domingo, 22 de janeiro de 2012


CAVALOS
Meu pai adorava cavalos. Quando ele e minha mãe se casaram, nos anos cinquenta, um dos meus tios paternos (eu tinha treze!) lhes deu de presente de casamento essa tela, que foi pintada por uma artista de Carazinho, que agora não lembro o nome. Eu sempre gostei desse quadro, que ficava na sala da casa e depois mudou para o escritório do meu pai. O que sempre me agradou nessa obra, além da cena equestre em si, é o fato de ter sido pintada em preto e branco. Acho que é a única que conheci até hoje, além, é claro, da Guernica, de Picasso. Quando era criança, gostava de ficar olhando para ela imaginando que o cavalo preto, à frente da manada, era o meu pai e o protrinho ao lado era eu. Depois vinham, pela ordem, minha mãe e minhas três irmãs. Sobrava um cavalo mais atrás que, conforme a época, era a minha avó ou a nossa empregada do momento... Gosto da atmosfera da cena, que sugere uma tempestade se aproximando, a manada meio perdida mas, ainda assim, liderada pelo garanhão. Tem algo de mar, também, que acho que só eu via... Minha mãe me deu essa tela ainda em vida, mas eu nunca quis tirá-la do seu lugar de honra na casa. Só depois que meu pai e minha mãe nos deixaram é que tomei posse dessa herança. Troquei a moldura e hoje ela adorna a sala do meu apartamento, aqui em São Paulo. E eu continuo brincando de olhar para ela imaginando minha familia...

2 comentários:

  1. pintura óleo em p&b é pouco usual. mas no que diz respeito a gravuras isso tão visto quanto as coloridas. caribé, aldemir martins,debret e tantos outros são provas disso...ficaadica

    ResponderExcluir
  2. É óbvio que sim, eu mesmo tenho várias gravuras em P&B. Estou me referindo a óleo sobre tela...ficouclaro

    ResponderExcluir