sábado, 1 de dezembro de 2012

CORINE...
Batem à porta. Corro abrir e não é ninguém. Engraçado, eu poderia jurar que ouvi alguém bater. Agora é o telefone que toca. Atendo e não há ninguém do outro lado. Apenas a linha: __________________________________________________. A caixa de e-mails está vazia. Como vazia e branca está a página do Word na tela fria do computador. Os discos de vinil jazem mudos no armário sem agulha para percorrê-los. Por baixo da porta só passam contas a pagar. Dentro do peito, o coração. Batendo apertado. No calendário, o último dia do penúltimo mês do talvez, quem sabe, último ano. O iPad toca a bela voz de Corine Bailey Rae. A música de Corine me toca. Tateio as palavras querendo tocar alguém. Ou, pelo menos, me tocar. E o pensamento, urdindo tramas, trama em segredo seus planos. Coração leviano. Paulinho da Viola nem sabe o que fez do meu. Girl, put your records on. Tell me your favorite song. O espumante que bebo tem nome sugestivo: Tournée. E eu, louco para entrar em uma turnê, me contento com a taça. Com a garrafa. Não basta... Ou melhor, já basta. Desta bosta. Escrita torta. Logística indireta. Nem lembra dos meus desenganos. Fere quem tudo perdeu. Coração leviano! Nem sabe o que fez do meu... Batem à porta. Desta vez, não abro. Não sou bobo. Nem nada. Sei que lá fora não há ninguém.
Na foto, a bela Corine Bailey Rae.

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