quarta-feira, 2 de setembro de 2015

SOLEDADE

Confesso que senti um certo ciúme quando Cida Moreira me contou que seu novo CD se chamaria Soledade. Como assim, pensei, ela vai dar o nome da minha cidade ao seu CD? Depois a própria Cida me contou que o título se refere à pequena Soledade da Paraíba, que ela conheceu quando filmava com Guilherme Weber por aquelas bandas. Assim o meu ciúme se aplacou. Não era a minha pequena Soledade do Rio Grande do Sul! E agora que escuto o seu já lançado e belíssimo CD, me dou conta de que a Soledade de Cida é muito mais. Muito maior. É universal e também atemporal. A viola gemeu e meu coração estremeceu: Cida sabe como poucas falar direto ao coração. Seu canto é infalível. Não importa quem tenha escrito ou em que época tenha sido composta a canção: Ela passa a ser a voz de Cida Moreira rendendo inexoravelmente quem a escuta. Novos sentidos e proporções são atribuídos a antigas e novas canções. Como à minha preferida Um Gosto de Sol, de Milton e Ronaldo Bastos, que Cida retoma do icônico álbum Clube da Esquina, que embalava as noites da minha juventude em Soledade, quando o céu tinha tantas estrelas que eu esquecia até de dormir. Como uma pera se esquece, sonhando numa fruteira... E à novíssima Forasteiro, de Helio Flanders e Thiago Pethit. Pura emoção e poesia do início ao fim, Soledade é uma obra de arte. Uma pequena jóia. E eu vou do ciúme à mais completa gratidão: Obrigado, Cida Moreira, por ter atribuído novos sentidos e proporções também ao nome da minha cidade. Como já cantou Teixeirinha: “Soledade é solidão. Solidão é uma saudade. É em homenagem a uma cidade que eu canto essa canção”. As canções que Cida canta homenageiam todas as cidades do mundo. As pequenas e as grandes. Sua Soledade é imensurável. E o pulso ainda pulsa, atualizando os versos dos Titãs na verve eletrônica de Ricardo Severo. A lua já deve andar tonta com tamanho esplendor...
Na foto, Cide et moi juntando as soledades no La Fiorentina.

2 comentários:

  1. Caro Roberto: excelente texto, gostei!
    Para um escrito deletante você tem veia de quem sabe tecer com as palavras.
    Parbéns,
    Ze

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  2. Correção do comentario : ..."diletante"..

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