quinta-feira, 30 de junho de 2011





QUITTER PARIS...
Se existe uma coisa a qual eu sempre tenho dificuldade de fazer, essa coisa é deixar Paris, como diz o título do post em francês. Tenho um amor tão grande por essa cidade que, a cada vez que volto a visitá-la, cresce minha vontade de permanecer. No início dos anos noventa morei por um ano em Paris e me apaixonei... Depois, fiquei muito tempo sem voltar e, desde o ano de 2007, tenho vindo regularmente uma vez por ano. E sempre sofro na hora de partir... Deixar Paris é deixar sua beleza, sua história e sua cultura. Deixar Paris é abrir mão de uma sequência interminável de bons acontecimentos de toda natureza. Deixar Paris é como se separar de alguém a quem se ama. É ficar um longo tempo sem fazer o que mais se gosta. É não beber mais o seu champanhe preferido. Não encontrar um amigo a quem muito se quer. Não ver a lua banhando telhados da sua janela. Não se surpreender com a beleza das flores e dos jardins. Deixar Paris é como uma espécie de castigo que alguém nos impõe, como, por exemplo, ficar meses sem ir ao cinema. Ou ao teatro. Não ouvir mais alguém te dizer: Bonjour, Monsieur! Deixar Paris é como um resfriado que te deixa prostrado. É como uma saudade que aperta o peito. É como não poder sair com seu amigo todas as noites para beber no mesmo bar. Ou para jantar todas as noites em um restaurante diferente. É não ver a mesma velha sentada todos os dias na mesa do mesmo café. É não passar no 4Pat para dizer salut ao Julien. É acordar o enorme gato, velho e gordo, que dorme tranquilo na vitrine da farmácia. Deixar Paris é como não poder comparecer a um jantar de aniversário. A uma soirée entre amigos. A uma degustação de vinhos na cave de um bar branché. A um happy-hour no bar de um hotel de luxo. Deixar Paris é ficar atônito e desolado como uma criança a quem se rouba o doce ou o brinquedo. Deixar Paris é como uma coisa inevitável sobre a qual não se tem controle: Como envelhecer. Deixar Paris é como o tempo, que não pára. Nunca paramos de deixá-la, para podermos reencontrá-la sempre, sublime, majestosa, a nos esperar...E, como tudo na vida tem seu lado bom, deixar Paris é, também, a perspectiva de voltar a vê-la um dia. Com tudo o que ela tem de bom. Seus cheiros e boulevards. Suas canções tocadas por algum acordeonista na rua. Ou no Metro. Suas pontes e suas maravilhosas atrizes. É quem sabe, um dia, rever Fanny Ardant assim, por acaso, passando na rua. É encontrar amigos e conhecidos em incríveis coincidências. É descobrir sempre novas ruas que levam a novos lugares que você nem sonhava que existiam. E que passarão a ser os seus novos lugares preferidos para sempre...Deixar Paris também pode ser imaginar, da janela do avião, a cidade cantando para você os versos de Jacques Brel: Ne me quitte pas, ne me quitte pas, ne me quitte pas...

3 comentários:

  1. deixar paris é continuar tomando teu champagne au bistrot ritz, é ouvir thiago petit e não apenas vê-lo passar na rua, é comer um croissant ou um brioche na boulangerie do le vin, é poder ligar toda hora para teus verdeiros amigos e dizer bonjour, bonsoir, je t'aime!

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  2. O bom deste amor todo e o eterno reencontro. Bj.

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  3. maravilhoso voce me emociona é lindodepois que eu li amei mais ainda paris

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