terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PENSAMENTOS PÓS-CARNAVAL... Minha ausência aqui no blog não é por falta de tempo. Muito menos, de assunto. O mês de fevereiro, apesar de ser mais curto do que os demais, está sendo rico e intenso para essa época do ano cuja fama é de que nada acontece... Depois do incrível e singular baile de máscaras do Igrejinha, do meu amigo Ricardo Kanazawa, no domingo, teve a descoberta da pequena Santa Branca, cidade singelamente situada a apenas uma hora de São Paulo, e seu restaurante Deck Beira Rio, com vista chapante das margens do Paraíba do Sul. A segundona também teve direito a carnaval de rua, com uma fanfarra tocando Maria Sapatão no coreto da praça e crianças fantasiadas pulando e jogando confete. Comme des garçons... Continuo me irritando muito com toda sorte de barulhos. Principalmente os provocados por seres humanos. Dentre eles, um dos piores, falar alto em público. No parque, no ônibus, metro, restaurante ou padaria. Não sei o que é pior: Falar alto ou ostentar riqueza. Já sei: Fazer os dois ao mesmo tempo! É insuportável... Assisti a dois interessantes espetáculos cujos elencos são formados basicamente por amigos: O Terraço, comédia francesa estranhamente inquietante de Jean-Claude Carrière, e O Crânio, com direção de Noemi Marinho. Nesse último, a performance de Patrícia Gaspar se impõe como uma das coisas mais deliciosamente refrescantes desse verão de calores indecentes... Passei dias e noites inesquecivelmente belos em Ilhabela, o que só comprova que não há mosquito capaz de ofuscar tamanha beleza... Na volta, pit-stop em Camburi e, já em São Paulo, caminhada de domingo no Minhocão seguida de ostras de Cananéia com cerveja gelada no bar Prainha, ali na esquina da Martinico Prado com a Martins Fontes. Recomendo... No mais, natação nos Sescs, bicicleta, skate e corridas, divididos entre o Ibirapuera e o Parque da Aclimação. Como dá para ver, meu sumiço aqui do blog realmente não é por falta de tempo e, muito menos, de assunto. Não passa de pura preguiça pós-carnaval. E Feliz Ano Novo para todos, pois parece que agora ele finalmente vai começar... Nas fotos, o baile de máscaras do Igrejinha e um dos incríveis entardeceres de Ilhabela.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

GINÁSIO VELHO Há muito tempo, quando ainda não existia celular, internet, banda larga, wi-fi, redes sociais e toda essa infindável série de tranqueiras tecnológicas sem as quais não somos absolutamente nada nem ninguém, o ensino fundamental, ou primeiro grau, era dividido em primário e ginásio. Como eu peguei a reforma do ensino – se não me engano, de 1973 – o meu primeiro grau inteiro já foi considerado uma coisa só, que ia da primeira à oitava série. Só que a gente seguia estudando da primeira à quarta séries no Grupo Escolar, como se ainda fosse primário, e da quinta série em diante éramos transferidos para o Ginásio. Eu cursei a quinta série no recém-inaugurado prédio do Ginásio Novo. Porém, na sexta série fui transferido para o antigo prédio do Ginásio São José, que todos chamavam Ginásio Velho e é dele que quero falar. O prédio, originalmente construído no estilo art-déco, ainda existe. Mas, depois de infindáveis reformas, foi tão descaracterizado que hoje não passa de um arremedo do que outrora fora. Assim como suas vizinhas, a Igreja Nossa Senhora de Soledade e a Casa Canônica. O fato é que o antigo edifício tinha história. E, o que mais me impressionava, tinha um teatro no seu interior. Sim, um teatro de verdade, em estilo italiano, com platéia em formato de ferradura, balcões e camarotes. Com coxias, urdimento e até caixa de ponto. Para os que nunca ouviram falar disso, muitas reformas ortográficas e planos econômicos atrás havia, na boca de cena dos teatros, um alçapão coberto por uma espécie de concha, de onde uma pessoa – o ponto – soprava o texto para os atores. Chic, não? Hoje há quem use ponto eletrônico... E os encantos do antigo prédio não paravam por aí: Havia também uma sala de música, com um piano, onde minha professora, Dona Flora, às vezes nos levava para que meus colegas me ouvissem tocar. Ainda é viva a Dona Flora? Saudades... Foi no palco do Ginásio Velho que assisti pela primeira vez a um espetáculo de teatro. Eu era muito pequeno, só lembro que tive medo e chorei quando meu tio Luizinho, que era ventríloquo, apareceu no palco com seus bonecos e um deles era uma caveira de tamanho natural... Havia também, no andar de baixo, uma oficina de trabalhos manuais e artes industriais. E a livraria dos padres, que ficava na parte da frente, com porta para a rua? Tinha a quadra de esportes, com arquibancadas. Naquele ano, 1975, participei da seleção masculina de handball. A grande emoção era quando viajávamos para as cidades vizinhas para participar dos campeonatos estaduais... Tenho certeza de que havia muitas salas e compartimentos secretos, assim como túneis e passagens que nós não conhecíamos. Essas antigas construções, ainda mais quando feitas por religiosos, sempre guardam mistérios... Não sei o que é feito do Ginásio Velho hoje em dia, parece que até mora gente lá, ou já morou. Quem porventura ler e souber, por favor, me conta? Na foto, o Ginásio Velho quando ainda era novo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

PENSAMENTOS DE PRÉ-CARNAVAL Não estou me guardando pra quando o carnaval chegar. Pelo contrário, me distribuo gratuitamente nas redes sociais. Que não andam lá muito sociais... Vejo máscaras e corpos purpurinados por todos os lados, mas nada de entrar no clima... Tem dias que a vida não faz mesmo sentido. Imagine em dias de pré-carnaval, com jovens morrendo cada vez mais jovens e velhos, cada vez mais velhos. E eu, zebra, coluna do meio... Remexo armários em busca de algo que deixei pra trás, não sei exatamente onde nem quando. Muito menos, o quê... Frases sublinhadas em livros, algumas cartas, apontamentos de história sobrenatural, autógrafo de um velho poeta... Nado de um lado a outro da piscina, como um peixe no aquário, porque não vejo sentido em ficar correndo no mesmo lugar sobre a esteira... Na lanchonete, peço filé de frango, arroz integral e legumes salteados. Que bom que eles já são salteados, não precisam ficar eternamente sautés... O moço do caixa pergunta se estou em cartaz com algum espetáculo. Respondo: Quem me dera! Ele ri, confirmando o quanto sou mesmo engraçado, tal qual me vira no Avenida Club... Alguém mais vai ficar em São Paulo no carnaval? Domingo vai ter baile de máscaras no Igrejinha, com marchinhas, quem é você adivinha e quetais. É claro que eu vou, nem que me sinta o velho na porta da Colombo, porque pensando morreu um burro em dias de pré-carnaval... Na foto, meus pais no carnaval de 1948, em Soledade.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FOREVER BABY Eu quero peles, panos, cores mis. Porque em cima de moi, só confecções. Não, ela não cantou os versos acima, que pertencem à canção Eu Sou Baby Consuelo. Até porque ela não é mais Consuelo. É do Brasil. Mentira! Baby é Consuelo forever!! Fui assistir, ontem à noite, ao show Baby Sucessos, que seu filho Pedro dirigiu em homenagem aos sessenta anos da mãe. Eu, que já vi Baby tinindo trincando no final dos setenta, início dos oitenta, estava apreensivo antes do show começar. Mas, bastou soarem os primeiros acordes e Baby já disse a que veio. E veio com tudo, of cours. Sim, a menina dança. E como canta! Normalmente quando assisto a shows de artistas que foram meus ídolos no passado fico com aquele misto de tristeza e decepção por perceber que não cantam mais como antes. Invariavelmente colocam vários backing vocals cantando muito para disfarçar que estão praticamente falando as letras das canções. Esse definitivamente não é o caso da musa dos Novos Baianos, que canta sozinha, sem nenhum backing vocal, tudo no próprio gogó. E arrasa. Baby está em plena forma aos sessenta. Sua energia e performance são contagiantes do início ao fim do espetáculo, que tem duas horas de duração. E seu coração flutua nessa sua divindade... Pedro, filho de peixe, herdou o melhor do pai Pepeu: O talento, habilidade e domínio de seu instrumento. Conduz a mammy e a excelente banda com maestria sur la scène. Pra lá de evangélica, Baby é cósmica e, ao mesmo tempo, telúrica. Seu Deus soprou-lhe no ouvido que seguisse a direção do filho. E ela, sábia, obedeceu: Eu canto pra Deus proteger-te. Bom para nós, que fomos assistir a esse momento histórico da música popular brasileira. Acabou Chorare ao violão levou parte da platéia às lágrimas. Falo por mim, que me acabei. Mas era um choro alegre. De felicidade por estar ali. Envolvido nos seus braços, me sentindo um carneirinho... É o tipo de show que você sai com a alma lavada. E se você fecha o olho, depois, em casa, na cama, a menina ainda dança. Dentro da menina do olho. Imperdível...