segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
OURO MERECIDO
Que coisa boa acordar numa manhã de verão em São Paulo, quando a cidade ainda está tranquila e quase vazia devido aos festejos de fim de ano, e ter a notícia da vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro! E como melhor atriz de drama! Digna, talentozérrima e super merecedora. Com mais essa conquista ela prova que todo bom comediante é capaz de fazer drama e até tragédia. O contrário nem sempre acontece... Acompanho a trajetória dessa atriz desde o começo; eu a vi em Rei Lear, quando ela era pouco mais do que uma menina e já estava perfeita no papel de Cordélia. Depois, me encantei com sua atuação no filme Eu Sei Que Vou Te Amar, de Jabor, que lhe rendeu outra premiação internacional, a Palma de Ouro em Cannes. Isso quando ainda tinha apenas vinte aninhos. Mais tarde, ela se revelou como escritora e seu livro Fim me arrebatou da primeira à última página. O que dizer então de sua impecável interpretação em A Casa dos Budas Ditosos? Sozinha em cena, em grandes salas de espetáculo geralmente destinadas a shows de música, ela trazia a plateia na palma da mão. Uma aula. Fora todos esses trabalhos de inegável relevância e contundência, ela ainda nos fez morrer de rir com suas personagens cômicas na televisão. Como a impagável Fátima, do seriado Tapas e Beijos. Agora ela surpreende o Brasil e o mundo com atuação irretocável no filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, feito a partir da obra homônima de Marcelo Rubens Paiva. É no olhar e no corpo inteiro da atriz que vemos toda a dor e a esperança de Eunice Paiva. Diga-se de passagem, o filme também merecia o prêmio. Eu estava assistindo à cerimônia e, quando vi que o prêmio de melhor filme estrangeiro não foi para Ainda Estou Aqui, dei uma desanimada. Morto de sono, desisti e me joguei nos braços de Morfeu. Eis que agora acordo com essa notícia maravilhosa. Dá vontade de encher o peito e, ufanisticamente, bradar a plenos pulmões: O ouro é nosso! Mas não, não é nosso. Sejamos justos, o ouro é de Fernanda Torres. E muito, muito merecido. Palmas para ela! Na foto, Fernanda com seu Golden Globe.
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Querido amigo, que felicidade esse prêmio para ela, lembro da Fernanda em A Marvada Carne, filme de 1985, ainda uma menina, fresquinha, mas com aquele olhar que exprime tudo. O mesmo olhar que reconheci em Ainda Estou Aqui quando o Rubens sai de casa com os sequestradores e ela o olha da porta antes dele entrar no carro. É o mesmo olhar, carregado de emoção. Que bom estar vivo e ser da mesma geração.
ResponderExcluirAinda tenho fé que o filme não ganhou o Globo de Outro porque está aguardando o Oscar. Oremos!