segunda-feira, 8 de novembro de 2010


DE CORTAR OS PULSOS
No sábado, dia seis, fui assistir, junto com meu amigo Cau Saccol, ao show de Cida Moreira, Canções Para Cortar os Pulsos. O local da apresentação, um pequeno café-concerto chamado Casa de Francisca, é, também, uma atração à parte. Em pleno bairro dos Jardins, na rua José Maria Lisboa, tem-se a impressão de estar num cabaret de Buenos Aires ou num daqueles bares alternativos que havia em Porto Alegre nos anos oitenta, em alguns dos quais já assisti, tempos atrás, a própria Cida se apresentar. Passado o encantamento inicial que a casa provoca, ou melhor, passado não, pois ele permanece: Assimilado o encantamento inicial que a casa provoca, vem, finalmente, a Cida com seu piano a destilar as mais incríveis canções que, como diz o título do espetáculo, nos fazem querer cortar os pulsos. Todos. Vários, muito mais do que apenas dois. Os oito, se fôssemos como os polvos. Entre belas canções de Tom Waits ela nos presenteia, também, com Soul Love, de David Bowie, Youkali Tango, de Kurt Weill, Summertime, de Gershwin e Back to Black, de Ammy Winehouse. Com Curuminha, de Chico Buarque, então, o sangue jorra. Garrafas de vinho são esvaziadas sobre as mesas e as pessoas, embriagadas de álcool e de Cida, não contém exclamações... Eu sou fã dessa cantora desde o início dos anos oitenta, quando a descobri através de seu álbum Summertime, que foi gravado ao vivo no Lira Paulistana e cujo vinil é roxo. Na ocasião, eu ainda morava em Porto Alegre e, felizmente, Cida ia com frequência se apresentar na minha cidade e eu não perdia um show seu. Sempre teatral, ela abria vários desses espetáculos tocando o instrumental A Última Sessão de Música, de Milton Nascimento, e Asa Partida, de Fagner, duas das minhas canções preferidas à época. Lembro de um show de Cida a que assisti em Atlântida, uma praia do Rio Grande do Sul, e, no qual, faltou luz em meio à apresentação. Ela seguiu tocando e cantando, mesmo no escuro, e os donos da casa foram colocando velas à volta da cena, formando uma espécie de ribalta, na qual Cida brilhou ainda mais e tudo ficou muito mais emocionante... Recentemente eu tive o prazer de começar a fazer aulas de canto com ela, o que me enchia de felicidade pois, além de estar exercitando o canto, eu tinha o prazer de conviver com essa que sempre foi uma das minhas cantoras preferidas. Mais recentemente ainda, em agosto do ano passado, quando eu ainda estava na Terça Insana, tive a honra de dividir o palco com ela no espetáculo Terça Insana Cabaret, que criamos juntos, no qual ela fez a direção musical e nos acompanhou ao piano. Cida é uma cantora rara, que não se submete às normas do mercado, faz sua própria trajetória musical cheia de liberdade e sempre com um sentido de pesquisa de repertório que é extremamente enriquecedor. Quando ela abre seu baú de pérolas do cancioneiro nacional e internacional, não tem pra ninguém: É autoridade.
Ah! Esqueci de dizer que guardo até hoje o vinil roxo de Summertime e que, recentemente, em um show que Cida fez no Itau Cultural junto com o Arthur de Farias, eu levei o álbum e ela o autografou para mim. Escreveu: Roberto, um beijo da Cida. E, ao colocar a data, ao invés de por o ano em que estávamos, escreveu: 1981. O ano em que o disco foi lançado... Só a Cida!

3 comentários:

  1. Casualmente eu estava contigo neste show em que pediste timidamente para que ela autografasse teu vinil roxo. Depois mais tarde em outra visita que fiz pra ti a vimos cantar numa casa de shows que nao lembro o nome mas que me encantou tanto quanto da primeira vez. Um espetaculo! Bj.

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  2. gosto da cida desde quando eu era pequeno e ela era magra...rs

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