sábado, 1 de julho de 2023

TERRA SEM MAPA

Que bom que estou de volta a Porto Alegre depois de quase quatro anos. Que bom, também, que o teatro está de volta. E tem mais: O bom teatro está de volta. Aquele que, sem maiores pirotecnias, se faz verdadeiro bem diante dos nossos olhos. Com seus recursos primeiros e essenciais: Atores e plateia; reunidos para essa celebração que permite que a magia aconteça. E faz com que todos, público, atores, tecnicos e funcionários embarquem em uma viagem poética rumo a uma terra sem fronteiras, aquela para a qual sempre voltamos: A da memória. (Um dos universos que mais me encantam nessa vida). Estou me referindo ao espetáculo Terra Sem Mapa, a que tive o prazer de assistir no novo e interessante espaço Zona Cultural, aqui na capital dos pampas. Sempre teremos Paris, para citar um cult movie. O trem que chega é o mesmo trem da partida, para citar Milton. Mas a vida em si, com tudo o que trazemos conosco ou deixamos para trás, está misteriosa e encantadoramente contida na memória. Vrum e Luba, personagens criados e muito bem alimentados pelos brilhantes atores Sergio Lulkin e Mirna Spritzer, são os condutores dessa nau que arrebata a plateia e a transporta por seu labirinto de emoções, experiências e histórias transbordantes de lirismo; o maestro que rege a orquestra imaginária, a menina que chora com a chuva, o urso com a pata ferida, o caldo de galinha para a sopa, os pais e mães que deixam e são deixados para trás, os lugares de onde saímos e os outros, para onde iremos e de onde tornaremos a voltar. Os personagens/contadores de histórias amarram lembranças, improvisações e leituras a danças, brincadeiras e canções como crianças que deixam correr solta a imaginação. Em um palco vazio, preenchido por iluminação e trilha sonora inspiradas, eles desfilam entre as brumas das lembranças nos levando gentilmente consigo. Daqueles espetáculos que ficam guardados para sempre na - vejam só - memória da gente. Uma pequena joia; um presente de Sergio e Mirna para a cidade que os viu desabrochar como os talentos que são. Talentos esses que vem sendo burilados através dos anos e que, como os bons vinhos, só melhoram. Imperdível! Na foto, Sergio e Mirna nas peles de Vrum e Luba.

2 comentários:

  1. Querido amigo, estou em lágrimas, não enxergo as palavras para agradecer...

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    1. Sergio, querido! Não precisa agradecer. Eu é que agradeço o lindo presente que foi assistir ao seu espetáculo.

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