quarta-feira, 28 de outubro de 2015

EU VOU PRA LAPA

Há tempos não vinha passar uma temporada no Rio. E, quando o fazia, ficava sempre na Zona Sul. Aliás, sempre me considerei um garoto Zona Sul, capaz de me virar com bastante desenvoltura do Leme até o Leblon. Agora estou momentaneamente instalado na Lapa. A tão cantada zona boêmia, com seus bares, cabarés, malandros e arcos. E estou adorando. Percorro suas ruas com a curiosidade e o encantamento de um turista estrangeiro. Que por sinal abundam por aqui. Admiro seus casarios, detalhes de fachadas, janelas, portas, muros e escadarias. Imagino Carmen Miranda ainda criança, bem moleca, brincando com os meninos nos largos e praças. Em meio a todo o agito dos botecos e a uma certa decadência instalada, surge, impávida, linda, conservada, refeita e mantida a Sala Cecília Meirelles em pleno Largo da Lapa, de frente para os Arcos e o Circo Voador. Que, por falar, nas minhas andanças já passei e adquiri ingresso para o recital de Miguel Proença na próxima quinta, portanto, amanhã. Depois conto detalhes. Da sala e do recital. Por enquanto sigo descobrindo esse Rio de Janeiro urbano que eu praticamente desconhecia. Não me refiro apenas à Lapa, mas às suas adjacências. Como a bela e tranquila Glória, juste à côté, com seu Outeiro a se destacar no alto, a estátua de São Sebastião a seus pés e a Praça Paris juste en face. Eu sempre vi essa praça de passagem, de dentro de um táxi ou de um ônibus. Nunca havia parado para apreciar seus jardins. Vale a pena, ela é linda demais. E também a Cinelândia, com o Teatro Municipal e o Amarelinho. Sem falar no Largo da Carioca, com o belo relógio e, no alto, o Convento de Santo Antônio. A Praça Tiradentes com seus teatros, a Rua da Carioca que guarda o Bar Luiz há mais de cem anos. Enfim, quem acha que o Rio é só um balneário precisa rever seus conceitos. Ou cruzar o túnel e se deixar levar. E, como canta Alcione, encher o peito e dizer: Eu vou pra Lapa!
Na foto, interior do Bar Luiz.

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