quinta-feira, 19 de abril de 2018

RAPAZES DA HORA

A curiosidade matou o gato, diz o ditado. Pois fui, movido pela curiosidade que tenho em relação a teatro, assistir ao espetáculo Certos Rapazes, em cartaz no Teatro Augusta às quartas e quintas-feiras. Além de não matar ninguém, minha curiosidade me brindou com uma ótima montagem protagonizada não por um, mas por dois gatos: Os atores Hugo Caramello e Rafael Braga. Que no espetáculo representam Guilherme e Pedro Henrique, respectivamente, dois jovens gays em busca do amor verdadeiro em meio à selva das cidades e ao labirinto dos aplicativos de relacionamentos. Uma agradável surpresa vinda de Belo Horizonte. Eu, que procuro assistir a quase tudo, ainda não tinha visto nenhuma peça que abordasse a temática com tamanha propriedade e verossimilhança. Sem o ranço dos protagonismos, empoderamentos e classificações, sem aquela certa aura de marginalidade ou maldição que normalmente envolve as produções do tipo, Certos Rapazes lança luz sobre uma nova geração de gays que, apesar de já ser largamente mostrada em filmes e séries estrangeiras, ainda não havia sido representada no nosso teatro. Uma comédia romântica, contemporânea, com toques dramáticos, que fala de relação. De aceitação de diferenças, de convivência. De tudo o que envolve um relacionamento. Seja ele homo, hétero, inter-racial, de qualquer natureza. A direção de Maurício Canguçu, experiente comediante, conduz os personagens com muita naturalidade: Como na cena em que Guilherme conversa com a mãe pelo skype, apresenta-lhe o namorado e ela, encantada com o novo genro, pede a ele que lhe dê um netinho. E certo lirismo: Como na cena em que os dois fazem amor no terraço do edifício e depois contemplam a lua. Fofo, para dizer o mínimo... A trilha sonora é outro achado: Ora comenta, ora sublinha as emoções dos personagens. O texto de Júnior de Souza e Luís Villerfort é divertido e contundente, ágil e interessante, sem nunca escorregar para a apelação ou para o melodramático. E, claro, tudo isso não seria nada se não fosse o talento e o carisma dos dois protagonistas... O espetáculo precisa ser visto! Portanto, corram: Só mais hoje e quarta e quinta da semana que vem. Fico torcendo para que consigam mais datas em algum outro teatro. É o tipo de peça que o boca à boca transforma rapidinho em sucesso de bilheteria. Se joga!
Na foto, os rapazes da peça: Hugo Caramello e Rafael Braga.

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