quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

ADIEU, BIBI!

Morreu Bibi Ferreira, uma das maiores e mais completas artistas brasileiras. Digo artista porque, no caso de Bibi, dizer atriz seria redutor. Ela era muito mais. Era muitas. Atriz, cantora, diretora, empresária, uma mulher de teatro. Com ela morre uma estirpe. Uma casta, uma cepa. Tive a sorte de tê-la assistido em Gota d'Água, genial recriação de Paulo Pontes e Chico Buarque para a Medéia de Eurípedes. Eu era um garotinho de quinze anos e só pude assistir ao espetáculo porque meu professor de literatura levou a classe toda ao teatro. Depois da apresentação ainda tivemos um debate com Bibi e todo o elenco... Também a vi no musical Piaf, montagem que reinaugurou o Teatro São Pedro, de Porto Alegre, após a conclusão da reforma liderada por Dona Eva Sopher, outra grande perda recente da nossa arte e cultura. A morte de Bibi me deixou pensando. Aliás, eu já vinha pensando desde a segunda-feira, quando morreu o jornalista Ricardo Boechat em um acidente de helicóptero. E o que tenho pensado é o seguinte: Os melhores brasileiros, os grandes, os incrivelmente inteligentes e talentosos, os representativos da nossa arte, educação e cultura, estão todos nos deixando, partindo, indo embora para sempre. Normal, morrer faz parte da vida. Mas o que me preocupa é que eles não estão sendo devidamente substituídos! Os que estão ficando nos seus lugares não estão suprindo a demanda. Não vão dar conta do recado. Em todos os planos, em todos os setores das sociedade. As lacunas estão cada vez maiores. Tudo o que temos hoje são pálidas sombras do que já tivemos. E, sendo assim, onde iremos parar? Eu sei que estou abalado por todas essas perdas tão recentes e isso me deixa um tanto pessimista. Às vezes me sinto vivendo em um mundo deserto de almas negras, como cantava Elis no álbum Ela... Mas o fato é que junto com Bibi morre um pouco mais do Brasil. Aquele Brasil dos grandes a que me referia. E o resto é apenas o resto...

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