quinta-feira, 12 de junho de 2025

A BALEIA

De volta ao Rio de Janeiro - depois de oito anos - para assistir à estreia para convidados do espetáculo A Baleia, do americano Samuel D. Hunter, mais uma belíssima direção do mestre Luis Artur Nunes. José de Abreu lidera com galhardia e muito talento o elenco afiadíssimo que é composto por Luisa Thiré, Gabriela Freire, Eduardo Speroni e Alice Borges. Como sempre acontece nas direções de Luis Artur, a grande estrela do espetáculo é o texto. Que, no caso, é brilhante. Samuel D. Hunter mergulha na interioridade dos personagens trazendo à tona todas as suas fraquezas, tristezas, falhas, arrependimentos e decepções. Não sem delicadeza, algum humor e belas imagens. Assim como citações de Herman Melville. Apesar de denso, o texto tem cenas curtas, o que agiliza a história e, quando a gente vê, as duas horas do espetáculo já se passaram. Um grande deleite para o espectador mais atento, que gosta realmente de teatro. Teatro de verdade, com T maiúsculo. Sem grandes pirotecnias cênicas, Luis Artur constrói o seu espetáculo lançando mão basicamente da matéria prima essencial que são os atores. Coisa raríssima de se ver hoje em dia, diga-se de passagem. Um diretor que dirige atores e faz o texto surgir inteiro e bem trabalhado sobre o palco. Cada frase é dita e compreendida em sua totalidade. Já tive a graça de ser dirigido por ele duas vezes - em A Fonte, de Érico Veríssimo, e mais recentemente no meu solo Caio em Revista - e de ser seu assistente de direção em vários outros espetáculos. Além de ter sido seu aluno na faculdade de teatro. Posso dizer com conhecimento de causa que ele se supera a cada novo trabalho. Costumo dizer que trabalhar com Luis Artur Nunes é uma espécie de pós-graduação, como um mestrado ou doutorado. A gente aprende muito enquanto divide com ele a sala de ensaio e os palcos. Sou muitíssimo grato por viver no mesmo tempo que esse grande homem de teatro. E aproveito para agradecer aqui por mais esse lindo presente que é A Baleia. A peça fica em cartaz até 20 de julho aqui no Rio, no teatro Adolpho Bloch, e depois A Baleia irá singrar outros mares Brasil afora. Eu se fosse você não perdia! Nas fotos, o elenco agradece os merecidos aplausos e eu, bem pimpão, entre o diretor e o protagonista Zé de Abreu.

2 comentários:

  1. Amigo Querido, que deleite esse seu texto, você vende a peça melhor que muita assessoria de imprensa que existe por aí.
    Já estou na fila de espera, rezando com os joelhos no milho para que esse espetáculo aporte por aqui.

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  2. Odilon, darling! To na torcida tb, mas não precisa ajoelhar sobre o milho! Mais fácil você vir a São Paulo quando a peça estiver lá rs. Beijo!

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