terça-feira, 3 de julho de 2012





PRAQUELE LUGAR

Dia desses li no jornal Zero Hora uma matéria sobre músicas chiclete, que grudam na cabeça da gente e não saem mais. Não consigo lembrar em que região do cérebro elas se instalam, aflitivas, e mesmo durante a noite, quando a gente vira de lado na cama, elas continuam lá, nos torturando o sono. Gostaria muito de poder bloquear essa região cerebral, blindá-la, instalar uma cerca elétrica ou, pelo menos, um insulfilme. Nunca me senti tão bombardeado assim. Antigamente era um Luiz Caldas aqui, uma banda Kaoma ali, nada grave, havia toda uma safra de Chicos, Miltons e Caetanos para compensar. Mas, hoje em dia, a coisa está séria, ultrapassou os limites do suportável. Não dá mais para assistir às novelas: Elas estão em todas as trilhas. Não quero tchu! Não quero tcha!! Li, também, e isso foi na biografia de Clarice Lispector, que uma pesquisa constatou a existência de pessoas  “amortecedoras”, para as quais barulhos, cheiros, agitação, provocam leve desconforto, e pessoas “amplificadoras”, para as quais o volume de todas as experiências sensoriais é elevado ao máximo, gente que se incomoda com o som  do rádio, com a  voz das pessoas,  com o tempero da comida, com o caráter berrante do papel de parede. Eu, obviamente, me incluo nessa última categoria, um amplificador que sonha desesperadamente com sossego, silêncio e paz. Nossa! Assim vocês me matam... Se juntarmos todo esse lixo sonoro que está bombando as mídias em um pacote, ou melhor, em um container, tal o volume, ele nem vai valer um e noventa e nove...E só o que eu desejo é bloquear meu cérebro a essa invasão ou, sei lá, mandar esse lixo todo praquele lugar...

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