quinta-feira, 3 de julho de 2014

A ÓPERA DA LUA

Quarta-feira, 02 de julho de 2014, uma tarde verão em pleno inverno de São Paulo. Vou com meu amigo Odilon Henriques, que mora em Salvador e está passando comigo uma semana de suas férias, ao bairro da Barra Funda para visitar A Ópera da Lua, a mais recente exposição dos artistas Otávio e Gustavo Pandolfo, internacionalmente conhecidos como Os Gêmeos. Passamos a porta de entrada. O calor, o trânsito, o cansaço do longo dia batendo pernas pela capital, o banho vencido, as angústias, tristezas, inquietações, ansiedades, inseguranças, desassossegos, tudo fica do lado de fora e é imediatamente substituído pelo mais puro lirismo. Poesia visual. Seres amarelos vestidos das mais variadas estampas. Listras. Poás. Paetês. De repente, novos universos nos são propostos e facilmente somos levados por eles. Por aqui. Por ali. Espia aqui. Entra ali também. Olha lá no alto! Gente, muita gente circula entre as obras, os espaços, instalações. Mais do que contemplar as obras, parecem todos interessadíssimos em fotografá-las. Usam a exposição como cenário para seus clics que, claro, serão postados nas redes sociais. Por um momento quase desisto, deixo para voltar em um dia mais calmo. Quando do nada sou fisgado por uma imagem que me paralisa. De súbito, fico todo arrepiado e choro ao tentar comentar com meu amigo. No alto de um farol, um homem dorme sob a luz do luar. O farol é pequeno, o homenzinho deitado sobre ele é ainda muito menor e o resto é mar banhado pela luz da lua. Vou me afastando e percebo que essa belíssima imagem, da qual jamais esquecerei, está pintada sobre uma velha porta, com os buracos onde ficava a fechadura ali expostos também, fazendo parte da obra e acrescentando a ela ainda mais poesia. Que bom. Muito obrigado. De repente, no meio da tarde, sou feliz outra vez. Mesmo que para depois, saindo desse universo mágico, o calor, o trânsito, o banho vencido, as angústias, tristezas, inquietações, ansiedades, inseguranças e desassossegos me acompanhem de volta pra casa para sonhar com a lua banhando o mar sobre o farol. Ao som da ópera de Otávio e Gustavo. Imperdível. Até 16 de agosto no Galpão Fortes Vilaça. Vai! Na foto, cedo à interação proposta pela dupla.

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