sexta-feira, 13 de junho de 2025

EXAGERADO

Várias surpresas e alegrias nessa minha volta ao Rio. Exemplo delas é a exposição Cazuza Exagerado, em cartaz no rooftop do Shopping Leblon. De caráter imersivo, ela te faz entrar em uma espécie de túnel do tempo que percorre toda a trajetória do ídolo pop. Da infância até a doença que o levou precocemente. Passando pelo teatro, as primeiras canções, a banda Barão Vermelho e a consagração da carreira solo. A exposição é linda, super bem montada, rica em detalhes, objetos pessoais e lembranças que a mãe Lucinha Araújo guardou do único filho com muito amor e cuidado. A medida que se anda pelo espaço da mostra, vai-se entrando em diversos ambientes relacionados à trajetória de Cazuza. Como o Circo Voador, o Cassino do Chacrinha e a Pizzaria Guanabara, por exemplo. Mais do que as canções, a poesia sempre foi a marca de Cazuza, o meio através do qual ele melhor expressou seu romantismo exacerbado. Ou exagerado, nas palavras do próprio. Felizmente a poesia tem o merecido destaque na exposição. Ela transborda a cada ambiente. Em manuscritos, em páginas datilografadas; nas máquinas de escrever que ele usava, nas máquinas fotográficas, nos bilhetes que escrevia para os pais, amigos e namorados. Aliás, foi no dia dos namorados que visitei a exposição. Um lindo presente para mim, que passei o dia longe do meu. (Sempre tive Cazuza como uma espécie de namorado imaginário). Fiquei especialmente emocionado diante da máquina de escrever Remington, exatamente igual à que uso em cena no meu espetáculo solo Caio em Revista. E, claro, a garrafa de Jack Daniel’s que uso também. A emoção me pegou na foto dele com Caio feita por Vânia Toledo. Assim como em uma outra na qual ele aparece ao lado de minha saudosa amiga Lidoka. Quando cheguei no ambiente que reproduz o camarim do último show no Canecão eu já estava jogado a seus pés com mil rosas roubadas. E as lágrimas rolaram soltas na sala que refaz o Canecão em si, com uma projeção de Cazuza sobre o palco cantando O Tempo Não Para… Adorei uma sala cujas paredes, teto e chão são totalmente cobertos por fotos do cantor que, animadas por inteligência artificial, o mostram cantando trechos de seus grandes sucessos. Pra que mentir, fingir que perdoou? A emoção acabou, que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou… Que engraçado, parece que foi ontem. Me vi jovem e romântico outra vez. Que bom que o tempo não para e nos traz Cazuza de volta nesta belíssima exposição. É como se ele me perguntasse: Mais uma dose? E eu respondesse: é claro que eu to a fim. A noite nunca tem fim, babe. Por que a gente é assim? Nas fotos, as várias fases de Cazuza, o Circo Voador, Remington & Jack Daniel's, Caju e o Velho Guerreiro e eu no camarim do Canecão.

2 comentários:

  1. Emocionante. Graças aos deuses vivemos na mesma época e desfrutamos de sua obra ainda em construção.

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    1. Verdade, Odilon! Pudemos acompanhar toda a trajetória de Cazuza. E eu tive o privilégio de assistir a dois shows dele: o primeiro show solo, Exagerado, no Morro da Urca, e Só Se For a Dois no Teatro Ipanema… bons tempos!

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