quinta-feira, 30 de setembro de 2010




TEATRO LEOPOLDINA
Olha eu de novo aqui em Porto Alegre...
Fui ao banco, que fica na Avenida Independência, e, enquanto estava tentando lembrar exatamente onde ficava, me peguei pensando: Ah, fica depois do Teatro Leopoldina! Terrível constatação: estou velho. Eu disse estou, não "estou ficando" velho. Sim, porque só uma pessoa velha como eu ainda se referiria ao Teatro da Ospa - Que, aliás já está fechado - como Teatro Leopoldina... O lado bom é que uma torrente de lembranças agradáveis invadiram a minha memória. Que saudaaade!! Quando vim morar em Porto Alegre eu tinha catorze para quinze anos. Isso lá nos idos de 1978... E o Teatro Leopoldina, para mim, era a possibilidade do sonho tornar-se real. Era a minha fábrica de sonhos. Eu, que desde criança sonhava em ser "artista", o que quer que isso significasse na ocasião, pude ter, a partir desse local mágico, acesso ao mundo encantado das artes e dos seres fantásticos que eram os artistas... Eu vivia no Leopoldina. Ou na porta, ou dentro, ou na saída dos artistas. As peças de teatro, infelizmente, eu não podia assistir à maioria delas, pois vivíamos a época da censura e um pirralho como eu ainda não entrava em nada. Mesmo assim, ficava na saída, esperando os artistas para fotografá-los. Tenho tantas fotos desse período, que pena que estão todas em São Paulo, adoraria ilustrar o post com uma delas. Já os shows...Ia a quase todos. Acho que o primeiro a que assisti foi Babilônia, de Rita Lee. Rita linda, no auge da juventude e beleza. E louca, também. Muito louca. Depois veio Feitiço, de Ney Matogrosso, que ele abria de Carmen Miranda e depois vinha de calça de vinil, todo sado-maso; O show do primeiro disco solo de Baby Consuelo, o show de dez anos dos Novos Baianos, Caetano e Bathânia juntos, Cinema Transcendental, de Caetano, Zezé Motta!! Minha diva Zezé Motta...Tenho até hoje a foto que tirei com ela na garagem do Teatro Leopoldina, eu com uma carinha de criança abraçado à exuberante Zezé. Foi lá também que assisti a Elis, Essa Mulher. Depois do show me enchi de coragem, fui ao camarim e pedi um autógrafo, que guardo até hoje também. Ela escreveu, em diagonal no alto da página de um livrinho de cordel do Zé Ramalho, único papel que eu tinha na bolsa: Roberto, um abração, Elis. Anos depois, quando estava gravando o primeiro DVD da Terça Insana pela Trama, gravadora na qual trabalhava seu filho João Marcelo Bôscoli, mostrei o autógrafo a ele em uma reunião e João me disse que ela sempre escrevia assim, em diagonal, que a agenda de Elis era toda escrita dessa forma. Foi no Leopoldina também que assisti à Gota d' Água, com Bibi Ferreira. Sim, eu cheguei a assistir a Gota d' Água! Sou velho mesmo, e daí? Eu tinha um professor de literatura que sempre levava a classe ao teatro. Eu adorava pois, com ele levando a classe inteira, eu podia entrar...Depois dos espetáculos, rolava um bate-papo com o elenco que eu achava o máximo. Eu cheguei a me apresentar no Leopoldina, uma vez, com o Grupo Tear, do qual fiz parte, com o espetáculo A Piscina, minha estréia no Tear...To lembrando de tanta coisa relacionada ao teatro que acho melhor parar, ta ficando longo. Ah! Foi lá, também, que beijei na boca pela primeira vez!
As fotos que ilustram o post eu peguei na internet...

3 comentários:

  1. "Lembrar e viver"....assim dizia sempre nossa querida Dorinha. Tu nao estas velho, estas maduro e desfrutando da sabedoria que somente o passar dos anos nos traz. Tambem queria estar ai!!!!!! Bjs.

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  2. Gentee que delicia ler esse seu post! Eu estava aqui toda na loucura procurando coisas no google relacionadas ao GOTA D' AGUA e encontrei isso aqui!! CARA VC FOI ASSISTIR o GOTA D' AGUA ORIGINAL..? Tem noção do quanto isso significa? Bom, pelo menos pra mim muito, sou atriz e estou montando GOTA D' AGUA, faço a personagem Corina... vou estreiar dia 27/10/10 aqui na minha cidade! Gostaria muito de conversar com vc.. e saber quais as lembranças que você tem do espetáculo.. se puder eh claro! ((:D))
    Um abração!!

    Thalita Nascimento

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  3. Oi Thalita,
    Lembro do cenário, uma grande favela, em dois planos, que circundava todo o palco,das músicas, pois são bem conhecidas, e, claro, da interpretação da Bibi, um show, verdadeiramente impressionante. Fiquei impressionado também por ter muita gente em cena, foi a primeira vez que assisti a um musical...Acho que não ajuda muito, né? Beijo.

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