terça-feira, 18 de outubro de 2011


DARLENE GLÓRIA

Quando assisti, no começo dos anos oitenta, ao filme Toda Nudez Será Castigada, fiquei imediatamente apaixonado pela atriz Darlene Glória, a inesquecível Geni da versão cinematográfica de Arnaldo Jabor para a peça homônima de Nelson Rodrigues. Eu tinha tanta vontade de saber mais sobre ela, de saber tudo sobre ela, de assistir a todos os seus filmes. Não existia Google, Wikipédia, nenhuma dessas facilidades de hoje e apenas começavam a despontar as primeiras locadoras de vídeo. Sonhava com um ciclo dedicado à sua filmografia no Cine Bristol, pequena sala de cinema em Porto Alegre dedicada a filmes de arte. Foi bem difícil, mas, aos poucos, eu fui descobrindo mais sobre minha diva do cinema. E quanto mais descobria, mais gostava: Que tinha sido vedete no teatro de revista, que bebia, que era louca, que se drogava, tudo me encantava. Depois, soube que tinha virado religiosa e mudado o nome para irmã Helena Brandão. Foi um choque e uma decepção. Mas o amor tudo perdoa e eu segui idolatrando minha musa. No final dos oitenta, acho que lá por oitenta e sete, minha amiga Shala Felipe, então Xala, foi para o Rio de Janeiro para trabalhar na novela Carmen, da extinta Rede Manchete. Quem estava no elenco com ela? Darlene, que retomava a carreira de atriz após o afastamento evangelizante... Não pensei duas vezes: Quando minha amiga Marta Biavaschi disse que ia ao Rio de Janeiro, escrevi uma carta à minha ídola e pedi à Martinha que desse para a Shala entregar. Tempos depois soube, pela Shala, que ela teria dito ser a carta mais linda que jamais recebera. Isso me fez muito feliz. Quem tem ídolos sabe do que estou falando... Não muito depois fui ao Rio e, quando passava de ônibus pela Praça Paris, à noite, vi que estavam gravando uma cena com uma mulher de vestido de noite dentro do chafariz, bem no estilo Anita Ekberg em La Dolce Vita, de Fellini. Dias depois, assistindo à novela, vi a tal cena e feliz descobri que a Anita que eu vira na Praça Paris era Darlene... Recentemente soube que ela filmou com Selton Mello, mas ainda não tive o prazer de assistir. Ao me deparar com essa foto na internet, lembrei dessa antiga paixão e tive vontade de compartilhar aqui... Parece que estou ouvindo agora sua entonação para a fala inicial de Toda Nudez: Herculano, quem te fala é uma morta! Eu morri! Me matei!

Viva Darlene Glória, estrela do cinema brasileiro!

Na foto, Darlene em cena do clássico de Jabor que lhe rendeu o Kikito de melhor atriz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário