segunda-feira, 28 de outubro de 2013

DESBRAVANDO O INTERIOR

Estou de volta à estrada com o espetáculo Cabarecht, na agradável companhia de Cida Moreira, Humberto Vieira e Antonio Carlos Brunet. Junto conosco viajam também nosso produtor Geondes Antonio, o técnico de som João Blumenschein e o motorista, seu Irineu. Nosso espetáculo está integrando a programação do Circuito Cultural Paulista, da Secretaria Estadual de Cultura, cuja circulação começou no mês passado pela cidade de São João da Boa Vista, como contei aqui no blog, em post que leva o nome da cidade no título. Saímos de São Paulo na sexta-feira pela manhã para nos apresentarmos à noite na cidade de Valparaíso. Fomos muito bem recebidos por todos, equipe do teatro, da secretaria de cultura e pelo público que lotou o Espaço Cultural Maria Dirce de Carvalho D'Ávila e vibrou com o melhor de Brecht e Weill. No sábado seguimos para Andradina, cujo Centro Cultural Pioneiros de Andradina fica em uma antiga estação de trem desativada. Apesar do lamentável estado de abandono em que se encontra, fizemos um espetáculo maravilhosamente adequado à decadência do lugar. Tudo foi incorporado ao nosso cabaret, inclusive o calor insupotável que nos obrigou a deixar as portas abertas. Nosso diretor e iluminador Humberto fez milagres na mesa de luz que, de tão ínfima, parecia um tablet... No domingo a "Caravana Holiday" seguiu animada para Presidente Epitácio, cidade que fica na fronteira do estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul. O Anfiteatro Municipal João Brilhante fica no Parque da Orla. Do outro lado da rua fica o Rio Paraná. Do outro lado do rio, o Mato Grosso do Sul. Mais uma vez fomos agraciados com uma plateia calorosamente receptiva, teatro lotado e a sensação do dever cumprido com o máximo de satisfação. Eu, que já andava sedento de estrada, de rodar com um espetáculo, me senti plenamente satisfeito nesse fim de semana que já entrou para a história da minha carreira... Isso tudo sem falar nas pessoas: Verdadeiros personagens que vamos encontrando pelo caminho e que passam a fazer parte da nossa história com suas lembranças... Semana que vem tem mais: vamos levar nosso Cabarecht até as cidades de Lorena e Limeira. E, na metade de novembro, encerraremos a turnê com apresentações em Lins e Santa Cruz do Rio Pardo. Como dá para perceber, ainda temos muita estrada pela frente. O que me faz imensamente feliz. Na foto, minha sombra nos bastidores do teatro de Andradina.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

UTE LEMPER

Fiquei muitos anos esperando a oportunidade de ver Ute Lemper cantar. Tudo começou nos anos oitenta, quando meu amigo Eduardo Serrano meu deu de presente uma fita k7 gravada com canções dela. Fiquei fã dessa cantora alemã e, durante anos, tudo o que conhecia dela era o que estava registrado nesse k7. Nos noventa, quando já morava em São Paulo, tentei assistir a uma apresentação dela no Teatro Cultura Artística mas, como os ingressos de preços mais acessíveis já estavam esgotados, e eu na época bastante duro, não consegui. Anos depois, quase pude assisti-la na Sala São Paulo, mas também não deu. Há poucos anos, ela viria se apresentar no Via Funchal. Eu, que já estava com o ingresso adquirido, vi meu sonho ser mais uma vez adiado quando, no dia da apresentação, o show foi cancelado. Ontem, finalmente, tive meu sonho realizado. Aqui mesmo, na Sala São Paulo. Ute Lemper se apresentou na série TUCCA de concertos, uma iniciativa da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer. Depois de um primeiro ato com poemas de Pablo Neruda musicados pela própria Ute e um rápido intervalo, veio a melhor parte: Um segundo ato no melhor estilo cabaret, com direito a Lili Marlene, Kurt Weill e Jacques Brel. Vestida de preto, com chapéu coco e boá vermelho, Ute nos brindou com o seu melhor: Da música tema do musical Cabaret ao Moritat de Mackie Messer. E, para encerrar com chave de ouro, o infalível bis: Ne Me Quittes Pas, acompanhada de piano e bandoneon. A Sala São Paulo veio abaixo. E eu fui embora finalmente realizado. Na foto, a diva e seus músicos agradecem.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

LA FIGUEIRA

Fui passar o fim de semana em Piracaia, um paraíso de silêncio e ar puro a pouco mais de uma hora de São Paulo. Weidy e eu fomos visitar nossos amigos Rodrigo e Thomas, que construíram uma espécie de retiro/spa de purificação da alma no alto das montanhas, de frente para uma gigantesca figueira que dá nome à propriedade. Essa foi a minha segunda vez nesse lugar de sonho, onde abunda um dos meus maiores tesouros: Silêncio. Essa raridade nos dias de hoje, esse artigo de luxo tão difícil de se encontrar, principalmente em cidades como São Paulo. Quando digo, ninguém acredita: Em Piracaia a gente consegue ouvir o silêncio. E creiam, essa é uma das melhores coisas que se pode escutar. Rimos muito, conversamos, cozinhamos, bebemos, nos divertimos e, para encerrar com chave de ouro o fim de semana, Rodrigo nos brindou com sua performance Ma Ma Ma, uma coreografia que fez em cima da música Ma Baker, do grupo Boney M. Alguém se lembra? Inesquecível. Quem quiser saber mais sobre La Figueira, é só acessar a página no Facebook. Você pode fazer retiros para dinâmicas de grupo, contemplação da natureza, ou mesmo ir sozinho para meditar, se purificar, se isolar para criar. Tudo isso na companhia de macacos, tucanos, andorinhas e silenciosas araucárias... Na foto, Rodrigo apresenta seu Ma Ma Ma à beira da piscina.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PROTESTO!

Todo mundo está protestando por tudo. Quase todos os dias, em quase todo o Brasil. Pois bem, eu também vou fazer o meu protesto. Não nas ruas, arriscando levar um tiro de bala de borracha ou spray de pimenta na cara. Também não quero correr o risco de ter baderneiros infiltrados no meu protesto aproveitando para depredar e saquear o patrimônio público e privado. Meu protesto é silencioso e por escrito. Aqui mesmo, via blog. Meu protesto é contra o mau uso da Língua Portuguesa. Mau mesmo, com u. Não mal uso, como andam escrevendo. E não apenas no mundo virtual, onde ela é diária e ininterruptamente massacrada. Mas também no mundo real, onde essa prática infeliz fere diariamente os nossos ouvidos. Meu protesto é contra o abandono dos acentos. É contra a mutilação do infinitivo dos verbos. Casar, por exemplo, virou casa. Comprar, virou compra. Até mesmo foder, que era tão bom, virou fude. Outro dia li, pixado em um muro: Fora Geraldo, vai se fude! Ora, ele não vai mesmo. Nem ao menos se foder ele vai. Tsc, tsc... Meu protesto é pelo uso correto da crase e da vírgula. Pelo resgate dos plurais perdidos. É contra a troca do U pelo L. Acreditam que dia desses li no Facebook (sempre ele) Avenida Rebolsas??? Não dá mais. Meus olhos doem. Até "ual" no lugar de uau eu já li. Já fui convocado para um "beijasso", ó dor! Isso sem falar na Betty Faria, que todas a noites na reprise de Água Viva transforma colégio em "culéjo" e comércio em "cumércio". E os apresentadores do Video Show, que transformaram os custos em "cuixtosh" e mostram os baixtidoresh da TV... Mas isso é questão de sotaque e eu não seria assim tão intransigente... Não estão dizendo que o gigante acordou? Pois bem, o baixinho aqui também acordou. E está praticamente impossível voltar a dormir com tamanhas afrontas. Sem mais para o momento, cordialmente me despeço. E tenho dito! Na foto, meus patinhos se manifestam.

sábado, 5 de outubro de 2013

TRINTA ANOS AMANHÃ

Minha primeira sobrinha, Viviane, completa trinta anos amanhã. O que faz de mim um senil senhor tiozinho de cinquenta anos de idade. Um cinquentão, como se dizia antigamente. Quase não acredito quando paro para pensar que trinta anos já se passaram desde que ela nasceu. Graças à Vivi eu tive a oportunidade de assistir a filmes e a espetáculos infantis que sem ela talvez não tivesse assistido. Como por exemplo, Super Xuxa contra o Baixo Astral, de Tizuka Yamasaki, que tinha no elenco a saudosa Henriqueta Brieba no papel de uma tartaruga. Inesquecível, também, o vilão Baixo Astral, vivido por Guilherme Karan. Eu tinha uma vespa e ela ia em pé na minha frente. Coisa mais bonitinha. E sem noção! Imagine uma criança em pé numa vespa sem capacete... Mas antigamente era assim mesmo. Não tinha essas frescuras de capacete, cinto de segurança, protetor solar e etc. Estou em Porto Alegre para uma bateria de dentistas, médicos, exames e raios X. A mesma Porto Alegre que então era o cenário das nossas aventuras de vespa. E eu, um jovem tio de vinte anos que quase nunca consultava médicos nem tampouco fazia exames... É emocionante constatar a passagem do tempo transformando as crianças em adultos e nós, adultos, em jovens senhores cheios de charme. E modéstia. Na boa... Lembro bem do meu aniversário de trinta anos. Fiz uma festa na creperia de uns amigos, que fecharam a casa para mim. Muitos dos que estavam presentes naquela festa já se foram. Inclusive meus pais. E as crianças da época agora começam a chegar aos trinta. Bem vindos aos trinta e a todas as idades que vem depois! Que, apesar de não serem as melhores, como agora insistem em chamar, tem lá os seus encantos... Ah! E Feliz Aniversário, Vivi! Na foto, a Vivi pequeninha me visitando em São paulo, na rua Rego Freitas, quando eu fazia temporada do espetáculo Império da Cobiça no Sesc Anchieta. Ao fundo, a Igreja da Consolação.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ESTELLA SIMPSON

Como não amar Estella Simpson? Melhor, como ir para a cama sem ela? Desde que começou a reprise de Água Viva, de Gilberto Braga, no Canal Viva, que minhas noites não terminam sem o glamour dessa novela. E, claro, da inesquecível personagem de Tonia Carrero que dá título ao post. Tonia estava no auge da beleza. Bela e cômica. Puro carisma. Inimitável. E o que dizer do apartamento de Estella Simpson? Eu lembrava de cada detalhe da decoração, a começar pelas incríveis portas redondas contornadas de dourado. Só o salão de beleza de Kiki Blanch, em Locomotivas, me causou tamanho impacto... Gilberto Braga também estava fazendo falta. Adoro suas novelas. Seus personagens cheios de dubiedades, idiossincrasias, nunca maniqueístas como comumente se vê em teledramaturgia. E as trilhas sonoras que marcavam época. Que, de tão sofisticadas, parecem ser feitas pelo próprio dramaturgo. Um verdadeiro artigo de luxo em tempos de piri-pi-piri-piradinha... Betty Faria, uma deusa. Fabio Júnior, um Fiuk. Tetê Medina, a personificação da elegância. E os longos takes em close de Ângela Leal chorando? Ah, outros tempos. Tempo mesmo, de duração das cenas. Hoje é tudo tão rápido e fragmentado. Isso tudo sem falar na abertura, com Baby ainda Consuelo, entoando os versos de Caetano Veloso para Menino do Rio. Luxo só. Deus conserve Tonia Carrero e imortalize sua beleza e talento.