de voz no whatsap falando sobre o aluguel, era ele... E os dias seguem da maneira que é bom que sigam nessa época do ano: Quentes, ensolarados e belos. E, evidentemente, à beira mar... Daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Na foto, Camburi ao sol praticamente só para moi.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

SAMPA TOUJOURS

Hoje é o aniversário de São Paulo. Cidade que me acolheu há vinte e três anos, quando cheguei de mala, cuia e muitos sonhos a realizar. De lá para cá, ela segue me acolhendo, me encantando e, sobretudo, me surpreendendo. Muita coisa mudou, umas para melhor e outras, para pior. Esse calor infernal, por exemplo, não fazia há vinte anos. O carnaval era minha época favorita do ano por aqui. Todo mundo saía e a cidade ficava praticamente deserta, só para mim. Agora, virou uma filial de Salvador, com trios elétricos e multidões invadindo as ruas. Ainda assim, sigo amando e me encantando com essa cidade... Sempre fui urbano. Desde cedo percebi que a pequena e pacata Soledade não caberia no meu sonho. Logo depois, o mesmo se deu com Porto Alegre, onde vivi grande parte da minha juventude. Foi aqui que me achei. Ou melhor, aqui sigo me procurando. E me encontrando sempre modificado.... Ontem à noite, na véspera do aniversário da Cidade, fui duplamente presenteado. Cida Moreira brindou o público que foi prestigiá-la no pequeno Bona, uma adorável casa de música no bairro de Pinheiros, com um delicado e precioso show. Acompanhada de dois excelentes músicos, ela apresentou pérolas do cancioneiro nacional e, de lambuja, alguns dos seus hits internacionais. Só isso já teria sido um presente para lá de satisfatório. Mas ela encerrou a noite me chamando ao palco para cantar ao seu lado o Youkali Tango, de Kurt Weill, e tudo se transformou em magia. Daquelas noites inesquecíveis que a gente guarda em um canto especial da memória... O tempo passa, o tempo voa e eu sigo amando essa cidade com todas as suas contradições, contrastes e idiossincrasias. Como diria Rita Lee, a mais completa tradução de Sampa, amo até o cheirinho de merda do rio Tietê... Que São Paulo prospere sempre, que siga aberta e receptiva, plural e diversa como ela só. E que eu sempre possa homenagear a minha cidade do coração. Amo-te, ó Pauliceia! Como as flores amam o frio orvalho que o infinito chora...
Nas fotos, eu impressionado com SP logo que cheguei e cantando ontem à noite ao lado da musa Cida Moreira.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

JANEIRO AL MARE

O mês de janeiro entrou comme il faut: Dias de sol escaldante e céu azul junto ao mar de Ilhabela. Aliás, belíssima. Essa ilha me encanta. A cada vez ainda mais. E sempre. Fora todas as lindas praias ela tem matas, montanhas e cachoeiras. Falando em cachoeira, a mais recente descoberta foi a de Paquetá, no bairro do Bexiga, que tem três patamares e, no último, uma piscina natural de borda infinita que descortina o mar aberto. Indescritível. Incroyable, como dizem os franceses... Eu já havia passado o Natal por aqui e, depois de rápido bate-volta em São Paulo para o Ano Novo chez meu amigo Tude Bastos, voltamos para nos despedir desse paraíso antes de retomar as atividades na Pauliceia que não pode parar... E tudo tem sido da maneira que deve ser junto ao mar: Banhos de sol e de mar, muitos pores de sol, cachoeiras, drinks - o da vez é uma mistura que faço de sakê, lima da Pérsia, hortelã e gelo - passeios pela vila, almoços e jantares preparados à la maison e muita, muita música no iPad. O mar sempre me inspira a ouvir a velha e boa MPB. Agora redescubro Evinha, o nosso Michael Jackson (segundo moi mêmme). Voz de puro cristal, gospell, soul, rhythm and blues, bossa. Evinha canta de tudo e tudo fica lindo na voz de Evinha. Para os desavisados, ela estourou por aqui nos sessenta em festivais, ao lado dos irmãos no Trio Esperança e em carreira solo no começo dos setenta em vários álbums antológicos. Depois de rodar a Europa em turnê como crooner do maestro Paul Mauriat, casou-se com o pianista da orquestra e passou a residir na Cidade Luz em si, mais conhecida como Paris. Morro de inveja da Evinha... Experimente ouvir Something, dos Beatles, na voz dela. Puro deleite. E o tempo passa, navio de cruzeiro vai, navio de cruzeiro vem e la nave va. Ou, melhor dizendo, et vogue la navire... Aqui não tem televisão. Muito Netflix no iPad. Estou amando a série Wanderlust, de Nick Paine, com a maravilhosa Toni Collette. Atores ingleses, além de excelentes, tem rugas e dentes imperfeitos. Diferentemente dos americanos e brasileiros, todos feitos, retocados, preenchidos, botoxados e lipoesculpidos. A vida como ela é... Me paro por aqui. O calor grita. E logo teremos de voltar ao normal, com rotina, tv, trânsito, poluição, a velha nova política, o novo velho Brasil e tudo mais o que vem pela frente. À bientôt!
Nas fotos, o topo da cachoeira de Paquetá e a capa do antológico álbum Eva, de 1974, da cantora Evinha.