segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

JANEIRO À BEIRA DE

Janeiro à beira de: O mês já está quase no fim, à beira de terminar. E eu estou novamente em Camburi, meu paraíso à beira mar. Bacana, não? Para encerrar o primeiro mês do ano em grande estilo... Tantas coisas já aconteceram nesse janeiro! São Paulo fez aniversário, minha irmã veio me visitar, o prefeito Dória pintou muros e paredes de cinza para encobrir pixações e grafittis, voltou atrás e até propôs criar um grafitódromo, o que eu, amante do grafitti que sou, achei bem esquisito. E por falar em amante do grafitti, achei engraçado que de repente todos passaram a amar e a defender veementemente essa expressão artística antes tão ignorada... Mas vamos falar de coisa boa: Edson Cordeiro voltou a cantar na Pauliceia. O cantor, que há anos mora em Berlim, brindou a plateia que lotava o Teatro J. Safra com pérolas de seu repertório, especialmente canções do último álbum, Paradies Vogel, e algumas do próximo, que se chamará Fado. Edinho, como o chamam os amigos, está cada vez melhor: Voz, afinação, potência, presença cênica, timming de comédia, tudo detalhadamente burilado pela vasta experiência nos palcos desse mundo afora. Palmas para esse brasileiro que tão bem nos representa no exterior. Ou, para citar Chico, mirem-se no exemplo. Desse pequeno notável... Vera Fischer também está de volta aos palcos, agora como o capeta em si na comédia Ela é o Cara, em cartaz no Teatro Folha. Uma interessante brincadeira que faz do diabo uma estrela da TV e vice-versa. Difícil de entender? Por isso mesmo é que é interessante... Já Miguel Falabella, na contramão de Vera, volta aos palcos como a personificação de ninguém menos do que Deus, o criador do universo, na peça God. O papel veste como luva nesse deus das artes cênicas e hitmaker dos palcos. Eu sei que esse espetáculo é do ano passado, é que só tive oportunidade de assistir agora, nesse retumbante e chovedouro janeiro. E justamente por não aguentar mais tanta chuva em São Paulo é que resolvi me refugiar mais uma vez em Camburi, meu pequeno paraíso à beira-mar. Aqui o sol sempre brilha. E à noite as estrelas enchem de poesia o céu do meu verão... Teve mais, eu é que não estou lembrando agora. Ah, sim! La la land, que gostei, mas não amei. É que acho que já perdi boa parte do meu romantismo... Beijos e bom fim de janeiro a todos...
Na foto, grafittis à beira mar na praia de Camburi.

sábado, 14 de janeiro de 2017

HORTANCE, A VELHA

Vim ao Rio de Janeiro nessa quinta-feira especialmente para assistir à estreia de Grace Gianoukas na peça Hortance, a Velha. Esse texto de Gabriel Chalita tem a cara de Grace e parece ter sido escrito sob medida para ela. Sempre muito autoral em tudo o que faz, Grace se apropria da história e do personagem de Chalita e os reinventa para si própria, deixando tudo com mais cara de Grace ainda. A direção é de Fred Mayrink, que já a dirigira brilhantemente na novela Haja Coração. Excelente diretor, Fred prepara tudo para que Grace transborde seu talento livremente sobre a cena. E ela deita e rola... Amparada por uma equipe de profissionais competentes e talentosos, Grace conduz a plateia pelo cotidiano e pelas lembranças dessa velha adorável, que se apresenta adoravelmente vestida, penteada, maquiada e iluminada a desfilar por um cenário igualmente encantador. A gente ri, se diverte, se emociona e sai do teatro querendo mais. Os anos e anos em que Grace andou pelos palcos do país com seus stand ups e personagens a fizeram ainda mais atenta a cada reação da plateia. Ela está mais presente e afiada do que nunca. No dia em que o cabaré de Hortance está para fechar, a velha é surpreendida pela presença do público e resolve presenteá-lo com um número especial. Esse público, no caso, somos nós, os espectadores. E o número especial, sem sombra de dúvida, é a própria Grace. The one and only. Senhoras e senhores, aplausos, por favor!

domingo, 8 de janeiro de 2017

EMPTY SÃO PAULO

Adoro ficar em São Paulo nessa época do ano, quando a cidade está praticamente deserta para mim. Faço turismo, descubro e redescubro lugares, vou a feiras comprar alimentos e tudo está na maior tranquilidade. O trânsito, então, nem se fala. Tudo flui de maneira ágil e segura... Uma das coisas de que mais gosto é andar pelo centro da cidade apreciando tesouros da arquitetura e as obras de arte que enfeitam esses tesouros. Há também, no centro, bares, restaurantes e lojas muito antigos que são uma delícia de se descobrir. Como o Bar Guanabara, desde 1910 na Avenida São João com o Vale do Anhangabaú. Ou a Casa Godinho, mercearia que desde 1888 está aberta na Rua Líbero Badaró. Museus e exposições também ficam bem mais tranquilos de se visitar nessa época. Pena estar fazendo tanto calor. Pelo que me lembro, São Paulo não era tão quente assim quando aqui cheguei vinte anos atrás... Nada de filas em restaurantes: É só chegar e sentar. Os parques também estão bem mais frequentáveis, principalmente para mim, que detesto aglomerações: Na última sexta-feira, aproveitamos a tarde para fazer um pic-nic no da Aclimação e foi perfeito. Com direito a cisnes negros nos espreitando das margens do lago e passarinhos se aproximando para ganhar nacos da nossa comida... A academia fica praticamente só minha e nunca, jamais, em tempo algum aquela detestável história de ter que revesar aparelhos... Enfim, nesse período do ano é quando mais curto a cidade que escolhi para viver. Logo mais ela estará fazendo aniversário e voltarei a lhe prestar homenagem aqui no blog. Viva São Paulo!
Na foto, o trânsito flui sobre o Minhocão, outro local que é bom de se visitar nessa época do ano.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

ANIMAIS NOTURNOS

Violento. Triste. Denso. Cruel. Perturbador. E extremamente belo. Assim é o novo filme de Tom Ford, Animais Noturnos. Lindo desde o primeiro frame, com a baliza de banda nua e gorda dançando em uma tela gigantesca que compõe a exposição de arte da personagem principal. Luz, fotografia, direção de arte, roteiro, direção, tudo impecavelmente belo. Como no primeiro filme do diretor, Direito de Amar, a que assisti em um vôo de São Paulo para Paris. Por vezes lembra Almodóvar, pela beleza dos enquadramentos e pela trilha sonora executada com instrumentos de corda. É sempre instigante ver a violência, o horror, a crueldade, brotarem do belo. O filme promete uma coisa e acaba levando a várias outras, totalmente inesperadas. Mas não é isso que é bacana em uma obra de arte? Ainda mais quando vem tão ricamente embalado. E nem poderia ser diferente, posto que seu roteirista e diretor é estilista... Adorei o programa da tarde. Quando o filme acabou fiquei esperando todos os créditos subirem, como gosto de fazer quando um filme me agrada bastante. E vi que entre as músicas executadas na trilha sonora estava Baudelaire, de Serge Gainsbourg, compositor que adoro. Procurei a música no youtube e não consigo me lembrar que ela tenha tocado em nenhuma cena do filme... Coincidentemente eu havia comprado, antes de entrar para assistir ao filme, o livro Spleen de Paris, de Charles Baudelaire... Vai entender!
Na foto, a intrigante exposição de arte de Susan, a personagem de Amy Adams.