sexta-feira, 25 de agosto de 2017

RETRÔ

Dia desses estava ouvindo um disco de Elis Regina dos anos sessenta e chegou um amigo bem mais jovem, de vinte e poucos anos. Ao perceber a música que embalava o ambiente, o juvenil mancebo perguntou: É o novo CD da Maria Rita? Não, respondi. Não é novo e não é da Maria Rita. E fiquei pensando... Porque tudo o que foi feito nos anos sessenta parece extremamente moderno aos olhos e ouvidos atuais? Vide Os Mutantes, Brigitte Bardot, Serge Gainsbourg. Dá a impressão que a estética evolui em ciclos que, de tempos em tempos, se repetem. O que bombou artística ou esteticamente em uma década volta a acontecer algumas décadas depois. Só pode ser isso, refleti com meus botões enquanto passava um café para o jeune garçon visitante. Depois, dando uma olhada geral na casa, percebi que a minha estética é ligeiramente voltada para o passado. E que eu, por conseguinte, sou uma pessoa retrô. Livros, discos, vídeos. Quadros, retratos, eletrodomésticos. Móveis, objetos, utensílios. Um museu de grandes novidades, para citar Cazuza. O anti-aplicativo... A essa altura a TV já estava ligada no cômodo ao lado e Karol Conka cantava: Multitelar, multitelei... Fiquei lembrando dos meus amigos Les Étoilles, que abalaram Paris nos setenta, dos Dzi Croquettes, dos Secos & Molhados, da Rita Lee, de Bowie, do Asdrúbal Trouxe o Trombone, de Ciranda Cirandinha... Quando dei por mim já estava folheando um dos quinze volumes da coleção O Mundo da Criança, o Google da minha infância. E, antes que eu procurasse caneta e papel para escrever uma carta (antigo meio de comunicação pré-internet), decidi pegar o iPad e digitar esse post...
Na foto, eu em momento retrô inspirado pelo post.

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