segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A VIDA QUE SE LEVA


Se é verdade o que dizem, que o que se leva dessa vida é a vida que se leva, humildemente confesso que vou, sim, levar muita coisa. Eu não sou propriamente o que se pode chamar de uma pessoa empreendedora, que constrói muitas coisas em termos de projetos profissionais. Mas, em matéria de viver a vida, modéstia à parte, sou expert. E não é querer me exibir: Eu vivo bem a vida, mas é nas coisas mais simples. Um mero domingo de sol, em casa mesmo, consigo do nada transformar em um momento inesquecível. Principalmente se o céu está azul, o sol se reflete multiplicado por vários na água da piscina e eu observo da sacada enquanto sorvo goles de vinho branco ouvindo Serge Gainsbourg. Como está sendo agora... Eis o que importa: A vida ser inesquecível e, consequentemente, a gente ser inesquecível também. Por isso é que acho que mesmo não deixando grandes obras, realizações concretas, vou levar muita coisa dessa vida. E, por tabela, deixar. Deixar principalmente a lembrança de alguém que soube viver bem... Dia desses me foi solicitado escrever um parágrafo sobre mim mesmo, para a divulgação de um trabalho do qual iria fazer parte. Fiquei matutando sozinho: O que dizer, em apenas um parágrafo, que me descrevesse e desse uma visão geral da minha trajetória profissional? Me lancei nessa tarefa hercúlea e, após selecionar o que me pareceu mais digno de constar nesse parágrafo revelador, fiquei achando que não havia feito nada de importante na vida. Então era essa a minha trajetória? Com mais de cinquenta anos de idade e mais de trinta de profissão era isso o que eu tinha para apresentar? Isso era tudo? Sim, era tudo. E sabe o que mais? Era extremamente importante. Para mim. Tudo foi feito com amor. Por inteiro. De coração aberto. E com a consciência tranquila. Quer legado mais importante do que esse? E, para terminar citando Gonzaguinha, começaria tudo outra vez...

4 comentários:

  1. Eu começaria tudo outra vez, mas mais cedo... e com você por perto.

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  2. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏🙏

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  3. Querido Roberto,
    Seu texto me pegou. Outro dia estive pensando a mesma coisa: qual o legado da minha vida? Depois de pensar muito e ficar angustiado porque não ergui pontes, não criei uma ONG e fui abraçar animais em extinção, crianças carentes ou idosos desamparados, não escrevi livros ou me candidatei a cargos políticos, percebi que da vida o que se leva são as pequenas ações que se faz e, ao contrário dos que postam a vida nas redes sociais, ninguém precisa ficar sabendo, só você e sua consciência. Seja gentil e vão lembrar de você para sempre, seja honesto e vão lembrar de você para sempre, seja feliz e sua vida, seja lá quanto tempo dure, será suficientemente boa para você e quem estiver compartilhando da sua existência, eu, por exemplo. (risos)

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  4. Falou e disse, Odilon! E vamos vivendo...

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