terça-feira, 28 de março de 2017

SONHO DE ÍCARO

Ainda estou sob o impacto do espetáculo Ícaro, do meu amigo Luciano Mallmann, a que assisti no último sábado. Saí do teatro em algum estado entre o de choque e o de graça. A peça mexeu muito comigo. Um contundente teatro-depoimento, no qual Luciano expõe sua história e as histórias de pessoas que, como ele, são cadeirantes. Não tenho muito o que dizer sobre esse trabalho, apenas que é belo e cheio de conteúdo. O que, hoje em dia, já não seria pouco. Aliás, bem raro. O personagem narrador nos conduz com delicadeza e sensibilidade pelos meandros da sua condição, mostrando-nos que acima de tudo e apesar de tudo está tudo bem. Mesmo. Luciano sempre foi lindo. E continua lindo sobre rodas, agora maduro e com cabelo e barba grisalhos. É um espetáculo que precisa ser visto por todos, independente da quantidade de movimentos que possam realizar. Aliás, só é preciso sair de casa e ir até o teatro para tal. Não é só literalmente que a gente se movimenta na vida. O próprio ato de viver é um movimento contínuo que ás vezes segue à nossa revelia, ao acaso, deixando-se levar pelo destino. Mas quando decidimos tomar as rédeas da vida e conduzi-la de acordo com a nossa vontade, surgem belos resultados como esse iluminado Ícaro do Luciano. Como o personagem mitológico, ele desejou voar e foi ao chão. Mas tratou de sacudir a poeira e dar a volta por cima. Para a nossa alegria... Desejo que a caminhada desse espetáculo seja longa, que ele tenha múltiplas oportunidades de mostrá-lo, não só em Porto Alegre, mas nos quatro cantos do Brasil. E que a gente sempre possa sair, por uma hora que seja, do nosso mundinho fechado para apreciar esse belo trabalho. Parabéns, meu amigo!

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