terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

PARA UM AMOR NO RECIFE

Esse é o título de uma canção de Paulinho da Viola, também gravada por Marina Lima, que é bastante apropriado para esse post. Adoro essa música e a idéia que ela me passa, de amores regionais, localizados espacialmente em lugares distantes. Um amor em cada porto, como os marinheiros. O Brasil tem isso, esses encantamentos regionais. A cada estado ou região que se vai, um mundo novo se descortina e parece que você nem está no seu próprio país. Esses mundos novos trazem, por vezes, pessoas encantadoras. Que surpreendem ao primeiro encontro. Com um gesto. Com atitudes. Com palavras. E as palavras, quando bem utilizadas, no timing certo e com a dose adequada de bom humor & champanhe, têm o poder de uma poção mágica, aqueles líquidos encantadores que hipnotizam, prendem, trazem de volta a pessoa amada em três dias e etc, com pagamento pós-resultados... E, ao contrário dessas panaceias apregoadas por videntes e adivinhos de araque, as palavras têm poder. O poder de render o visitante apaixonado e irremediavelmente preso ao ser que as profere. Acontece com qualquer um. No Recife ou em qualquer outro lugar. De Recife pode ir para Salvador, Brasília ou, até mesmo, Buenos Aires. E lá ficar. Em meio a tangos, livrarias, boates ou jardins. Às vezes, o encontro certo na hora errada. Ou talvez a pessoa errada na hora certa, mas mesmo assim que tal ver no que vai dar? Já sabemos no que vai dar: É lindo enquanto dura. Depois, quem sabe, é chorar todos os dias... Como dizem os versos de Paulinho da Viola: “Quero fechar a ferida. Quero estancar o sangue”. Embalado por canções de amor... “Meu amor eu não me esqueço, não se esqueça, por favor”. Bebendo vodka com qualquer coisa... “Eu voltarei depressa, tão logo a noite acabe”. Lembrando de cada quarto de hotel... “Tão logo esse tempo passe, para beijar você”. Esperando que um dia consiga esquecer... “A razão porque mando um sorriso e não corro”. Ou, como em Surabaya Johnny, de Brecht & Weill: "Acordar numa cama barata e ouvir o barulho do mar. Teu navio partindo pra longe, indo embora pra qualquer lugar". E o nosso Brasil vasto, enorme, continental, segue sempre a surpreender. No Recife ou em qualquer outro lugar... Na foto, Paulinho em si lembrando, quem sabe, de um grande amor.

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