quinta-feira, 7 de junho de 2018

ALUCINAÇÕES PARCIAIS

Tive de ir ao posto da Polícia Federal que fica no Shopping Eldorado para renovar meu passaporte. Ou melhor, para fazer meu passaporte pois, segundo a própria Polícia Federal, passaporte não se renova. Aproveitando que estava perto, resolvi ir andando até o Instituto Tomie Ohtake para visitar a exposição Alucinações Parciais. Essa interessante mostra, feita em parceria com o Centre Pompidou de Paris, reúne obras de pintores modernistas europeus e brasileiros da primeira metade do século vinte. Dez artistas europeus e dez brasileiros, mais especificamente. A sala tem formato de arena, de modo que se pode admirar todas as obras ao mesmo tempo, se este for o desejo do visitante. Lembra bastante a sala oval do Musée de l'Orangerie, onde estão expostas as famosas Ninphéas, de Claude Monet, em Paris. Elas aparecem no filme Meia Noite em Paris, de Woody Allen. Alguém se lembra? Aqui na nossa arena estão dispostos de Henri Matisse a Fernand Léger, de Anita Malfatti a Maria Martins. Claro que tudo isso só fez aumentar ainda mais a minha abstinência de Paris. Lá se vão já três anos que não a visito. E as obras que vieram de lá me fizeram sentir ainda mais saudade da cidade como um todo e do Centre Pompidou especificamente. Ou Beaubourg, como é carinhosamente chamado. Eu adoro ir ao Beaubourg. Sempre que estou em Paris vou várias vezes visitá-lo. Não apenas o centro cultural em si, mas os seus arredores cheios de bistrôs, bares, cafés, lojas e ruazinhas cheias de charme... Nosso Instituto Tomie Ohtake não deixa de ser um pouco parecido, posto que como lá reúne exposições, teatro, café, restaurante, livraria e toda sorte de atividades culturais. Fiquei bastante feliz com a minha visita a esta exposição. Revi obras que adoro e pude apreciar outras tantas pela primeira vez. Amei de paixão O Atirador de Arco, de Vicente do Rego Monteiro, que não conhecia. Revi emocionado o Arlequim, de Picasso. Tarsila do Amaral está presente com A Feira e é sempre bom revê-la. Em uma vitrine estão expostos documentos, livros, cartas, programas de exposições e fotografias. Foi lá que encontrei e não resisti fotografar: Uma foto de Salvador Dali com Coco Chanel feita na famosa maison da estilista na Rue Cambon... Há também uma edição do Manifesto Antropófago, segundo o qual " só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente". Isso fica bastante claro quando se observa essa exposição. Até porque Tarsila do Amaral, uma das artistas brasileiras da mostra, foi aluna de Fernand Léger, mestre francês que também faz parte dessas Alucinações Parciais. Fecha-se o ciclo. E, para encerrar citando nossos modernistas antropófagos: Tupy or not tupy, that is the question.
A exposição encerra no próximo domingo. Corre lá que ainda dá tempo. E é grátis!
Nas fotos, Mademoiselle Chanel e Monsieur Dali batem aquele papinho cult e a impactante simetria do Atirador de Arco, de Vicente do Rego Monteiro.

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