terça-feira, 30 de novembro de 2010


UMA PRAIA DISTANTE & DESERTA...
O mês de novembro chegou ao fim. O ano está chegando ao fim. O verão está chegando. E eu só penso em estar numa praia distante & deserta. Sem maiores interferências urbanas e/ou humanas. Quase selvagem. Humanos produzem lixo e barulho demais. Sobretudo à beira-mar. Gostam de ouvir axé no talo. FM no talo. Beber muuita cerveja. Jogar frescobol. Ou, pior, futebol. E a gente sempre correndo o risco de levar uma bolada na cabeça. Ou, pior ainda, correndo o risco de que te peçam para jogar a bola de volta... Quero sossego. Nunca pensei que, depois de um ano inteiro sem trabalhar, eu ainda estivesse interessado em sossego. Mas é a mais pura verdade. Se hoje alguém me pedisse para citar um artigo de luxo eu, sem dúvida alguma, responderia: Silêncio. Silêncio é bom e eu gosto. E à beria mar, então, ouvindo somente o barulho das ondas, o canto de uma ou outra gaivota que passa... Tá, o tiozinho vendendo picolé, ok. Também não precisa ser TÃO deserta assim, a minha praia distante & deserta. Eu levaria apenas uma caixa térmica com vinho branco no gelo. Ou champanhe. E, claro, taças de cristal. Plástico e bom vinho não “harmonizam”, para usar um termo bem enológico. Algumas frutas, também. Peras, melão orange cortado em fatias. Um livro, de preferência de contos ou crônicas, que, se cansar, dá para interromper a leitura a qualquer momento. Papel e caneta, para anotar as boas idéias. Porque certamente, à beira mar e tomando vinho, elas surgirão. E se não se anota, o vinho sobe e a memória se vai com as ondas. De vez em quando, ao longe, passariam duas crianças brincando. Mas bem ao longe, que é pra não se ouvir os gritinhos. Elas jamais brincam sem gritar. De vez em quando, ao longe, passaria também um ou outro surfista. Mas não tão ao longe, que é pra se poder vê-los melhor... Na cabeça, de vez em quando, a lembrança de uma antiga história de amor. Vivida, de preferência, em um outro continente e já devidamente arquivada na memória como algo que foi bom. E passou. No walkman, de vez em quando também, alguma Ella ou Billie ou Nina ou Amy ou Madeleine Peyroux... E os dias iriam passando assim, devagar, sem vento, sem lenço e sem documento, até que a vontade de sair para badalar, ver gente, assistir a espetáculos ou, simplesmente, trabalhar, se tornasse incontrolável. E eu sentisse, finalmente, vontade de ir embora pra casa deixando para trás a minha bela e inesquecível praia distante & deserta...Para retornar assim que me desse na telha!
Na foto, eu, jovem e barbudo, em alguma praia distante & deserta.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010




WONDERLAND
Uma das piores coisas de se envelhecer é que a gente começa a perder cada vez mais pessoas queridas. É a lei natural da vida, um dia todos vamos morrer. Mas tem umas pessoas que se vão cedo demais! Hoje eu soube, logo pela manhã, que minha amiga Claudia Wonder partira aos cinquenta e cinco. Fiquei o dia inteiro triste, confuso, chateado. Pensando, entre outras coisas, que cinquenta e cinco anos é cedo demais para se partir! Se bem que, embutidos nesses cinquenta e cinco, ela deve ter vivido, pelo menos, uns cento e dez anos. Claudia era sábia. Vivida. Viva. Diva. Culta, inteligente e espiritualizada. Éramos amigos há mais ou menos dez anos. Como rimos, bebemos, brigamos, fizemos as pazes, cuidamos um do outro ao longo desses anos. Quando resolveu voltar para a Suíça, onde vivera durante anos, me deixou a chave da casa, o cartão do banco e a senha. Como éramos vizinhos, todos os dias eu ia lá, abria as janelas do apartamento, molhava as plantas, pagava suas contas. Sempre generosa, quando estava muito feliz, me ligava e dizia: Pega um dinheiro no banco e vai tomar champanhe no Ritz por minha conta... Teve a época em que nosso amigo em comum Edson Cordeiro foi morar no prédio da Claudia, aquele predinho pequeno, de quatro andares, que fica na esquina da Hadock Lobo com a Alameda Franca. Que era mais conhecido como A Prédia, tal a quantidade de gays que nele morava. Éramos os vizinhos inseparáveis. Fazíamos sinais pelas janelas, nos chamávamos, nos reuníamos. A ternurinha Wanderléia mora no prédio em frente e uma vez eu comentei com a Claudia que dois abajures estavam sempre acesos, dia e noite, em seu apartamento. Ao que Claudia respondeu: Será feng shui? Não pude deixar de rir entre lágrimas ao relembrar... Não tive o prazer de assistir às suas antológicas performances no Madame Satã, nua numa banheira de groselha, pois ainda não morava aqui em São Paulo. Mas a Claudia foi responsável por uma grande guinada em minha vida: Eu andava sem trabalho, deprimido e desacreditado de tudo quando ela me levou para conhecer o pessoal do Reiki, que se reunia às segundas-feiras numa casa em Santana. Lá conheci minha mestra Clara Gumiero que, em duas sessões, botou a minha vida nos eixos...
Vai com Deus, amiga. Faz a tua première no céu cercada de luxo e glamour. Finalmente habitarás a tua Wonderland. E que os anjos e anjas de todas as etnias, tendências e sexualidades digam Amém.
Nas fotos: Chamego no dia dos meus anos e pit-stop chez-moi antes de ir para a parada montada com chifres de veado.

domingo, 21 de novembro de 2010


EDUARDO STERBLITCH
Minhas Sinceras Desculpas: Esse é o título do espetáculo do ator Eduardo Sterblitch e também o meu pedido de desculpas. Gostaria de redimir meu mau humor e minha falta de paciência com o “humor em si” manifestados no post HUMOR, de 01 de novembro de 2010. Finalmente surge uma boa novidade no já batido mercado do riso, que está repleto de egos inflados, fazendo tudo o que podem para agradar: Eduardo Sterblitch. Eu já havia testemunhado seu talento no show do grupo Deznecessários, a que assisti há uns dois anos atrás em um bar da Vila Olímpia. Fomos assistir ao show atraídos pela performance do Traficante Gay, então um sucesso no Youtube. O ator que fazia esse personagem não compareceu, pois estava gravando uma novela no Rio, mas a grata surpresa da noite foi, justamente, Eduardo Sterblitch, com seu jeito tímido, às vezes atropelado com as palavras, o que lembra bastante Pedro Cardoso, que deve, com certeza, ser um dos ídolos ou referências do ator, o que se evidencia ainda mais nesse seu trabalho solo. Sei que ele faz alguns personagens no programa Pânico, da Rede TV, ao qual não assisto porque não gosto. Mas posso até desculpá-lo por isso, afinal, artistas talentosos também precisam pagar as suas contas. Eduardo Sterblitch poderia acomodar-se à fama conquistada através da TV oferecendo ao público o que este espera dele: O riso fácil, as imitações de famosos. Mas, ao contrário, prefere, do alto dos seus vinte e três anos, lançar-se ao desafio e fazer o que tem vontade: Um espetáculo no mínimo estranho, contundente, provocador. Não, ele não faz gracinhas. Não imita o Silvio Santos. Não conta piada pronta. Não bebe uísque, como fez no Programa do Jô. E o melhor: Não faz stand-up comedy. Eduardo Sterblitch trabalha com a reversão de espectativas, com a desconstrução, com o anti-espetáculo. Fica, por exemplo, o tempo todo preparando a platéia para a melhor parte do espetáculo, o seu grand finale, sua melhor performance. Mas, quando chega a hora do espetáculo acabar, ele não o faz porque não deu tempo... Ironicamente acho que o momento de ir embora acaba sendo mesmo o melhor momento do espetáculo. Pois a platéia, que foi lá para “rachar o bico” certamente se sente incomodada com ele, que a chama de burra. Sem medo algum. Como uma espécie Andy Kaufman, ele não quer agradar. Não quer aprovação. Deixa isso claro desde o início, quando explica por que prefere começar o espetáculo no canto: Todos começam os seus espetáculos no meio... E o melhor: Seu espetáculo tem banda, mas não é um musical. Aliás, a banda, excelente, fica o tempo todo em cena e toca apenas três ou quatro músicas. Ele justifica: Eu sei que vocês vão sair falando mal. Então coloquei uma puta banda, assim vocês vão dizer: A banda é boa.
Palmas para Eduardo Sterblitch.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010




CAUBY, CAMBUCI E ETC.
Fim de semana intenso, prolongado pelo feriado na segunda-feira. Como é bom morar em São Paulo, que oferece sempre tantas opções de lazer, cultura, entretenimento e o que mais você quiser fazer. Ou ver. Ou ouvir. Ou, então, simplesmente, não fazer. Mas saber que as opções existem é muuito bom. No caso, fiz. E bastante. A agitação começou na sexta-feira à noite, com a festa, para poucos e bons, de aniversário da Cida Moreira, em sua nova casa do Butantã. Muito vinho e risadas, com direito a canjas da própria Cida, Thiago Pethit et moi, modestamente. No sábado fui, com meu amigo Mauro Yanaze, em visita a São Paulo para conferir a Bienal, visitar a Mostra Paralela, no Liceu de Artes e Ofícios. Belas obras de Osgêmeos, Adriana Varejão, Cabelo, Felippe Segall e muitos outros. Vale conferir, em mais ou menos uma hora dá pra ver tudo. E é sempre bom andar pelo centro antigo de São Paulo, a Luz, a Pinacoteca e tudo mais que entorna esses lugares. Domingo foi o dia de Cauby arrasar, no Sesc Vila Mariana, cantando hits do repertório de Frank Sinatra acompanhado de impecável orquestra, ou melhor, big band acústica, sob o comando do maestro Ronaldo Rayol. Cauby continua impecável e é dono de técnica e potência vocais invejáveis nesses tempos de play back e programas de computador que afinam vozes. Esses seus predicados permitem fazê-lo alcançar tons altíssimos sem fazer o menor esforço. E ainda brinca, dizendo: Chega, Cauby. Para, Cauby. Não precisa gritar, é só cantar... Maravilhoso.
Hoje, na segunda feriada, pra arrematar o weekend étendu, fomos, Weidy e eu, aproveitando o sol, passear pelo bairro do Cambuci à cata de grafittis para fotografar. Eu sou grande admirador dessa forma de expressão artística, inclusive já dediquei post aqui no blog especialmente a eles. O post chama-se GRAFITTIS, quem quiser ler é só procurar no arquivo do blog. Mas, enfim, voltando ao Cambuci. O bairro é bastante simples, popular, em alguns pontos pobre mesmo. Mas tem pequenas praças, largos, igrejas, que lembram muito Salvador, lá pros lados da Ribeira. E muitos, muuitos grafittis, principalmente dos Gêmeos que, ao que sei, cresceram por lá e começaram a desenvolver seu trabalho, hoje mundialmente reconhecido, no Cambuci em si... Adoro ficar em São Paulo nos feriadões, quando todo mundo que não interessa sai, deixando a cidade livre pra quem se interessa por ela. Ruas tranquilas, nada de trânsito, uma maravilha. Gosto mesmo é de sair de São Paulo na contra-mão do movimento, entre os feriados ou na baixa estação, o que pretendo fazer essa semana se o tempo colaborar. Agora já estou em casa, ouvindo Robin Thicke, enquanto despejo todas as imagens e informações no computador.
Bonne semaine à tous!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


TIMIDEZ NO HAPPY HOUR

O título do post sugere um bar, ao entardecer, cheio de gente cabisbaixa, sem coragem de falar uns com os outros, certo? Errado. Refere-se ao programa de Astrid Fontenelle e Fred Lessa, no canal GNT, do qual participei ontem e cujo tema era timidez. Eu, que tenho verdadeiro pavor de TV ao vivo, fui bem feliz - e bastante nervoso - participar desse que é um dos programas mais legais da nossa televisão. Astrid e Fred são dois fofos, que recebem com o maior carinho seus convidados, deixando todo mundo super à vontade. Quando cheguei estava tão nervoso que confesso que não sabia o que fazer com as mãos. Aos poucos fui relaxando e finalmente estava me sentindo quase em casa. Sem falar que fui presenteado com a presença de um dos meus maiores ídolos, trilha sonora viva de toda a minha adolescência e juventude, Milton Nascimento. Acreditem, não é nada fácil, para um tímido como eu, ficar na presença de alguém como ele como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não é. Até porque, para mim, Milton não é desse mundo: Ele é um Deus. Fora todos esses grandes prazeres, participar do programa foi terapêutico pra mim, que nunca quis saber de fazer terapia, pois a timidez não me permitiria. Falar abertamente e em grupo sobre um problema é a melhor maneira de fazer com que ele deixe de ser um problema. Trocar idéias com pessoas que tem o mesmo problema que nós, ou saber casos de outras pessoas que também o tem, esclarece e, sobretudo, alivia. É sempre bom saber que não estamos sozinhos nesse mundo... Outro grande prazer que o programa me proporcionou foi conhecer Lazinho, o maquiador. Sabe aquelas pessoas que são história viva do show biss? Lazinho é um arquivo ambulante, um google personificado...
Que chopinho com o pessoal da repartição, o quê! Happy Hour, é com a Astrid...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010


DE CORTAR OS PULSOS
No sábado, dia seis, fui assistir, junto com meu amigo Cau Saccol, ao show de Cida Moreira, Canções Para Cortar os Pulsos. O local da apresentação, um pequeno café-concerto chamado Casa de Francisca, é, também, uma atração à parte. Em pleno bairro dos Jardins, na rua José Maria Lisboa, tem-se a impressão de estar num cabaret de Buenos Aires ou num daqueles bares alternativos que havia em Porto Alegre nos anos oitenta, em alguns dos quais já assisti, tempos atrás, a própria Cida se apresentar. Passado o encantamento inicial que a casa provoca, ou melhor, passado não, pois ele permanece: Assimilado o encantamento inicial que a casa provoca, vem, finalmente, a Cida com seu piano a destilar as mais incríveis canções que, como diz o título do espetáculo, nos fazem querer cortar os pulsos. Todos. Vários, muito mais do que apenas dois. Os oito, se fôssemos como os polvos. Entre belas canções de Tom Waits ela nos presenteia, também, com Soul Love, de David Bowie, Youkali Tango, de Kurt Weill, Summertime, de Gershwin e Back to Black, de Ammy Winehouse. Com Curuminha, de Chico Buarque, então, o sangue jorra. Garrafas de vinho são esvaziadas sobre as mesas e as pessoas, embriagadas de álcool e de Cida, não contém exclamações... Eu sou fã dessa cantora desde o início dos anos oitenta, quando a descobri através de seu álbum Summertime, que foi gravado ao vivo no Lira Paulistana e cujo vinil é roxo. Na ocasião, eu ainda morava em Porto Alegre e, felizmente, Cida ia com frequência se apresentar na minha cidade e eu não perdia um show seu. Sempre teatral, ela abria vários desses espetáculos tocando o instrumental A Última Sessão de Música, de Milton Nascimento, e Asa Partida, de Fagner, duas das minhas canções preferidas à época. Lembro de um show de Cida a que assisti em Atlântida, uma praia do Rio Grande do Sul, e, no qual, faltou luz em meio à apresentação. Ela seguiu tocando e cantando, mesmo no escuro, e os donos da casa foram colocando velas à volta da cena, formando uma espécie de ribalta, na qual Cida brilhou ainda mais e tudo ficou muito mais emocionante... Recentemente eu tive o prazer de começar a fazer aulas de canto com ela, o que me enchia de felicidade pois, além de estar exercitando o canto, eu tinha o prazer de conviver com essa que sempre foi uma das minhas cantoras preferidas. Mais recentemente ainda, em agosto do ano passado, quando eu ainda estava na Terça Insana, tive a honra de dividir o palco com ela no espetáculo Terça Insana Cabaret, que criamos juntos, no qual ela fez a direção musical e nos acompanhou ao piano. Cida é uma cantora rara, que não se submete às normas do mercado, faz sua própria trajetória musical cheia de liberdade e sempre com um sentido de pesquisa de repertório que é extremamente enriquecedor. Quando ela abre seu baú de pérolas do cancioneiro nacional e internacional, não tem pra ninguém: É autoridade.
Ah! Esqueci de dizer que guardo até hoje o vinil roxo de Summertime e que, recentemente, em um show que Cida fez no Itau Cultural junto com o Arthur de Farias, eu levei o álbum e ela o autografou para mim. Escreveu: Roberto, um beijo da Cida. E, ao colocar a data, ao invés de por o ano em que estávamos, escreveu: 1981. O ano em que o disco foi lançado... Só a Cida!

sábado, 6 de novembro de 2010


BEIJO BANDIDO
Ontem assisti, pela segunda vez, ao show Beijo Bandido, de Ney Matogrosso. O show anterior, Inclassificáveis, assisti três vezes. Uma delas, no Canecão, na companhia da minha amiga frenética Lidoka e do inesquecível Ezequiel Neves. Sou muito fã de Ney. Desde pequeno. Ou melhor, desde criança, porque pequeno ainda sou... Eu devia ter de seis para sete anos quando os Secos & Molhados estouraram e ficava impressionado em frente à TV preto e branco assistindo às suas performances arrasadoras. Lembro que na Páscoa juntávamos cascas de ovos ocas para depois pintá-las e decorá-las com motivos como coelhinhos, pintinhos e etc. e recheá-las com amendoins. Eu fiz uma casca de ovo com a maquiagem que Ney usava nos Secos & Molhados, com direito a purpurina e rabo-de-cavalo preso na parte de trás da cabeça... Até hoje Ney é um artista que admiro. Sigo. Consumo. Ele é um artista no qual me espelho. Quero ser como ele quando crescer. Ter a sua coragem, seu carisma, sua capacidade de entrega. Ney é o show man. O homem espetáculo. Quando ele mostra um pedacinho do ombro sob o paletó, a platéia vem abaixo. E, em meio à ovação, alguém grita: Tira tudo!! Ele ri, faz uma cara sexy e continua o show como se nada tivesse acontecido. Só que tudo está acontecendo. Principalmente na cabeça das pessoas que, através de décadas, seguem tendo Ney como seu símbolo sexual. Já estive com ele, pessoalmente, algumas vezes, através de nosso amigo em comum, Ocimar Versolato. Só que, como sou muito tímido e acho que ele também é, a coisa nunca foi muito além dos cumprimentos e parabéns. De ambas as partes, pois ele também já foi me assistir na Terça Insana. Ney sempre me inspira. Ano passado comprei uma caixa com dezessete CDs, chamada Camaleão, que traz seus álbuns dos anos setenta, oitenta e noventa. Adoro escutar sua gravação de Bandido Corazón, de Rita Lee. Ou O Tic Tac do Meu Coração, hit de Carmen Miranda. Todo artista tem altos e baixos na carreira. Ney parece ter somente altos. É uma máquina de fazer sucessos. Mesmo quando as canções são todas inéditas, ele canta e as transforma, imediatamente, em hits. Nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem. Mas vi, vejo e verei, para sempre, Ney Matogrosso...
Acabei nem falando do show Beijo Bandido, título do post... Vão assistir!
Ah! A foto fui eu que fiz...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010



HUMOR
O humor está perdendo a graça. Se banalizou. Chegou no camelô, como gosto de dizer quando algo está em toda a parte. Ta igual àquele coraçãozinho que as pessoas fazem com as mãos. Ou, sei lá, calça saruel. Melhor: Restaurante a quilo. Vocês já se deram conta de que agora tudo, absolutamente TUDO é humor? A MTV, por exemplo, deveria mudar o nome para HTV. Pois música é o que menos tem lá. Já humor... E o triste nisso tudo são as confusões que as pessoas fazem, apropriando-se de formas, tipos, estilos, como se houvesse uma fórmula para se fazer humor ou o que quer que seja. O humor virou moda. E, como toda moda, vai passar. E eu, como gosto de estar sempre à frente da moda, estou torcendo para que passe logo. Não quero mais rir. Chega! Não posso mais ouvir falar na expressão “stand up”. Sobretudo quando pronunciada com sotaque de mano paulista, seguida do não menos batido "tá ligado?". Algo como: É isteindápi, tá ligado? "Mó" engraçado... Meu próximo espetáculo quero fazer deitado, pra deixar bem claro que não é stand up. Aliás, será que alguém aqui no Brasil, além da Agnes Zuliani e, claro, dos pioneiros Agildo, Miele, Chico e Jô, sabe exatamente o que quer dizer stand up? Não a tradução literal, evidentemente. Por sinal, erro muito comumente cometido por parte dos ditos "stand upers", que chegam a declarar que stand up comedie significa comédia em pé. Pior ainda é dizer que o espetáculo é um “stand up de personagens”. Hello! Isso não existe!! É o mesmo que dizer que o restaurante é vegetariano com carne... Dizem que rir é o melhor remédio e eu concordo. Acredito que realmente é. Também acho que, para dormir, Lexotan é o melhor remédio. Mas já imaginaram tomar uma caixa inteira de Lexotan? Não dá, né? Outro dia dei uma entrevista para a revista Júnior, cuja matéria seria sobre atores que fazem espetáculos solo. Antes de dar a entrevista disse que ainda não havia feito um solo, só poderia falar da minha experiência na Terça Insana, que era composta de vários pequenos solos de diferentes atores. Ok, concordou, concordei, concordamos. E adivinha qual foi o título da matéria? Os reis do stand up! Eu nunca fiz stand up na minha vida! Sou tímido demais para isso. Mas até explicar que focinho de porco não é tomada, eu desisto e fico na minha. Torcendo pra que essa onda passe!
Na foto, a maravilhosa Dercy Gonçalves de MAU humor. Com “u”, tá? Porque mal com “l” é o contrário de bem...