quarta-feira, 9 de junho de 2021

JUNHO POR UM TRIZ

Nem acredito que já chegamos em junho de mais um ano pandêmico e de isolamento. Pelo menos agora a esperança já me acena com a vacina, que para a minha faixa etária chegará no dia primeiro de julho. Depois de devorar o romance Cafeína, de Maurício Torres Assumpção, a que me referi no post anterior, me lancei na leitura de A História do Brasil nas Ruas de Paris, do mesmo autor. Nele saboreio as aventuras de brasileiros notáveis pela capital francesa. Dom Pedro I, Dom Pedro II, Alberto Santos Dumont, Heitor Villa-Lobos, Lúcio Costa e Oscar Niemayer tem suas passagens pela Cidade Luz descritas com riqueza de detalhes através da rica pesquisa realizada pelo autor. Com direito a lista de endereços citados e links no final de cada capítulo. Uma espécie de guia. Só que muito mais sofisticado. O que viram, o que fizeram e o quanto contribuíram para a boa imagem do nosso país no exterior. Mas eram outros tempos, né? Hoje em dia estamos por um triz. Diplomacia virou coisa do passado. Intolerância, grosseria e linguagem chula se tornaram moeda corrente. (Me lembro que achava o presidente Figueiredo grosseiro, por declarações do tipo “prendo e arrebento” ou por dizer que preferia os cavalos aos seres humanos. Comparado ao que temos agora, me dou conta de que ele era praticamente um gentleman)... Eu também ando por um triz. Tão por um triz que belos entardeceres na sacada me fazem chorar enquanto os aprecio tomando um drink. (E quando 2021 acabar virá o quê? Outro ano vazio, socialmente distanciado, com máscaras, álcool gel e sem trabalho?). Abstinência de Paris mode on. Essas leituras avivam a imagem da cidade na minha cabeça. Percorro suas ruas, cafés, teatros, museus, salões e restaurantes. Seus parques e jardins. Suas praças e bulevares. Vivo uma espécie de realidade literária, que acontece paralela à virtual e à real. Por aqui também dou minhas escapadelas de vez em quando, pelo menos para caminhar e tomar sol. Ou para andar de bicicleta. Nos Jardins ou na Liberdade. Ou nos jardins da Liberdade. Com todos os protocolos de segurança. Aliás, nesse momento nada me soa mais falso do que essa frase: Com todos os protocolos de segurança. Mas vamos em frente. Amanhã será outro dia e, para terminar citando Hemingway, o sol também se levanta... Nas fotos, o jardim japonês do Largo da Pólvora, um dos meus recantos preferidos no bairro da Liberdade, e a luxuosa edição de A História do Brasil nas Ruas de Paris.

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