sexta-feira, 21 de agosto de 2015

BOM FIM

Morei grande parte da minha vida, dos catorze aos trinta e três anos, em Porto Alegre. Mais exatamente, no bairro Bom Fim. Mais exatamente ainda, na Rua Garibaldi, entre a Vasco da Gama e a Osvaldo Aranha. A meia quadra da Redenção. A três quadras do Ocidente. Do fim dos anos setenta até a metade dos noventa, quando mudei para São Paulo. Mas nunca perdi o contato com a cidade nem com o bairro. Ontem fui abduzido pelo documentário Filme Sobre Um Bom Fim, de Boca Migotto, que me transportou para aquela época de sonhos e ilusões quando tínhamos, como bem frisou o Miranda em seu depoimento, uma grande esperança de dar certo. À medida que a gente vai envelhecendo começam a surgir livros, documentários e outras obras retratando o que vivemos na juventude e que hoje já é passado. E é engraçado ver como cada pessoa tem a sua versão das mesmas coisas e fatos que vivemos in loco. E que mostraríamos de maneira completamente diferente, se fôssemos fazer o nosso livro ou filme. Há uma tendência, nessas manifestações artísticas, de supervalorizar o passado, o que não me agrada muito. Sempre prefiro o hoje. Melhor ainda, o agora. Mas, inevitavelmente, o agora já já será passado também. Por isso é preciso estar atento e forte... Para que no futuro saiamos bem na foto. Ou livro. Ou filme. Adorei rever amigos queridos como Sergio Lulkin, Shala Felipe, Martinha Biavaschi, Egisto Dal Santo e tantos outros nos seus verdes anos. Eu continuo perambulando pelas ruas do Bom Fim, agora durante o dia. Aprecio as árvores, as flores e a arquitetura. O Parque da Redenção. A Osvaldo Aranha. Os ipês floridos dando um show em tecnicolor. Lugares onde antigamente eu perambulava pela noite, embriagado de álcool, ilusões e esperanças, em busca de sexo, amor, e um futuro de realizações e sucesso. Com a certeza absoluta de que pra viajar no cosmos não precisa gasolina...
Na foto, ipê rosa causando no Parque da Redenção.

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