terça-feira, 2 de janeiro de 2024

CARTÃO POSTAL

Esse é o título de uma das minhas canções preferidas de Rita Lee, do álbum Fruto Proibido. É também a capa de um dos meus discos preferidos dos Novos Baianos. Mas quero falar do cartão postal em si, propriamente dito. Em conversa com meu amigo Odilon Henriques pelo whatsap (sobre o que guardamos e o que estamos em processo de desapego) chegamos à conclusão de que não abrimos mão das nossas coleções de cartões postais. A minha começou ainda em Porto Alegre, nos anos oitenta do século passado. E ganhou corpo, digamos assim, no começo dos anos noventa, quando fui morar em Paris. Lá chegando, todo um mundo de cartões postais se abriu para mim. Tinha um lugar - um, não, vários - chamado La Banque de l'Image, dedicado a vender pôsters (outro ítem digno de post), fotografias, cartazes e, claro, cartões postais. Em tempos pré-internet, google, YouTube e etc. era tudo o que a gente podia sonhar em termos de acervo de imagens. Desde Liz Taylor e James Dean no backstage das filmagens de Asssim Caminha a Humanidade (e Marilyn Monroe fazendo musculação com halteres) até os mais incríveis e sensuais nus masculinos quando ainda nem se sonhava com a farra da pornografia gratuita que acessamos hoje. Passando pelos mais belos registros de Brigitte Bardot no auge da jeunesse et beauté... À época, fiz um pacto comigo mesmo de que sempre que fosse a um museu, exposição, livraria, teatro ou loja de souvenirs compraria, pelo menos, um cartão postal. Depois de um ano morando na capital francesa minha coleção ficou bastante interessante. Isso sem falar que em todos os bares que frequentávamos tinha cartões que eram distribuídos gratuitamente em pequenas estantes onde a gente se servia à vontade. Some-se a isso todas as viagens que fiz a outros países, de onde sempre trazia mais postais, e dá para se ter uma ideia da riqueza desse meu pequeno (nem tanto) acervo particular de imagens. Fora tudo o que citei aqui, a gente ainda tinha o hábito de mandar e receber cartões postais pelo correio. No verso eles tinham um espaço (mais ou menos a metade) reservado ao endereço do destinatário e outro para uma pequena mensagem. Algo que pudesse ser lido por todos pois, evidentemente, eles eram enviados sem envelope. O que tornava o custo da postagem menor do que o de uma carta, por exemplo. Mas isso é assunto para outro post. Minha coleção está lindamente acondicionada em uma bela caixa-gaveta da Louis Vuitton que ganhei de presente do meu amigo Edson Cordeiro. Quando eu me for, será fácil para quem se encarregar das minhas coisas jogar essa caixa no lixo com todo o tesouro imagético que guarda. Ou presentear alguém com ela. Mas, enquanto eu viver, ela ficará comigo. Nas fotos, uma pequena amostra dos meus preciosos guardados: BB mostra as pernas que abalaram Paris, James Dean em momento dramático e o fundo do mar segundo Pierre et Gilles.

2 comentários:

  1. Amigo querido,
    Enquanto conversávamos você disse que os nossos cartões postais dariam um post para o blog. Não imaginei que fosse tão rápida a inspiração. Nossos tesouros estão bem guardados e o desapego em vida desse legado me é inimaginável. Sigamos acumuladores recordações que somos, embora hoje bem menos, por respeito ao papel e a pura falta de postais distribuídos por aí.

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    1. Dear Odilon, estou desapegando de quase tudo. Essa coleção de postais é das poucas coisas que vou manter. Mas já está fechada, não junto nem compro mais nem um só postal...

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