sábado, 7 de maio de 2011




SILÊNCIO
Quando foi que me tornei esse senhor de meia idade obcecado por silêncio e tranquilidade? Não sei. Não me recordo. Mas já faz algum tempo. Lembro que, há uns dez, doze anos atrás, eu ainda adorava um agito. Sair na noite, bares, baladas, dormir e acordar tarde... Mas o tempo passou, acho que amadureci e passei a valorizar meu interior. E quando a gente se volta para o interior o silêncio exterior se torna um dos nossos melhores aliados. Assim como o barulho manso das ondas do mar. E boa música, claro. Mas às vezes acho que sou um pouco exagerado nessa minha busca pelo silêncio total. E tudo o que o ameaça vira objeto do meu ódio. Como a vizinha do andar de cima, por exemplo... Cinema eu só vou à tarde e em dias de semana. Quando, além de mim, só tem mais quatro ou cinco idosos... Assim não fica aquele inferno de conversas, pipocas, embalagens de bala sendo abertas o tempo todo. Sem falar nos smart phones! Procuro também evitar tudo o que for gratuito e ao ar livre. Como shows em parques. E parques em si, nos fins de semana. Todo evento que atrai multidões automaticamente me repele... Me incomoda profundamente gente que fala alto em público. No restaurante, na academia, no ônibus, no metro. Parece que querem compartilhar suas vidas com todos, como se elas fossem o centro das atenções...E assim caminho rumo à minha velhice de hermitão. Conseguirei abandonar os grandes centros urbanos, que sempre me atraíram pela pluralidade de opções? Me isolarei em uma praia deserta cuja única opção seja a vista para o mar? O que já não seria pouco, não é verdade? Diz o provérbio chinês que a palavra é prata e o silêncio é ouro. Na minha cotação ele é muito mais. É euro, no mínimo... Por favor, comentários dizendo se estou ficando louco, paranóico, esquizofrênico...
Na foto, fim de tarde em Ilhabela.

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