sexta-feira, 30 de maio de 2025
VUELVO AL SUR
De volta ao meu estado natal, o Rio Grande do Sul, para rever familiares e amigos e comemorar o aniversário de minha irmã Raquél… Já faz seis meses que estive aqui pela última vez. Em novembro do ano passado vim rapidamente a Porto Alegre mas, dessa vez, a viagem se estendeu a Soledade (minha terra natal) e também a Ametista do Sul, onde comemoramos o aniversário da Raquél. Minha irmã Rita, que mora nos Estados Unidos e eu não via há dez anos, veio também. Foi maravilhoso revê-la. (Antes de virmos para o sul ela ficou comigo alguns dias em São Paulo e curtimos um pouco da Pauliceia). Tudo foi muito emocionante, para dizer o mínimo. Revi Soledade, a fazenda do meu pai, meu sobrinho Henrique e sua esposa Camila, minha irmã Regina e meu cunhado Elimar e, para coroar a experiência, conheci a encantadora cidade de Ametista do Sul. Incrustrada em um vale repleto de pedreiras de ametistas, a cidade oferece inúmeras atrações culturais, gastronômicas e enológicas. Eu, que a princípio achei que teria medo de entrar em seus restaurantes e lojas subterrâneos, me surpreendi pela beleza natural dessas instalações... Em Soledade, a fazenda de meu pai, repleta de memórias da minha infância, está totalmente refeita e atualizada pela competente administração de Henrique e Camila. E minha cidade natal está bastante transformada pelo progresso que a desenvolve... Senti muito não ter tido tempo de rever meus amigos Soledadenses; mas espero poder regressar brevemente com tempo de rever a todos e, quem sabe, apresentar meu espetáculo no centro cultural de Soledade. Por falar nisso, em Porto Alegre estive com minha amiga Adriane Mottola e já acertamos a possibilidade de trazer meu solo Caio em Revista para seu teatro, o Estúdio Stravaganza, no segundo semestre. Revi alguns amigos queridos e visitei a exposição Carne, do fotógrafo Gilberto Perin, da qual faz parte uma foto minha que ele fez em 2018; também revi meu best friend fotógrafo Guto de Castro e, evidentemente, fizemos novas fotos que em breve postarei. (Numa fria manhã de outono, ele me fotografou de sunga em pleno parque da Redenção)…Volto para casa revigorado, feliz por ter voltado às minhas origens e, sobretudo, cheio de esperanças de retomar essa conexão. Que as diferenças - sejam quais forem - não ofusquem as semelhanças e identificações que nos unem a quem amamos. E que possamos caminhar juntos em direção ao bem comum da humanidade. Já deu pra perceber que desejo pouca coisa, não? Rsrsrs… Bom fim de maio a todos!
Na foto, entardecer na Fazenda Santa Rita em Soledade.
terça-feira, 20 de maio de 2025
ANDY FOREVER
Rever as obras de Andy Warhol é sempre bom e surpreendente. Esse fim de semana fui, com minha irmã Rita, visitar a exposição dele na Faap. Tirando o excesso de pessoas que lotavam as dependências da exposição, foi tudo lindo. Apreciar as obras de Warhol sempre foi e será um deleite para mim. Espécie de mago do pop, tudo o que ele tocava virava arte. Há quem discorde. Mas esses não contam para mim… Já conheço quase tudo, estive em várias exposições dele aqui no Brasil e também no exterior. Sem falar nas obras que compõem o acervo do Museu de Arte Moderna de Paris, no Beaubourg. Uma das minhas preferidas está lá: Ten Lizes. O rosto de Elizabeth Taylor reproduzido dez vezes em uma tela de fundo prateado de grandes dimensões. Adoro os desenhos que ele fez para revistas e grifes, as polaroides, os filmes em parceria com Paul Morrisey, os diários, a série da Netflix feita a partir dos diários e, sobretudo, o entourage, a galera que o cercava e que ele tratava de lançar ao estrelato. E, evidentemente, sua profecia já tornada realidade, de que todos no futuro teriam seus quinze minutos de fama… Apesar de ter me irritado com o excesso de pessoas que circulavam na exposição, não deixei de ficar contente de ver tanta gente interessada em arte. Saí de lá com a sensação de que nem tudo está perdido…
Nas fotos, as musas de Warhol Liza e Liz e Keith Haring na camiseta.
terça-feira, 6 de maio de 2025
HOMEM COM H
Me deixei levar pelo filme Homem Com H, cinebiografia de Ney Matogrosso com roteiro e direção de Esmir Filho, como quem embarca em uma viagem ao próprio passado. Como quem folheia um álbum de fotografias. Era a minha infância que eu via projetada na tela do cinema. Traduzida em sons e imagens. Logo no começo Ney aparece cantando no coral de que participava a canção Casinha Pequenina. Foi a música que toquei na minha primeira audição de piano no colégio das freiras em Soledade. Eu teria nove anos no máximo e tremia como vara verde. Mas nunca esqueci... A linda canção na voz de Ney abriu um portal sem volta para mim. O filme me abduziu. Não tenho críticas, só elogios. A interpretação de Jesuíta Barbosa encanta nos mínimos detalhes. Olhares. Gestos. Silêncios. Respirações. O personagem lhe caiu como uma luva. A direção de Esmir Filho, solar, moderna, traz à tona todas as experiências vividas por Ney de maneira intensa e, ao mesmo tempo, leve. Sobretudo gostosa de acompanhar. O roteiro é todo costurado por canções e shows que marcaram as diversas fases da carreira do cantor. Que eu, graças a Deus, tive o prazer de acompanhar. Me vi nos embates de Ney com o pai, na dificuldade que tinham de se relacionar, no carinho e proteção da mãe, no deslumbramento com que ele, ainda criança, assiste com ela à performance de Elvira Pagã no palco. Na descoberta da sexualidade, da capacidade de se expressar através da arte. Agradeço ao diretor Esmir Filho, sua homenagem a Ney Matogrosso homenageou também esse humilde fã do astro retratado no filme... E os garotos lindos que compõem o elenco? E a praia de Ipanema dos anos setenta e oitenta recriada pela direção de arte impecável de Thales Junqueira, que anima imagens imortalizadas pelas lentes de Alair Gomes? Demais para um senhor da minha idade, haja coração. Saí do cinema morrendo de vontade de voltar para assistir a tudo de novo... Ah, não deixem de prestar atenção em Augusto Trainotti, que faz Cato, o colega de Ney na aeronáutica. Ele já chamou a atenção como o soldado que acompanha a personagem de Fernanda Torres na cadeia em Ainda Estou Aqui. Além de um lindo rostinho que a câmera adora, ele tem muito talento como ator e bailarino... O primeiro show de Ney Matogrosso a que assisti foi Feitiço, no Teatro Leopoldina de Porto Alegre, em 1979. Depois perdi a conta de quantos outros assisti. O show Inclassificáveis assisti aqui em São Paulo e no Canecão, no Rio, na companhia dos saudosos Lidoka e Ezequiel Neves. Um dos que mais amei foi Beijo Bandido, no qual ele se apresentava com um terno branco cujo paletó tinha um forro de cetim vermelho. São muitas memórias ligadas a Ney Matogrosso, desde minha infância, quando ele surgiu com o Secos & Molhados sacudindo padrões e preconceitos, até os dias atuais. Graças ao amigo em comum que tivemos, o saudoso Ocimar Versolato, pude estar com Ney diversas vezes, não apenas em shows, mas tembém em festas do Ocimar e quando ele o levou para assistir à Terça Insana. Tenho uma caixa de CDs dele chamada Camaleão, com 17 álbuns de carreira e algumas raridades. Não paro de ouvir desde que voltei do cinema... O filme termina com a imagem impressionante do Ney Matogrosso atual e real se apresentando para uma plateia de milhares no show do Aliance Park aos 83 anos de idade. Mexe com a noção de passagem do tempo. Saí do cinema pensando que a transitoriedade, a impermanência das coisas e dos seres vivos pode ter diferentes extensões e durabilidades. Me lembrou uma frase do livro A Culpa é das Estrelas, de John Green, que diz: "alguns infinitos são maiores do que outros". É isso aí. Ney é infinito... Se você nunca viu rastro de cobra nem couro de lobisomem corre para o cinema pra assistir a Homem Com H.
Nas fotos, o cartaz do filme e Esmir Filho dirigindo Jesuíta Barbosa.
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