quarta-feira, 17 de setembro de 2025
PAPEL PRINCIPAL
Não, não fui contratado para protagonizar um espetáculo, filme ou série. O título do post se refere à belíssima exposição Re-Selvagem - Natureza Inventada, da artista visual francesa Eva Jospin, que visitei ontem à tarde na não menos bela Casa Bradesco. Instalada na Cidade Matarazzo, a Casa Bradesco é um complexo cultural - ou um centro de criatividade, como ela própria se define - que comporta livraria, café e lindas salas de exposição. É tudo tão bonito que a visita valeria a pena mesmo se não houvesse exposição alguma. Mas voltando à exposição, Eva Jospin transporta o visitante para um mundo paralelo (ou perpendicular) ao mesmo tempo ancestral e futurístico. Ao adentrar esse ambiente mágico de florestas e formas arquitetônicas feitas totalmente de papelão a gente se percebe transitório e perene; se dá conta das milhares de árvores, florestas inteiras que foram extintas para que todo o papel do mundo fosse fabricado; e por fim o vê (o papel) novamente transformado nas árvores e florestas que extinguiu. A exposição mexe com a nossa noção de proporção e de longevidade. Outra curiosidade: ela se impõe ao visitante com uma atmosfera de silêncio e reflexão, quase de adoração do que é visto. Como se a gente estivesse em um templo sagrado. Como se viajasse no tempo. O que é muito bem vindo, principalmente quando a gente sabe que está a uma quadra da Avenida Paulista, em plena tarde de terça-feira, entre um compromisso diário e outro e que um trânsito infernal nos espera na saída. É isso o que quis dizer ao afirmar que a exposição de Eva Jospin transporta o visitante para um mundo paralelo. E nesse mundo paralelo, criado pela artista com enorme talento e criatividade, o papelão tem papel principal, o que justifica o título da postagem. Preciso acrescentar que fiquei muito tocado pela obra. Emocionado, mesmo. Sem falar nos imensos painéis bordados em seda, linho, cânhamo e algodão que revestem as paredes de todo o andar superior, a sua "Chambre de Soie", que foi cenário para a coleção AW21 da Maison Dior... Um raro momento de plenitude e graça em meio ao caos do cotidiano é o mínimo que essa bem-vinda exposição nos proporciona. E, como se não bastasse, às terças-feiras a visita é gratuita. O que você está esperando?
Nas fotos, uma pequeníssima amostra da grandeza e beleza da exposição.
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