segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

PARIS, RIO

É histórico e notório que o Rio de Janeiro sempre se espelhou em Paris. Pelo menos de Dom Pedro II em diante, uma vez que nosso Imperador adorava a Cidade Luz e fazia o possível para reproduzir do lado de cá o que tanto o encantava do lado de lá do Atlântico. Tanto que fazia construir parques e jardins inspirados nos de Paris, para nosso deleite e alegria... E a influência francesa é visível não apenas na moda e na gastronomia, mas também nos costumes e na arquitetura. Vide casarios com mansardas e marquises de ferro fundido e vidro que abundam no centro da cidade. Só não consigo entender como as pessoas aguentavam se vestir à francesa aqui no calor dos trópicos. E até hoje a mulherada segue usando chemisiers, peignoirs, négligées e lingéries em geral, vez por outra alongadas no recamier sob a luz difusa do abat-jour... Eu, que já vivi nas duas cidades e as visito frequentemente, me divirto identificando semelhanças entre elas. Carmen Miranda já cantava: Paris, Paris je t'aime, mas eu gosto muito mais do Leme. O que há de Paris no Leme? O simpático bistro La Fabrique. Já a Praça do Lido não tem nada a ver com o Lido de Paris... A Praça Tiradentes, com os teatros Carlos Gomes e João Caetano frente à frente, me remete à Place du Châtelet, com o Théâtre de la Ville e o Théâtre du Châtelet também frente à frente. Assim como o Bar Luis, na Rua da Carioca, é para mim o correspondente carioca do Le Bouillon Chartier, na Rue du Faubourg Montmartre, nos Grands Boulevards. Se bem que o Café Lamas, no Catete, também tem algo do Chartier... Sem falar no Teatro Municipal, nossa Opéra Garnier, e, claro, a Confeitaria Colombo, nossa Angelina tropical art-nouveau. E o que dizer do charme vintage da Confeitaria Manon, que descobri por acaso quando batia pernas na Rua do Ouvidor? Só pelo nome eu já a citaria aqui. Mas o décor é ainda mais incrível... Santa Tereza me traz ares de Montmartre. Não apenas pela altitude, mas também pela concentração de artistas, ateliers e uma certa boemia... Adoro os "afrancesamentos" adotados por alguns estabelecimentos em seus nomes. Como o Paris Gastrô, assim mesmo, com acento circunflexo, que vi da janela do ônibus quando passava pela Praia do Flamengo... Outra coisa que adoro do Rio e que me dá muito a sensação de estar em Paris é a longevidade de determinados estabelecimentos. Aqui, como lá, os lugares tem história. Não é incomum você encontrar no Rio restaurantes com mais de cem anos, por exemplo. Ou parques de duzentos anos. O que, tratando-se de Brasil, não é pouco. Há muitos gatos aqui no Rio, como em Paris, uma alegria para quem como eu ama os felinos. E, para encerrar com muito charme, a Praça Paris, cuja foto ilustra o post. Seria o nosso Parc Monceau? Nosso Jardin du Louxembourg? À vous de décider... Au revoir!

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