sexta-feira, 7 de outubro de 2011



ODORES
Noite quente de primavera. Sentado na frente do Ritz, sorvo goles de Baby Chandon. Uma onda doce, de perfume, invade o ar. Primaveras. Jasmins. Damas da Noite... Não é de hoje que me sento aqui. É de muitas primaveras. O aroma de flores me leva pra longe... Soledade nos anos setenta. Porto Alegre nos anos oitenta. Paris nos anos noventa... Ritz em casa, Domênica, boa noite? O motoboy dá a partida. Acelera pra esquentar o motor, súbito odor de gasolina invade a cena, as narinas, a memória. Sou trazido imediatamente de volta: São Paulo 2010. Onde está a poesia? Em um beco grafitado na Vila Madalena. Na dança contemporânea de Jorge Garcia. Na área reescrita, obra em construção no Centro Rio Verde. Na reutilização de espaços. No uso de máscaras. No ato de despir-se delas. No filme Medianeras. Nas futilidades públicas do banheiro de Patrícia Gaspar. No trailler do filme Palhaço, de Selton Mello, que emociona tanto que estou contando os dias para assistir. Eu sigo sonhando com sossego, uma casa modesta numa praia deserta, uma pequena cidade. Paradoxalmente me mantenho na cidade grande. Como aquelas plantas que crescem no meio do concreto. Nas rachaduras dos prédios. Ninguém sabe como nem porquê. Sol entre nuvens. Possibilidade de chuvas. Quer previsão mais vaga?
Outra Baby, por favor. E odor de flores...

2 comentários:

  1. e se de repente um estranho te oferecer flores...isso é um vendedor!

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  2. lindo ! lindo ! lindo ! como a lindeza da sua essência.
    Quero ler mais crônicas suas.
    Escreva ! Escreva muito ! E divulgue muito o que escrever,porque é muito bom de te ler.

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