domingo, 8 de outubro de 2017

ALAIR

Não consigo lembrar quando foi que conheci o trabalho do fotógrafo Alair Gomes. O que lembro bem é que assim que coloquei os olhos em suas fotografias de rapazes na praia de Ipanema me tornei seu fã. Lembro também que na sala da casa da minha saudosa amiga Lidoka, na mesma Ipanema, havia algumas fotos de seu marido, o mitológico surfista Petit, imortalizado por Caetano Veloso na canção Menino do Rio, que tinham sido feitas por Alair. Pois agora Alair Gomes foi transformado em peça de teatro, protagonizada pelo sempre brilhante ator Edwin Luisi. O texto, escrito por Gustavo Pinheiro a partir dos diários de Alair, dá uma boa ideia não só da abrangência da obra do artista, mas também da sua humanidade. A solidão e a insaciável busca pela beleza. As viagens e suas descobertas. Seu olhar sobre o mundo e seus habitantes. A peça é muito bem vinda, nesse momento em que se atenta contra as liberdades estéticas e de expressão. Edwin, além de talento, é puro carisma sur la scène. Agora, com barba e cabelos grisalhos, faz lembrar uma outra figura icônica das artes, o pintor Darcy Penteado. E os atores que representam os modelos do fotógrafo, com suas belas figuras, são um deleite à parte. Isso sem falar que a trilha sonora traz à tona uma outra pérola: O álbum Transa, de Caetano Veloso - olha ele aí de novo - com trechos da canção Mora na Filosofia, que muito embalou minha adolescência... No começo dos anos noventa, logo que voltava de uma temporada de um ano em Paris, tive o privilégio de trabalhar com Edwin em uma montagem de A Caravana da Ilusão, de Alcione Araujo, na qual ele era o protagonista e eu, o assistente de direção de Luís Arthur Nunes. Até hoje não sei porque ele abandonou a montagem a poucos dias da estreia. Uma pena, pois estava deslumbrante no papel do velho Bufo, líder de uma trupe de comediantes... Mas agora o negócio é o seguinte: O espetáculo vai cumprir uma temporada curta no Teatro Nair Bello, somente até o dia 5 de novembro, e é necessário, indispensável que seja assistido. Fica a dica.
Nas fotos, os atores Edwin Luisi e André Rosa em cena do espetáculo e o eterno menino do Rio - Petit - clicado por Alair.

Um comentário:

  1. Tomara que chegue por aqui. Em tempos tão bicudos e de cerceamento das liberdades, temo que a peça não consiga viajar.

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