quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

SÃO PAULO PASSO A PASSO

Hoje é o aniversário da cidade de São Paulo. Aproveito a efeméride para renovar o meu amor pela cidade, relembrando passo a passo o que fez com que eu me apaixonasse por ela... Em 1975, aos onze anos de idade, venho com meus avós paternos passar as férias de verão na casa de meu tio Djanir, que morava em Osasco. Impossível não lembrar em detalhes a taça de sorvete que tomei no Terraço Italia, acompanhado de minha tia e meus primos, extasiado pela visão da cidade do alto dos quarenta e seis andares do edifício; o trem que pegamos na Estação da Luz para ir até Campinas visitar uma outra tia; o passeio no Simba Safari, no qual a gente ficava dentro do carro, com os vidros fechados, e via as feras de pertinho... No ano de 1983 eu abandonara a faculdade de História e trabalhava no Banco Itaú, em Porto Alegre, enquanto me preparava para prestar o vestibular para artes cênicas. Em uma ocasião fui sorteado para vir a São Paulo trazer o malote do banco até a agência do Jabaquara. Tinha que passar o dia na capital esperando para levar de volta outro malote no fim do dia. Meu tio me esperou no aeroporto, deixamos o malote e peço a ele para me levar na esquina da Ipiranga com a São João, então imortalizada nos versos da canção Sampa, de Caetano Veloso... Em 1984, já cursando artes cênicas, a faculdade entra em greve e venho visitar meu amigo Egisto Dal Santo que, à época, estava morando em um apartamento na Praça da República. Decubro as etílicas e lisérgicas noites do Bixiga; me encanto com o espetáculo Macunaíma, de Antunes Filho, a que assisti no teatro do Sesc Anchieta... Já em 1987, venho com meu grupo de teatro, o Tear, de Maria Helena Lopes, estrear o espetáculo Império da Cobiça, creiam, no mesmo antológico Sesc Anchieta, onde três anos antes me encantara com a descoberta de Antunes Filho e seu deslumbrante teatro de imagens; conheço e me apaixono pelo Ritz, lugar que frequento desde então até hoje; descubro o bairro dos Jardins, onde jurei que um dia moraria e onde de fato moro até o presente... Em 1992, já de volta de Paris e morando no Rio, venho a Sampa visitar minha amiga Lucia Serpa. Encontro com Caio Fernando Abreu no restaurante Viena do Conjunto Nacional. Bebemos e conversamos longamente, depois Caio me trouxe até o seu apartamento da Haddock Lobo (aqui do lado de casa), em seguida fomos ao teatro e, após o teatro, finalizamos a noite no Ritz... De 1987 até 1996 - ano em que me mudei definitivamente para São Paulo - tudo o que fiz foi plantar sementes que me trariam para cá. Nesse meio tempo morei em Paris e no Rio de Janeiro, mas sempre de olho na dura poesia concreta das esquinas de Sampa. Até que minha amiga Lucia Serpa me consegue um trabalho no Grupo XPTO, sou recebido pela minha outra amiga Nora Prado, reencontro minha outra amiga Patricia Wood, com quem havia morado em Paris, vamos morar juntos num apartamento nos Jardins, e aí já começa uma outra história... Parabéns, São Paulo, pelos quatrocentos e setenta anos! E muito, mas muito obrigado mesmo, por me acolher. "Quem vem de outro sonho feliz de cidade" como eu (de Soledade, Porto Alegre, Paris e Rio de Janeiro), "aprende depressa a chamar-te de realidade, porque és o avesso do avesso, do avesso, do avesso"... Nas fotos, a vista do apartamento do Egisto na Praça da República (1984), minha amiga Coca Serpa fotografada por mim na Liberdade em 1987 (ela é o pontinho amarelo à esquerda) e eu, todo faceiro, atravesso a Consolação já morando na Pauliceia em 1996.

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