terça-feira, 17 de março de 2020

QUARENTENA

Essas são algumas das reflexões de um quase idoso em quarentena na tentativa de conter a propagação do vírus Covid19, o famigerado Corona Vírus. Digo quase idoso porque ainda não completei sessenta anos. No dia 25 do mês que vem completarei cinquenta e sete outonos. Mas, mesmo não sendo considerado grupo de risco, entendi a importância de proteger os outros me mantendo em casa. Muitos dos que me leem talvez não saibam, mas sou extremamente caseiro. De modo que não muda muito a minha rotina cotidiana. O que mais me afeta é não ir à academia para os meus treinos diários. Afeta, inclusive, física e psicologicamente. Mas vamos em frente. Ou melhor, não vamos. Fiquemos. Em casa, no caso... Felizmente nessa época do ano o sol já começa a bater na sacada. Assim não preciso descer para tomar sol na piscina, evitando possíveis contatos com vizinhos. Essa é uma ótima maneira de passar parte da manhã... Tenho lido o livro Metrópole à Beira Mar, de Ruy Castro, sobre o Rio de Janeiro dos anos vinte. Interessante painel de uma época rica em cultura e informação vivida em nosso país. Só para se ter uma ideia, a Capital Federal tinha dezesseis jornais diários circulando. Os teatros funcionavam de segunda a domingo com várias sessões diárias e todos os profissionais (artistas, técnicos, etc.) eram contratados. Bem diferente do que vivemos hoje em dia... Fiquei bastante chateado com o cancelamento das gravações da minha novela preferida, a única que acompanho no momento, Amor de Mãe. Mas entendo que é o melhor a ser feito pelo bem de todos e aguardo ansioso a nova temporada... Filmes e séries no Netflix eu sempre assisti pouco, não sou muito viciado. Agora tenho assistido um pouquinho mais. Isso me levou a uma outra reflexão: Antigamente uma história boa tinha que ter início, meio e fim. Hoje em dia parece que quanto mais esses três elementos estivarem misturados, de preferência embaralhados, melhor. Digo isso porque ontem, assistindo ao filme francês Jonas, do diretor Christophe Charrier, me peguei tentando editar a película enquanto assistia. Ora, eu prefiro que o filme já venha editado! De preferência, na ordem. E com isso quero dizer: Ordem crescente, do início ao clímax e, para encerrar, o fim. Coisa de velho chato e reclamão, que já foi fã de filmes feitos justamente nesse estilo. Por sinal, gostei muito de Jonas e recomendo... Hoje minha cantora preferida de todos os tempos, Elis Regina, faria aniversário se viva estivesse. Como na minha memória e em todo o meu ser ela ainda está, Feliz Aniversário, Elis! Escrevo ao som de seu álbum Essa Mulher, correspondente ao primeiro show dela a que assisti... No sábado à noite, quando ainda não tinha começado minha quarentena voluntária e as casas de espetáculos ainda estavam abertas, fui ao Teatro Eva Herz para assistir ao espetáculo As crianças, que tem no elenco os meus amigos Andrea Dantas e Mario Borges e mais a igualmente talentosa Analu Prestes. Um dos melhores espetáculos a que assisti nos últimos tempos. A direção impecável, criativa e sensível de Rodrigo Portella envolve o espectador no contundente e bem humorado texto da inglesa Lucy Kirkwood do início ao fim. Rodrigo já tinha me deixado de queixo caído com sua perturbadora montagem de Tom na Fazenda. Agora, trazendo o humor - ainda que inglês - como um dos ingredientes, me ganhou ainda mais. Meu novo diretor preferido do momento. Ah, e antes que eu me esqueça, o elenco também está impecável. Mas isso já é chover no molhado. Mario Borges, por exemplo, é sempre arrasador em tudo o que faz sur la scène... No mais, rápidas idas ao supermercado para comprar comida, porque essa histeria de estocar mantimentos não me pega. Sigamos em quarentena que haveremos de vencer esse vírus! E a internet está aí para nos conectar com o mundo na segurança do nosso lar...
Na foto, euzinho tomando sol no isolamento voluntário da sacada.

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