segunda-feira, 21 de setembro de 2015

SOZINHO NO ESCURO

Dia desses, sozinho em mais um quarto de hotel, não conseguia de jeito nenhum desligar o ar condicionado para dormir. Decidi então tirar o cartão daquele receptor que faz com que tudo funcione e, depois de alguns segundos ou minutos, o ar desligou. E com ele tudo mais que era movido a eletricidade. A luz, inclusive. Me vi mergulhado na mais completa escuridão. Desisti de dormir e fiquei sentado a uma poltrona procurando observar o que me cercava. Súbito percebi que não estava sozinho. Havia uma forte presença ao meu lado na escuridão. Podia sentir o seu cheiro e ouvir sua respiração. E mais: Eu era capaz de sentir a sua pulsação. Aos poucos fui me dando conta de que essa estranha presença não estava ao meu lado e sim dentro de mim. Voilà: Era eu mesmo finalmente percebido por mim. Há quanto tempo eu teria estado assim, ausente de mim mesmo? Em que eu prestava tanta atenção ao ponto de esquecer de mim? Lentamente fui percebendo que grande parte das coisas que me atormentavam não tinham mais tanta importância. Respirei fundo e senti enorme prazer nesse ato. Será que eu não andava nem respirando mais? Fui gostando cada vez mais de estar na minha companhia. Deve ser por isso que as pessoas gostam de estar comigo, pensei. Já estava me sentindo do tamanho do quarto quando adormeci sem perceber. Sonhei que estava sozinho e isso era muito bom...

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