quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

PENSAMENTOS À BEIRA DE

Antes de entrar na água sempre peço licença a Iemanjá, Rainha do Mar, a Netuno, Deus dos Mares e a todas as entidades desse elemento que não é o meu, mas que respeito e admiro, e peço que me recebam de braços e coração abertos, que é como entro. Para harmonizar...
Há muito tenho a fantasia de morar na praia. Não tenho certeza se de fato gostaria. Mas sempre que fico muito tempo afastado do mar, ele me chama. E eis-me novamente aqui, frente a frente com ele... Antes de vir passar esses dias no litoral entrei rapidamente no Shopping Paulista para tirar dinheiro no caixa eletrônico. Enquanto andava pelo shopping em busca do banco, vi dois meninos tão jovens, mas tão jovens se beijando, não deviam ter mais do que treze anos. Fiquei pensando no quão improvável seria a cena na época em que eu tinha a idade deles. E também se o Estado Islâmico teria coragem de lançar essas crianças do alto de um prédio. Obviamente teria. Até porque não se trata de coragem, mas, sim, de uma execrável covardia... Olha como o mar me leva e me traz outra vez de volta! Ouço música nos fones de ouvido. O iPad, no modo shuffle, vai de Ella Fitzgerald a Zaz. De repente cai em Novos Baianos. Aí fica bom. Vende-se sonhos. Quando o sol se põe vem o farol. De noite, por mais que lhe afague a vida, esconda o jogo: Blefe! O dia segue, o barquinho vai na voz de Nara. Tiro os fones de ouvido para ouvir o mar. Em si. Lembro Leila Diniz recitando sobre arranjo de Milton: Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar... Trouxe tanta coisa para a praia hoje que o ponto onde me instalei está parecendo um loft. Tem tudo o que preciso: Livro, caderno de notas, iPad, iPhone, um escritório. E, claro, minha caixa de gelo com comidinhas e vinho branco. Hoje, um verde português levemente frisante. Um vin moussé, como diriam os franceses... Não acreditei quando vi um ambulante passar vendendo pau de selfie!! Só não caí pra trás porque estava devidamente recostado na cadeira de praia. Mas senti ímpetos de mandar o camarada introduzir o artefato naquele lugar. Só não o fiz porque sou muito fino. O fato é que não saio daqui. Daqui ninguém me tira. Nem de guarda-sol preciso. Estou debaixo de uma gentil amendoeira que me protege com sua sombra amiga. Vão indo que depois eu vou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário