quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

CINZAS

O dia amanheceu cinza, fazendo juz à data de hoje: Quarta-feira de cinzas. Passei esse carnaval tão à margem do evento em si, que nem cinzas aqui em casa sobraram para contar a história. Apenas uma melindrosa e uma rumbeira, que tirei do armário para que o cheiro de mofo saísse, repousam sobre a cama sem sequer terem sido usadas. Minto, eu bem que vesti as duas em casa mesmo, enquanto fazia planos de sair em blocos e de ir pular em bailes. Mas acabei não indo a nenhum. Já faz alguns anos que minha animação carnavalesca se resume a tirar as fantasias do armário para na quarta-feira de cinzas guardá-las novamente. Por outro lado, nesse ano fiz coisas inéditas durante os dias de folia. No domingo, por exemplo, trabalhei! Participei, com minha amiga Agnes Zulianni, de duas performances no CCBB, dentro de um projeto que exibe filmes brasileiros que abordam o humor. Bem cult e totalmente low profile para os dias de Momo. Plateia interessante e interessada... Na terça-feira, visitei dois belos parques da cidade que ainda não conhecia: O tradicional Horto Botânico e o mais recente Parque da Juventude, construído onde outrora estava instalada a Casa de Detenção do Carandiru. Fora isso, acompanhei pelo instagram e pelo facebook todos os amigos que se jogaram com entusiasmo, fantasias e álcool nos mais diversos blocos e bailes. Fiquei feliz pela volta dos carnavias de rua. Aqui em São Paulo eles bombaram no centro e em vários bairros. O bloco Tarado ni Você, que homenageia Caetano Veloso e cujo lema é Vamos Comer Caetano, foi um sucesso total, levando milhares de foliões à famosa esquina do centro cantada pelo compositor baiano em Sampa. Nesse eu confesso que quase fui. Desisti na última hora. Velhice mesmo. Não consigo mais me imaginar em meio a uma multidão bebendo, dançando e sei lá mais o que fazendo. Acho que meu bloco já passou. Agora o cinza do dia deu lugar a uma espécie de sol tímido que espia por entre as nuvens. Quem sabe ainda me animo para o enterro dos ossos?
Na foto, a impressionante perspectiva do Parque da Juventude, que trouxe vida a um local onde não havia perspectiva nenhuma.

Um comentário:

  1. cinza ou em cores..a festa da carne deve ser comemorada da maneira que seus foli~es assimdesejarem..tbem me enclausurei e pus em prática lindos projetos..

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