terça-feira, 9 de julho de 2024

SAMBA-CANÇÃO

Me desculpem, queridos leitores. Sei que ando ausente do blog. Crises. Pessoais. Sociais. Mundiais. Crise é o que não falta, né? Sem falar na crise da terceira idade, que venho vivendo na pele (literalmente rs)... Hoje eu quero a rosa mais linda que houver. Quero a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu bem. A verdade é que estou preso na leitura de A Noite do Meu Bem, A História e as Histórias do Samba-canção, do incomensuravelmente superlativo Ruy Castro, salve, salve. O livro - melhor seria dizer o tratado - remete a um Brasil glamurizado pelas referências do cinema americano, do jazz e dos night-clubs, nos quais a vida dos bacanas começava às sete, oito horas da noite e só acabava na manhã do dia seguinte. Nesse interregno desfilavam os maiores talentos musicais possíveis e imagináveis, gente da melhor estirpe, coisa rara nos dias de hoje. Do naipe de Dolores Duran, Dorival Caymmi, Dalva de Oliveira, Nora Ney, Dick Farney, Johny Alf, Tom Jobim, para citar apenas alguns. As boates bombavam (para usar uma expressão atual) e o Rio de Janeiro tinha tantos jornais vespertinos e matutinos que seria impossível alguém conseguir ler ou assinar todos eles. Não haveria horas suficientes no dia para tanta leitura. Bem diferente de hoje em dia, não? Mas aí já seria assunto para um outro post... O fato é que a leitura desta obra, além de me manter preso a ela, me prendeu também no álbum de Maria Bethânia chamado Recital na Boate Barroco. Ouço esse disco repetidas vezes ao longo do dia. O clima das boates de Copacabana (assunto central da obra de Ruy Castro) está todo nele representado. As letras das canções reforçam tudo o que o livro retrata. Claro que a vida segue e eu também a vivo em toda a sua plenitude de banalidades. Das mais relevantes às mais comezinhas. Vou à academia treinar, faço supermercado, pago contas, cozinho, lavo muita louça e também me propicio alguns pequenos deleites como drinks, shows e peças de teatro. (Por falar em peças de teatro, não aguento mais atores e atrizes globais falando que "os teatros estão lotados, fervendo no Rio e em São Paulo". Lotados para eles. Para os mortais que só fazem teatro eles continuam vazios). Como podem ver, de tédio não morrerei, definitivmente. Não enquanto o sistema capitalista me permitir trocar dinheiro por cultura, arte, gastronomia, turismo (cada vez menos), drinks e toda a sorte de entretenimento... Diferentemente de Dolores Duran e companhia, que morriam cedo de tanto fumar e beber noites afora, eu pretendo esticar a minha permanência por aqui. Pois, como diz o samba-canção Se o Tempo Entendesse, de Marino Pinto e Mario Rossi: "Odeio os ponteiros que correm se estamos perto, odeio os ponteiros que param se estamos longe. As horas torturam quem ama, correndo ou custando a passar. Se o tempo entendesse de amor devia parar"... Por enquanto era isso, queridos leitores. Aos poucos, se Deus quiser, vou voltando a dar as caras por aqui. Bom inverno a todos! Na foto, Dolores Duran, nossa Ammy Winehouse que morreu aos 29 aninhos de pura boemia.

2 comentários:

  1. Querido amigo, já estou na fila da livraria esperando chegar meu exemplar dessa obra. Amo sua expressão "Das mais relevantes às mais comezinhas." Assim levamos nossa vidinha.

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    1. Odilon, querido! Comezinhas é bom, né? Obrigado pelas correções, já devidamente feitas...

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