segunda-feira, 8 de setembro de 2014

OSTENTAÇÃO

Você já ouviu falar no funk ostentação? Claro, né? E no forró ostentação? Ainda não? Como assim? Você está por fora... Descobri ontem à tarde na televisão, esse eletrodoméstico infernal, a nova tendência do momento. O que teríamos para ostentar, fiquei pensando. Só se for a nossa falta de educação, de cultura, de informação. Nossos valores distorcidos, nossas meias verdades. Nossa cafonice, nossos babados. Nossos dentes faltando, amarelos demais. Nossos dentes sobrando, brancos demais. Nossas rugas demais. Nossos botox e plásticas demais. Nosso excesso de silicone. Nosso barraco com wi-fi e gato net. Nosso saldo devedor. Ou melhor, negativado... Forró ostentação, por outro lado, é totalmente sintomático. A cara do país onde vivemos. Podemos, graças a Deus, comprar televisão de plasma, tablets, pacotes turísticos a perder de vista. Mas ai de nós se adoecermos e precisarmos ser internados em um hospital público. Não sabemos ler, escrever ou mesmo falar corretamente a nossa própria língua, mas de que isso importa se temos smart phones e postamos tudo o que temos nas redes sociais? Ostentar é constrangedor em qualquer situação ou classe social. O fenômeno ostentação, seja ele ligado ao funk, ao forró, ao sertanejo, ao brega ou ao que for, revela muito da nossa condição de pobres indigentes que confundem ter com ser. Não somos nada, logo, não temos nada. Então vamos ostentar nossa pobreza de espírito embalada em ouro e falsos brilhantes. Nossa falta de criatividade. De genialidade. Nossa ignorância envolta em glamour. Quem sabe a TV nos mostra num domingo à tarde e a gente emplaca? Já pensou? Vai ser um baita sucesso. Aí é só correr pro abraço. E beijinho no ombro pras invejosas de plantão...

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