domingo, 31 de agosto de 2025

AGOSTO QUE FINDA

O mês de agosto que hoje finda nos levou Luis Fernando Veríssimo. Grande escritor, talento enorme, incomensurável. Humor preciso, inteligência refinada. Criador de personagens que, assim como ele, ficarão para sempre no imaginário nacional… Agosto levou também minha vontade de escrever. Esse é apenas o segundo e último post aqui no blog esse mês. Andei bastante impressionado pela leitura das obras de ficção da autora japonesa Yoko Ogawa. Comecei pelas três novelas A Piscina, Diário de Gravidez e Dormitório, como já havia contado aqui. Depois maratonei os quatro romances dela já lançados no Brasil: A Fórmula Preferida do Professor, A Polícia da Memória, O Museu do Silêncio e Hotel Íris. Todos geniais. A escritora nos revela o lado escuro da vida e do ser humano. Normalmente são situações e lugares totalmente irreais, fictícios, mas que, de tão bem descritos, a gente embarca e os aceita como reais e muito possíveis. Me fazem lembrar da canção Balada do Lado sem Luz, de Gil, gravada por Bethânia no álbum Pássaro da Manhã: “Mundo das sombras, caverna escondida onde a luz da vida foi quase apagada”… A memória, tema que me encanta, é recorrente em todas as histórias. Em A Fórmula Preferida do Professor, por exemplo, ele a perde e a recupera todos os dias por apenas oitenta minutos; em A Polícia da Memória os policiais que governam uma pequena ilha apagam progressivamente as memórias de seus habitantes; impossível não fazer um paralelo com o apagamento arquitetônico promovido pela construção civil nos bairros de São Paulo: progressivamente as casas somem dando lugar a torres que os uniformizam… Yoko Ogawa descreve com detalhes cenas de humilhação e violência a que determinados personagens se submetem que normalmente fecho os olhos para não ver em filmes e séries. Já em seus livros não consigo deixar de ler. E, mesmo me apavorando, me envolvem e revelam meus próprios lados sombrios. Quem nunca? Afinal, entrar em contato com o pior do ser humano nunca foi tão acessível como agora. Está ao alcance de um clic… O mês que finda também trouxe o aniversário do meu querido diretor, mestre e amigo Luis Artur Nunes. Comemoramos entre amigos com direito a drinks, bolo e velinha soprada pelo aniversariante em meio a muitas conversas e risadas. Cada vez mais me convenço que o bom da vida é estar entre amigos a celebrar o que quer que seja. A vida, por exemplo. O que já estaria sempre de bom tamanho… A imagem que vou guardar de Luis Fernando Veríssimo é ele meio afastado, em silêncio e com um sorriso tímido nos lábios tanto no apartamento de Paris, onde o conheci, como na casa dele em Porto Alegre. E, claro, a memória de seus textos geniais e hilariantes que tanto me inspiraram… Nas fotos, o autógrafo de LFV no livro que ganhei de presente de Mariana e Fernanda no meu aniversário de trinta anos, a bela capa de Hotel Íris e a comemoração do aniversário de Luis Artur.

2 comentários:

  1. Agosto que finda com poucos escritos mas com muitas leituras para equiparar essa balança.
    O bom da vida é, e sempre será, estar com os amigos.

    ResponderExcluir
  2. Odilon, querido! Viva a literatura e os amigos!

    ResponderExcluir