quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

DOIS DE FEVEREIRO

Ontem foi dia de Iemanjá e fui, com meu amigo Gilberto Gavronski, dar um mergulho no mar. Marcamos em Ipanema, em frente ao Hotel Fasano. Como meu amigo se atrasou, fiquei sentado na areia olhando para o mar e pensando. Lembrando. Imaginando. Sonhando... Minha princesa art-nouveau é um rapaz francês sentado a uma mesa no terraço de um café da Rive Gauche. Ele me vê com um livro na mão e pergunta o que estou lendo. Respondo que é Sartre, A Idade da Razão. Melhor dizendo, l'Age de Raison, posto que leio no original. Acha pesada a minha leitura. Imagino que não conheça Sartre, pelo menos não essa obra. Me conta que passou a infância em Madagascar. Me pergunta se gosto de lambada. Respondo que não, que prefiro Caetano, Chico Buarque, Milton Nascimento... Há um grande ajuntamento de pessoas mais para os lados do Arpoador. Quando meu amigo chega nos mudamos para lá, indo ao encontro de outros amigos. Não precisa muito para que no Rio as coisas se transformem em um événement. Ao redor de um grande barco que repousa sobre a areia com uma imagem da santa/orixá, aglomeram-se fotógrafos, cinegrafistas e celebridades televisivas. Todos compareceram ao "evento" para render homenagens. Todos são devotos. Sincreticamente jogam flores, presentes, bilhetes com pedidos e outras coisas ao mar. Eu apenas me banho e reverencio essa entidade que habita um elemento que não é o meu, mas que admiro e respeito. Quanto a jogar coisas no mar, minha consciência ecológica fala mais alto do que a minha fé e não jogo nada. Tampouco peço, pra também não ser cara de pau... Nisso já são sete horas da noite e a praia bombando. Resolvo ir embora, afinal, preciso pegar o metro. O barco ainda nem havia sido lançado ao mar quando virei a esquina do Fasano em direção à estação do metro. As coisas não precisam de você. Lembro Marina quando a luz do hotel homônimo se acende. Quem disse que eu tinha que precisar? Nisso, percebo, as luzes brilham no Vidigal...
A foto foi feita alguns anos atrás em Ilhabela. Minha homenagem.

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