sábado, 5 de maio de 2012


ORIGINALIDADE
Muito se fala dos animais em extinção, da escassez da água no planeta e até de um possível fim do mundo previsto ainda para esse ano. Mas e a originalidade? Ninguém se preocupa com a sua extinção eminente? Como já existem muitos ambientalistas e fenomenologistas debruçados sobre as questões anteriormente citadas, vou me dedicar a essa última: A supressão da criatividade em função da busca instantânea e desesperada pelo possível sucesso. Que traz consigo a questão: O que é o sucesso? A julgar pelo nível das infindáveis variações sobre o mesmo tema que tenho visto, sucesso seria se dar bem a partir das idéias alheias. Ou seja: O indivíduo percebe que alguém descobriu um estilo ou um modo qualquer de expressão original que dá certo; ao invés de pensar em uma maneira própria de se expressar, ele passa a pensar da seguinte forma: Como posso modificar o que o outro criou de modo que pareça meu, mas que seja, no fundo, a mesma coisa e tenha o mesmo resultado positivo? Desde que o mundo é mundo a coisa funciona mais ou menos assim. Mas agora, na era da competição em que vivemos, na qual TER se sobrepôs desmesuradamente a SER, a coisa atingiu limites por mim nunca imaginados. Na minha santa ingenuidade, diga-se de passagem. Acredito que realmente existam pessoas capazes de distinguir uma bolsa Louis Vuitton verdadeira de uma cópia bem feita, por exemplo. Mas, enquanto isso, os chineses vão enchendo o bolso de dinheiro. E esse conceito se espalhou a todas as áreas do conhecimento, da arte, da tecnologia, e passamos a viver a era da cópia. Sou engraçado, mas não sei escrever? Pas de problème: Pego o texto de um colega e dou uma modificada. Ou nem me dou a esse trabalho: Uso tal e qual. Quero entrar em cartaz com um espetáculo de sucesso? Copio a idéia de alguém que se deu bem, mas, claro, modifico o nome. Quero dizer coisas aparentemente relevantes nas redes sociais para ter muitas curtições e gerar polêmica? Faço um grande esforço mental, lembro de algo incrível que já ouvi ou li, mudo o formato e pimba! Aliás, as redes sociais contribuem em muito para esse “mais do mesmo” infindável a que assistimos dia após dia. Copia-se tudo: Imagens, frases, ideias, projetos, posts, personagens, tu-do. A publicidade vem fazendo isso com muito sucesso através de décadas. E tenho plena consciência que também não apresento nenhuma originalidade nesse comentário. É só para manifestar a minha preocupação mesmo. Fui criado no interior, fiz todo o primeiro grau em escola pública, mas sempre fui motivado a criar, a ser original, em todas as áreas. Principalmente na artística, pendor precocemente percebido por minhas professoras e pais. O inacreditável, para mim, é ver que hoje, nas capitais, nas melhores escolas, com a tecnologia mais avançada, as pessoas estejam aprendendo a copiar. Para isso, cá entre nós, já existia o xerox. No meu caso, o mimeógrafo...
Na foto, a original Gal, que vem sendo copiada à exaustão.

2 comentários:

  1. Alguns anos atrás (muitos) existia um desfile de fantasias televisionado diretamente do Hotel Glória, no Rio, onde uma categoria fazia muito sucesso: originalidade. Mas como eu disse, faz muitos anos...
    Belo texto.

    ResponderExcluir
  2. Eu adorava assistir a esses desfiles!!! Com aquele órgão defundo musical...

    ResponderExcluir